Não, não deve. O “relatório” não é um documento técnico, é
uma posição negocial. Mais exactamente, é aquilo a que em negociação se chama
uma “proposta escandalosa” — serve apenas para definir uma plataforma que dá
vantagens ridículas a quem inicia a conversa. Qualquer tipo que perceba destas
merdas sabe que a uma “proposta escandalosa” se responde com outra: por
exemplo, diminuir para um décimo o ordenado dos políticos, nacionalizar todo o
sistema bancário, etc. Não existe outra estratégia aceitável até que o
interlocutor aceite partir de uma base honesta para a negociação. Só um
chico-esperto propõe um “documento” daqueles. Só um pobre de espírito aceita
“discutir” um documento daqueles. Há muita gente de direita que sabe isto tão
bem como eu e devia ter vergonha, mas não tem. Pobre do partido, pobre do país
que aceitar o “debate”.
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