“Por cá, Abril durou pouco. Foi um devaneio de poetas. Um desvario de tresloucados. Uma minoria residual, quase todos comunistas, aliás.”
Estamos em pré-campanha eleitoral... A 5 de Junho teremos eleições.
Presumo, que da escolha dos portugueses irá formar-se um Governo. Esse Governo, seja ele qual for, e as hipóteses não são muitas, vai ser mais do mesmo.
As previsões do FMI assustam.
Tal como o Fernando, “que inveja que eu tenho da Islândia.
Por lá, o povo não vive fascinado com o olho azul do senhor do FMI que veio de longe para lucrar 580 milhões a ajudar os pobrezinhos.
Por lá, os imbecis não são operacionais da revolução. O povo de lá faz a revolução sem capitães. Deve ser por isso que, por lá, a revolução não é uma revolta de caserna; não se parece com um levantamento de rancho. A revolução na Islândia não é uma imbecilidade castrense. Trata-se de uma coisa mais serena; mais elevada.
Por lá, os corruptos não são reeleitos depois de levarem o país à bancarrota.
Na Islândia, os ineptos, os corruptos e os imbecis não são inimputáveis.”
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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