segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Primeira fase de vacinação contra a gripe iniciou-se nos centros de saúde esta segunda-feira, dia 19 de Outubro de 2020: da propaganda à realidade...

PROPAGANDA

"O Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, apresentou, em conferência de imprensa de actualização dos dados da pandemia de Covid-19 em Portugal, a campanha «Vacine-se por si, vacine-se por todos».

No dia em que começou a primeira fase de vacinação contra a gripe, pela primeira vez em setembro para minimizar a circulação simultânea do vírus da gripe sazonal e do SARS-CoV-2, o governante destacou esta campanha, que une as ordens dos Enfermeiros, Farmacêuticos e Médicos ao Ministério da Saúde, em «prol do sucesso desta campanha vacinal», agradecendo aos três bastonários pelo empenho demonstrado. 

Com o mote «Vacine-se por si, vacine-se por todos», esta campanha tem como objetivo chegar de «forma muito particular aos profissionais de saúde, cuja necessidade de proteção é este ano ainda mais necessária, mas também aos idosos, às grávidas aos doentes crónicos e a todos os que devem ser protegidos na primeira e na segunda fase da vacinação», que começa a 19 de outubro.

António Lacerda Sales destacou, ainda, que «além da vacinação nos centros de saúde este ano, cerca de 10% das vacinas reservadas à população com mais de 65 anos poderão ser administradas em 2.000 farmácias de todo o país graças também a um esforço e empenho» da Associação Nacional de Farmácias e da Associação de Farmácias de Portugal, «em regime de complementaridade ao Serviço Nacional de Saúde».

Esta primeira fase da campanha de vacinação é constituída por 335 mil doses de vacinas, que se destinam aos profissionais de saúde que prestam serviços ao público, grávidas e idosos residentes em lares.

O Secretário de Estado lembrou que Portugal vai ter dois milhões de vacinas, que chegarão em tranches, e que «as pessoas não serão vacinadas todas de uma vez, é um processo organizativo dos cuidados de saúde primários que decorrerá com serenidade até ao final do ano»."


REALIDADE
Logo de manhã, porque entendo que devem ser evitados ajuntamentos de pessoas nos centros de saúde, tentei ligar ao posto da Cova e Gala. O objectivo era simples: tentar marcar uma data e hora para me ser injectada a vacina. Chguei às 11 da manhã e, como o telefone estava sempre ocupado, desisti e dirigi-me ao poso médico.

Deparei-me com uma fila de pessoas de idade avançada, algumas com dificuldades motoras, no exterior à mercê das condições atmosféricas que o dia de hoje nos está a proporcionar.

Permaneci dentro do carro largos minutos à espera que a fila diminuísse. Quando estavam apenas duas pessoas avancei em direcção do edifício  do centro de saúde. Devo ter estado mais de 25 minutos no exterior, à espera que fossem atendidas as duas senhoras que estavam à minha frente.

Quando chegou a minha vez, ao ser atendido pela funcionária administrativa, que veio até à entrada do edifício, disse ao que ia: pretendia, dado que não consegui via telefone, que me fosse marcada a data e a hora para tomar a vacina. Considerando que não são aconselháveis ajuntamentos de pessoas, era assim que pensava que as coisas funcionariam...

Que ingénuo que eu sou!..

Disse-me, com toda a amabilidade deste mundo e arredores a funcionária: "tem de vir amanhã, a partir das 8 e meia, pois hoje já terminou o números de doses da vacina que podiam ser aplicadas".

Ingénuo como sou, ainda tentei argumentar: "minha senhora, não é possível marcar um dia e uma hora. Assim evitavam-se ajuntamentos de pessoas como recomenda o Governo?..".

A resposta deixou-me sem argumentos: "isso não está previsto: tem de vir amanhã a partir das 8 e 30 a ver se consegue ser atendido".

Os médicos do posto médico estão fechados nos gabinetes há largos meses. Os funcionários estão protegidos dentro do gabinete. Os enfermeiros idem... 

Os utentes, têm de ficar  cá fora, ao sol, ao vento ou à chuva, ainda por cima sem terem a certeza se serão atendidos...

Algo está a falhar em tudo isto... E, como tenta dizer o "nosso" primeiro, não são os utentes dos centros de saúde que são relaxados.

Eu, seguramente, em questões de saúde não sou "relaxado" senhor primeiro-ministro.

2 comentários:

CeterisParibus disse...

Partilho a tua indignação. Mas o primeiro tem razão. Somos nós utentes que perpetuamos estas situações.

Leila Duarte disse...

Assim vai este país...