"Andamos há anos a penar, a pagar e a minguar pelo défice orçamental.
É por ele que pagamos mais impostos (por ele e pela dívida, que é um somatório de défices anuais), é por causa dele que se corta despesa na Saúde, na Educação, na Cultura, em tudo. Mas depois, quando um défice é revisto, dizem-nos que não, que é passado, que é só contabilidade, coisa de estatística, matemática driblada.
Hoje o défice de 2014 passou de 4,5% para 7,2%.
E depois?"
PEDRO SANTOS GUERREIRO
Em tempo.
Quando pronuncio a palavra Futuro
a primeira sílaba já pertence ao passado.
Quando pronuncio a palavra Silêncio,
destruo-o.
Quando pronuncio a palavra Nada,
crio algo que não cabe em nenhum não-ser.
Wislawa Szymborska, poetisa polaca (1923-2012)
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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