Em defesa da preservação da história da Cova e Gala
Na nossa vida, há períodos para parar e pensar. Tempos de paragem. Tempos de reflexão. Tempo de olhar o passado, repensar conceitos e olhar para futuro.
Inserir e integrar o passado na realidade do presente.
Há uma luz renovada nas águas do Cabedelo, apesar do sol já ter desaparecido no horizonte. Abandono o Cabedelo, a pé pela praia já escura. Chego à Cova e recordo os palheiros que aqui existiram até meados do século passado.
Na margem sul do Mondego predominavam os extensos campos dunares que se estendiam desde a embocadura do rio, seguindo para sul pelo litoral.
As pequenas povoações piscatórias eram caracterizadas por construções primitivas de madeira, erguidas por estacaria e denominadas de palheiros.
A necessidade de não se distanciarem do mar obrigava a construções adaptadas às condições de instabilidade do terreno para vencerem a dinâmica litoral inerente à acção dos ventos e do mar.
A povoação Cova de Lavos foi um exemplo típico desse tipo de aglomerado de palheiros.
Hoje apenas denominada de Cova, a povoação lembrava uma aldeia lacustre construída sobre uma depressão dunar, em frente ao mar.
Os palheiros da Cova, disseminados por vezes em arruamentos, foram sempre de forma rectangular e chegaram a totalizar as cinco centenas de habitações.
Eram habitados por pescadores oriundos de Ílhavo e constituiram uma das formas mais características de povoamento do litoral português.
Hoje, nada resta dessa recordação...
Com o chegada do turismo e dos banhos de mar, a Cova começou a sofrer uma progressiva urbanização que a descarectizou.
As actividades piscatórias foram relegadas para segundo plano, restando, porém, ainda uma companha em actividade.
Na praia da Cova os palheiros foram substituídos por blocos de apartamentos, sem traça e caracter definidos, o que tornou a Aldeia um espaço ambíguo e sem memória.
Na Cova, sento-me num banco a olhar o mar.
Continua a ser tempo de paragem e tempo de reflexão.
O momento, este momento, é o futuro, que me é permitido viver. E imagino: e se no Cabedelo as Escolas de Surf e os bares que (dizem) lá vão instalar, recuperam-se (com o interior adaptado ao conforto dos tempos modernos) a realidade da traça exterior e a memória que foram os palheiros?
Será que esta sugestão não pode ser ainda inserida na versão final do plano de requalificação do Cabedelo? Espero que os arquitectos, que não sabemos por onde andam, aproveitem a ideia, pois isso seria defender o património cultural da freguesia de S. Pedro e a memória histórica. Mesmo que facturem mais uns milhares de euros, como trabalhos a mais...
Na imagem, para terem uma ideia, mais actual, fica um minucuoso trabalho de uma miniatura/reconstrução histórica dos palheiros, que foram durante muito tempo na Cova a única casa do povoado. Um trabalho excelente, feito com o rigor e a minúcia que é reconhecida há muito ao meu conterrâneo e Amigo Manuel Alberto Afonso.
Na nossa vida, há períodos para parar e pensar. Tempos de paragem. Tempos de reflexão. Tempo de olhar o passado, repensar conceitos e olhar para futuro.
Inserir e integrar o passado na realidade do presente.
Há uma luz renovada nas águas do Cabedelo, apesar do sol já ter desaparecido no horizonte. Abandono o Cabedelo, a pé pela praia já escura. Chego à Cova e recordo os palheiros que aqui existiram até meados do século passado.
Na margem sul do Mondego predominavam os extensos campos dunares que se estendiam desde a embocadura do rio, seguindo para sul pelo litoral.
As pequenas povoações piscatórias eram caracterizadas por construções primitivas de madeira, erguidas por estacaria e denominadas de palheiros.
A necessidade de não se distanciarem do mar obrigava a construções adaptadas às condições de instabilidade do terreno para vencerem a dinâmica litoral inerente à acção dos ventos e do mar.
A povoação Cova de Lavos foi um exemplo típico desse tipo de aglomerado de palheiros.
Hoje apenas denominada de Cova, a povoação lembrava uma aldeia lacustre construída sobre uma depressão dunar, em frente ao mar.
Os palheiros da Cova, disseminados por vezes em arruamentos, foram sempre de forma rectangular e chegaram a totalizar as cinco centenas de habitações.
Eram habitados por pescadores oriundos de Ílhavo e constituiram uma das formas mais características de povoamento do litoral português.
Hoje, nada resta dessa recordação...
Com o chegada do turismo e dos banhos de mar, a Cova começou a sofrer uma progressiva urbanização que a descarectizou.
As actividades piscatórias foram relegadas para segundo plano, restando, porém, ainda uma companha em actividade.
Na praia da Cova os palheiros foram substituídos por blocos de apartamentos, sem traça e caracter definidos, o que tornou a Aldeia um espaço ambíguo e sem memória.
Na Cova, sento-me num banco a olhar o mar.
Continua a ser tempo de paragem e tempo de reflexão.
O momento, este momento, é o futuro, que me é permitido viver. E imagino: e se no Cabedelo as Escolas de Surf e os bares que (dizem) lá vão instalar, recuperam-se (com o interior adaptado ao conforto dos tempos modernos) a realidade da traça exterior e a memória que foram os palheiros?
Será que esta sugestão não pode ser ainda inserida na versão final do plano de requalificação do Cabedelo? Espero que os arquitectos, que não sabemos por onde andam, aproveitem a ideia, pois isso seria defender o património cultural da freguesia de S. Pedro e a memória histórica. Mesmo que facturem mais uns milhares de euros, como trabalhos a mais...
Na imagem, para terem uma ideia, mais actual, fica um minucuoso trabalho de uma miniatura/reconstrução histórica dos palheiros, que foram durante muito tempo na Cova a única casa do povoado. Um trabalho excelente, feito com o rigor e a minúcia que é reconhecida há muito ao meu conterrâneo e Amigo Manuel Alberto Afonso.
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