terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Inovação

«A Finlândia não é virgem em testar formas alternativas à típica semana de trabalho. Até ao início do ano passado esteve em vigor uma experiência onde um grupo de pessoas recebia um rendimento mínimo universal, que foi concluída precisamente há um ano. A nova primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin – que surgiu nas notícias por ter apenas 34 anos -, tem planos para introduzir uma semana de trabalho de quatro dias ou, então, seis horas por dia de trabalho.
“Acredito que as pessoas merecem passar mais tempo com as suas famílias e os seus amigos, ocupados com hobbies ou a dar atenção a outros aspetos da vida, como a cultura. Este poderia ser o próximo passo para nós na vida profissional”, explicou Sanna Marin, ainda antes de ser primeira-ministra.
Há também o registo de uma organização australiana que, seguindo indicações de alguns estudos, percebeu que um dia útil de seis horas de trabalho obriga os funcionários a eliminar atividades menos produtivas como enviar e-mails inúteis, participar em reuniões alongadas e simplesmente “passear” pela internet. O The Guardian noticia ainda que há empresas britânicas que mudaram a sua semana para quatro dias, onde se incluem a Elektra Lighting, Think Productive e a Portcullis Legals. Existem estudos recentes a dar força à possível medida. Uma investigação de uma organização britânica chamada TUC (Trades Union Congress) constatou que 45% dos funcionários desejam ter uma semana de quatro dias de trabalho e outro estudo da Henley Business School indica que 77% dos trabalhadores admitem que uma semana de quatro dias iria melhorar a sua qualidade de vida. Também existem argumentos relacionados com a sustentabilidade, com estudos a indicar que uma semana mais curta de trabalho leva a um corte significativo da pegada de carbono, já que reduz as deslocações. Há ainda o exemplo da cidade de Gotemburgo, na Suécia, que testou um dia de seis horas para algumas enfermeiras, registando que elas se tornaram mais saudáveis, felizes e enérgicas no trabalho. No entanto, a medida foi abandonada por acarretar mais custos para a gestão interna dos hospitais. Apesar do desejo de actual primeira-ministra ter gerado elogios, também têm havido críticas, inclusive de políticos de outros países: o eurodeputado britânico Daniel Hannan apelidou a ideia de “louca” e indica mesmo num artigo de opinião do final do ano que há muitas pessoas que não desejam trabalhar semanas de quatro dias. O país nórdico tem mostrado ser adepto de regras de trabalho flexíveis nas últimas décadas e, em 1996, adoptou mesmo o chamado Pacto das Horas de Trabalho que dá à maioria dos funcionários o direito de ajustar as suas horas de trabalho, iniciando ou terminando o dia até três horas mais cedo ou mais tarde. Portugal parece estar muito longe desta iniciativa nórdica. De acordo com um indicador do Eurostat, Portugal está entre os países com maior número de horas efectivamente trabalhadas por semana em 2018. O registo inclui as horas extraordinárias e aponta para uma média de 40,8 horas em Portugal em 2018 e de 40,2 horas em média na União Europeia, o que consiste em pouco menos do dobro do que se poderá aplicar na Finlândia, que será um total de 24 horas por semana.»
Via dinheiro vivo

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