Por Manuel Molinos
"Mais do que dirigir-se às suas tropas, o almirante Gouveia e Melo pretendeu falar ao país. Quem manda sou eu, eu é que decido, não admito tentativas de insubordinação, de desobediência, de indisciplina.
Se o barco está podre, mas navega, então navegue-se.
Esta é a conclusão que se pode retirar das intervenções públicas do chefe do Estado-Maior da Armada a propósito do caso dos quatro sargentos e nove praças que se recusaram a embarcar numa missão de acompanhamento de um navio russo, por considerarem que não existiam condições de segurança para a efetuar.
Independentemente da legitimidade da reprimenda aos militares e do evidente exercício da sua autoridade, resta saber se esta postura contribui mais para a unidade e confiança militar ou mais para uma possível candidatura presidencial.
É evidente que as palavras duras do almirante, assim como a decisão rápida de afastar aqueles militares da guarnição onde estavam inseridos, caem bem na maioria da opinião pública portuguesa, numa altura em que o país assiste ao descontrolo de vários setores vitais da sociedade, que navegam à vista, como a saúde, a educação, os transportes, a habitação, entre outros.
Mas mais importante do que uma ensaboadela pública aos seus marinheiros, não era pior saber em que estado está de facto a frota da Marinha. Olhos nos olhos, tal como Gouveia e Melo fez ao puxar as orelhas aos seus militares. É que há denúncias de um cemitério de corvetas, fragatas e navios inoperacionais há muito tempo. Além de motores avariados, peças danificadas, etc. E o Governo anunciou que vai gastar 39 milhões de euros em reparações. Dinheiro que é de todos os portugueses."
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