foto sacada daquiLi no Cova d´oiro, este post, com o qual concordo inteiramente.
Eu próprio, no Outra Margem, num post publicado no passado dia 14 do corrente, que titulei, tal como este, apenas com a palavra “Haiti”, não coloquei propositadamente qualquer imagem, limitei-me a transcrever palavras de FERNANDO NOBRE.
A cobertura do terramoto, tal como tudo em televisão nos dias de hoje, virou espectáculo sensacionalista. Que dizer daquelas imagens obscenas que nos entram pela casa dentro e que são repetidas até à exaustão?
Acostumados a esperar lamúrias e lágrimas fáceis de sobreviventes de algumas tragédias que vão acontecendo por aqui, os repórteres, no terreno, e os editores, no estúdio, não têm, quanto a mim, conseguido ver e passar o essencial: os sintomas de estoicismo nos habitantes de um país onde o pior parece ser uma sina.
A tragédia haitiana é tão grande, tão grande que só nos resta respeitar o sofrimento deste povo e homenagear a sua resistência.
Contudo, temos a obrigação de estar atentos e exigir um plano de recuperação do Haiti, que vá muito, mas muito além da caridadezinha e do espectáculo de solidariedade formal.
O calvário haitiano, exige que o resto do mundo faça o que desde o final da Segunda Guerra Mundial nunca mais foi feito: reconstruir um país desde os alicerces.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
Sem comentários:
Enviar um comentário