A "EUROPA" E A MORTE.
Não são audíveis palavras de solidariedade - pelo menos não as oiço - nem gestos, formais ou informais, pois a nossa gente, a todos os níveis, anda muito mais preocupada com a sua vidinha.
"As tragédias consecutivas que têm lugar no Mediterrâneo, às portas da mirífica Europa, dizem muito sobre a impotência em que esta "União" caiu. No meio desta catástrofe - e a antecedê-la - está um pouco de tudo: negócios, medo, esperança, cobardia. O recalcado triunfa sobre a retórica judaico-cristã que, por exemplo, o Papa fez questão de "terrenizar" indo a Lampedusa. Também lá foi a burocracia europeia de Bruxelas, encabeçada ainda por Barroso, o cretino, para nada. A verdade é que a "Europa" não sabe o que fazer com estes milhares de pessoas que sonham com ela."
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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