É óptimo ter fotos (memórias) para poder de novo passear por esses lugares lindos, que foram agradáveis e que não se apagarão de mim - e, espero, de vós.
Há quem ache bom, de vez em quando, voltar aos lugares de sempre...
Olhar, recordar, voltar a ver... E sorrir. Ou não! Eu continuo a sorrir.
Entretanto, apesar da recordação, virei essa página.
É verdade, que fez parte do meu percurso de vida.
Concordo e aceito, que reviver o passado através do presente, é uma forma de aprofundarmos as nossas raízes!
Mas, para mim, isso é apenas passado...
Este querer reviver pode ser salutar, já que nos transmite o sinal que esse tempo passado foi bem agradável.
As cicatrizes têm o condão de demonstrar que o passado foi real.
Impossível, portanto, viver sem ele.
Contudo, pelo menos para mim, voltar a ser é impossível...
Espero que me entendam.
Prefiro a recordação.
É que, do meu ponto de vista, na verdade, somos um todo não desligável em que os diversos compartimentos não são estanques.
O meu desejo mais profundo é que tenham tido um bom e salutar convívio.
Eu estive aí, com felicidade e alegria, mas da forma que escolhi: em pensamento.
Experimentar aquilo a que os ingleses chamam “historical sense” e os franceses “déjà vu”, é algo que, neste caso concreto, já não me atrai.
É verdade que, de tempos a tempos,continuo a gostar de ouvir o som de uma melodia do passado...
Dentro do que fui - e sou depositário -, julgo conter em mim próprio uma parte imensa de recordações e fundo, de lembranças, de memórias.
O GAU, para mim, passados todos estes anos, é a memória de uma ideia.
Mas, uma ideia especial.
Uma ideia colectiva que teve acção.
É assim que o quero recordar.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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