Paulo Pinto, no facebook: "Cá por casa, na arrumação da biblioteca,
de vez em quando encontro algumas coisas interessantes. Afinal no tempo da
”outra senhora” já havia inaugurações."
28 de Setembro de 1962 - Jornal Diário Popular
28 de Setembro de 1962 - Jornal Diário Popular
Não acredito que o Paulo pense
que em democracia há só virtudes. A
democracia é um regime onde a escolha dos governantes assenta em poucas
ideias e escassos princípios. Os cidadãos são iguais em condição e estatuto.
Tal implica, “uma pessoa um voto”. Em princípio é assim: temos eleições
regulares e livres, com liberdade de associação e de expressão. Os vencedores
governam, os que perdem são oposição e as maiorias respeitam as minorias.
Mas será que a honestidade e tolerância fazem parte da democracia. Deviam
fazer. Mas, penso que todos conhecemos a realidade, por exemplo na Figueira.
Eficiência e dedicação à causa pública, temos? Devia haver, mas todos conhecemos
a realidade que nos rodeia... E solidariedade , respeito pelos outros e
fraternidade, existem?
Claro que não, mas a culpa também é nossa. Para termos uma democracia minimamente decente, teríamos
de lutar pelos nossos direitos, sem
esquecer os deveres.
Oportunismo e infâmia, havia no tempo da "outra senhora" e
existe em democracia. A democracia que temos - e a Figueira é um bom exemplo
disso - é um sistema político de inferior qualidade. Mas não é a democracia que deve ser colocada em causa. Quem devemos questionar
é os partidos, os dirigentes, os
sindicatos, os empresários, os intelectuais - no fundo, nós todos.
Estamos em ano eleitoral. E em anos eleitorais a falta de qualidade da
nossa democracia torna-se ainda mais visível. Vem à tona, tudo o que não serve na
política democrática: populismo, propaganda, insulto, denúncia, intriga, delação, caça
ao voto, oportunismo e demagogia. Isso, seria bom para a democracia, se essa
visibilidade dos defeitos contribuísse para os corrigir. Mas não é assim: os trambiqueiros, oportunistas e os aldrabões, costumam ser
os vencedores.
Este 2019, ano eleitoral, já nos trouxe
coisas positivas. O Governo ofereceu benefícios, como os passes sociais
para os transportes e o descongelamento de alguns vencimentos.
Está a ser também uma excelente
oportunidade para a oposição denunciar a demagogia eleitoral. E, este ano
eleitoral, está a servir para desvendar
as histórias das famílias nos cargos políticos. O que aliás não
é nada de novo, desde há mais ou menos quarenta anos.
A democracia não é a culpada. É o sistema político, é o caldo de cultura
em que nos habituámos a viver, são os partidos e os dirigentes políticos.
Democracia, tal como ditadura, não
implica seriedade, honestidade e isenção.
Existe, porém, uma diferença: a democracia não evita nem proíbe o oportunismo, o
eleitoralismo ou a propaganda demagógica. Mas permite que queira lutar contra
isto, combata.
A maior virtude da democracia, passa pela possibilidade de corrigir e melhorar. De lutar contra a imperfeição. E de
castigar quem se aproveita ou destrói a democracia. Nas ditaduras não é bem
assim.
Sem comentários:
Enviar um comentário