Liberdade, dólar e armas. Os trunfos de Milei para fazer da Argentina uma potência
«Apesar de reconhecer que a realidade argentina é "trágica", o vencedor da segunda volta das eleições presidenciais já começou a colocar em cima da mesa alguns dos trunfos que vai usar para recompor a conjuntura da nação da América Latina.
O presidente eleito propõe reduzir a influência do Estado ao mínimo, mostrando-se confiante de que só "um mercado livre" poderá resolver os problemas económicos e financeiros. Milei pretende adotar uma "reforma abrangente" para transformar a Argentina no "país próspero" que era no início do século XVIII, sendo que uma das principais medidas deverá passar por abolir o Banco Central. O "Estado paternalista", acredita o ultraliberal, tem sido "a causa de todos os problemas" e por isso propõe reduzi-lo ao mínimo. Para o futuro, espera-se ainda a redução do número de ministérios do Executivo para oito, a eliminação dos planos de assistência social, o corte de fundos de pensão e a introdução do dólar dos EUA como moeda nacional para combater a inflação, atualmente situada em 143%.
Dois dos ministérios que Milei prometeu fechar são os da Educação e da Saúde, que, juntamente com os do Desenvolvimento Social e do Trabalho, serão fundidos em apenas um, numa pasta que será designada de "Capital Humano", de acordo com o que está definindo no plano eleitoral. Milei propôs criar um "sistema de vouchers" e entregar o orçamento da educação aos encarregados "em vez de o ceder ao ministério" encarregue. Nesta área, também se compromete a eliminar a obrigatoriedade da educação sexual.
Na saúde, Milei ambiciona avançar para um sistema de planos de saúde, ou seja, o Estado deixa de subsidiar os hospitais e passa a financiar diretamente os cidadãos. Tendo em conta que o partido defende a proteção da criança "desde a conceção", espera-se ainda a adoção de uma lei que traga de volta a penalização da interrupção voluntária da gravidez, que é permitida no país desde 2020.
No âmbito securitário, algumas medidas almejadas por Milei também têm causado polémica. O ultraliberal tenciona estudar a redução da maioridade penal, proibir a entrada no país de estrangeiros com antecedentes criminais, promover a disseminação de armas pessoais e criar uma espécie de bolsa de órgãos humanos. Além disso, pretende equipar, treinar e fornecer tecnologia às forças de segurança para lhes devolver "autoridade profissional e moral", de modo a que possam ter "tolerância zero" com o crime.»
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