segunda-feira, 15 de abril de 2019

A democracia e a “outra senhora”...


Paulo Pinto, no facebook: "Cá por casa, na arrumação da biblioteca, de vez em quando encontro algumas coisas interessantes. Afinal no tempo da ”outra senhora” já havia inaugurações."

28 de Setembro de 1962 - Jornal Diário Popular

 
 

Não acredito  que o Paulo pense que em democracia há só virtudes.  A democracia é um regime onde a escolha dos governantes assenta em poucas ideias e escassos princípios. Os cidadãos são iguais em condição e estatuto. Tal implica, “uma pessoa um voto”. Em princípio é assim: temos eleições regulares e livres, com liberdade de associação e de expressão. Os vencedores governam, os que perdem são oposição e as maiorias respeitam as minorias.

Mas será que a honestidade e tolerância fazem parte da democracia. Deviam fazer. Mas, penso que todos conhecemos a realidade, por exemplo na Figueira. Eficiência e dedicação à causa pública, temos? Devia haver, mas todos conhecemos a realidade que nos rodeia... E solidariedade , respeito pelos outros e fraternidade, existem?

Claro que não, mas a culpa também é nossa. Para termos uma democracia minimamente decente, teríamos de  lutar pelos nossos direitos, sem esquecer os deveres.
Oportunismo e infâmia, havia no tempo da "outra senhora" e existe em democracia. A democracia que temos - e a Figueira é um bom exemplo disso - é um sistema político de inferior qualidade.  Mas não é a democracia que deve ser  colocada em causa. Quem devemos questionar é  os partidos, os dirigentes, os sindicatos, os empresários, os intelectuais - no fundo, nós todos.
Estamos em ano eleitoral. E em anos eleitorais a falta de qualidade da nossa democracia torna-se ainda mais visível. Vem à tona, tudo o que não serve na política democrática: populismo, propaganda, insulto, denúncia, intriga, delação, caça ao voto, oportunismo e demagogia. Isso, seria bom para a democracia, se essa visibilidade dos defeitos contribuísse para os corrigir. Mas não é assim:  os trambiqueiros, oportunistas e os aldrabões, costumam ser os vencedores.
Este 2019, ano eleitoral, já nos trouxe  coisas positivas. O Governo ofereceu benefícios, como os passes sociais para os transportes e o descongelamento de alguns vencimentos.
Está a ser  também uma excelente oportunidade para a oposição denunciar a demagogia eleitoral. E, este ano eleitoral, está a servir  para desvendar as histórias das famílias nos cargos políticos. O que aliás não é nada de novo, desde há mais ou menos quarenta anos.
A democracia não é a culpada. É o sistema político, é o caldo de cultura em que nos habituámos a viver, são os partidos e os dirigentes políticos. Democracia, tal como ditadura,  não implica seriedade, honestidade e isenção.
Existe, porém, uma diferença: a democracia  não evita nem proíbe o oportunismo, o eleitoralismo ou a propaganda demagógica. Mas permite que queira lutar contra isto, combata. 
A maior virtude da democracia, passa pela possibilidade de corrigir e melhorar. De lutar contra a imperfeição. E de castigar quem se aproveita ou destrói a democracia. Nas ditaduras não é bem assim.

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