Normalmente, os políticos têm de si a melhor das opiniões e consideram que são injustas todas as críticas que lhes fazem.
Normalmente, os políticos pensam que todas as críticas que lhes fazem, além de injustas, são feitas de má-fé.
Os políticos não praticam a cultura democrática, que lhes permita ultrapassar normalmente todas as críticas que lhes fazem, mesmo as feitas de má-fé.
Normalmente, os políticos recusam aceitar que o poder tem um preço.
Normalmente, os políticos cedem à tentação e usam o poder de que dispõe, legal ou ilegalmente.
Normalmente, os políticos não têm cultura democrática, por isso normalmente não praticam a tolerância.
Normalmente, custa a perceber os políticos, pessoas inteligentes, a alinharem na táctica do desespero e na ideia de que o caos virá se não forem eles o poder.
Mas, afinal, normalmente, o poder serve para quê?
Normalmente, o poder deveria servir para melhorar a vida das pessoas.
Senão, não serve para nada... Que é o que, normalmente, acontece.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
Sem comentários:
Enviar um comentário