Escreveu António Durão, candidato pelo Partido da Terra, nas eleições de Outubro próximo, sobre este muro o seguinte. Passo a citar:
"Visão de quem vai dentro da viatura em sentido Sul-Norte... Toda a vista de mar se perdeu. Não entendo como não continuaram a linha do muro que já vem desde o relógio, da Figueira e continua até ao Cabo Mondego. Questões de segurança? Se assim for deveria ser explicado, pois a nível paisagístico é uma nulidade!!!"
Esta vista, para quem gosta de ver sempre mais além aborrece-me.
A minha sede de conhecimento foi sempre imensa. E, precisamente, foi essa minha sede de saber, essa busca, que me tem mantido interessado e atento ao que nos rodeia.
A insatisfação, pelo menos para mim, é vital e tem alimentado a minha capacidade interventiva e inventiva.
O seu inverso levar-me-ia à desistência e ao conformaismo.
Por isso, sempre que passar por este local vou olhar para além do muro que nos puseram à frente.
Apesar da minha já venerável idade, mulher feia é o que sempre foi: ao princípio é como um muro como este.
Começa por meter medo. Contudo, como as dificuldades sempre foram para ser para ser ultrapassdas, lá se acaba por ir trepando...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
1 comentário:
Trata-se de uma obra de proteção costeira. O enrocamento colocado e o muro de betão pretendem evitar, ou pelo menos minimizar, os galgamentos de mar.
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