“Aquele que não consegue ver-se a si próprio talvez afinal não exista” – escreveu esta frase Baltazar Gracián no século XVII.
O nosso mundo, o nosso pequeno mundo, o mundo de cada um de nós, não passa, afinal, de uma soma de expectativas, medos, surpresas, frustrações e memórias.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
2 comentários:
Amigo
O plantador de naus a haver,
E ouve um silêncio múrmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver.
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho obscuro,
É o som presente desse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.
e se somos nós próprios que construímos o nosso mundo, a nossa realidade sempre subjectiva, então estamos bem feitos ao bife se não tevermos olhos para isso.
mas dos nossos olhos também fazem parte os olhos dos outros. e também nos conseguimos ver através deles.
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