"...Passos Coelho não foi de férias sem lançar avisos sobre a recapitalização da Caixa. E fê-lo com a mesma convicção com que anunciou a vinda do diabo em Setembro. Se a Direcção-Geral da Concorrência, o organismo da Comissão Europeia que decide se a injecção de capital na Caixa é ou não ajuda do Estado, for favorável a Portugal, Passos volta a ficar sem discurso, como aconteceu com as sanções. O líder do PSD continua sem se conseguir libertar do fato de primeiro-ministro e essa incapacidade está a aprisionar o PSD numa faixa institucional demasiado estreita, cerceando-lhe a amplitude de movimentos e, sobretudo, a procura de novas soluções capazes de lidar com o novo modelo de poder engendrado por António Costa. Em perda nas sondagens e nitidamente ineficaz nesta pele, que não é a sua, o tempo do PSD de Passos vai-se esgotando."
Público
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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