O mar numa tarde plúmbea e o areal deserto.
Maio já vai avançado, mas na praia, nem um corpo, nem um rosto, ninguém a mergulhar nas ondas. O areal é um deserto.
Apenas a areia molhada da água doce. Hoje choveu.
Fica-me a sensação, que uma gaivota, do ar, em voo planado sobre a minha cabeça, nota a tristeza.
A abertura da época balnear está para breve. Mas o mau tempo parece estar para ficar.
Pelo menos nos próximos dias.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
2 comentários:
Em Portugal chove desde o 25 de abril de 1974 para uns. E nem uma gota para outros.
Aqui já choveu. A semana passada a chuva caiu incansavelmente. Agora o sol brilha, mas ainda não "dá para aquecer a alma."
Beijinhos
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