"Os empresários estão preocupados com a situação do país (os empresários nunca estão preocupados consigo, mas com o país) e querem "rever as bases da competitividade, nomeadamente os custos da mão-de-obra" e correr menos riscos para "contratar e despedir pessoas". Que empresários são estes que querem ter lucro sem correr riscos? E ser "competitivos" pagando menos e exigindo mais aos seus trabalhadores? É sabido que Portugal é um dos países da Europa onde se trabalha mais e onde os custos laborais são mais baixos. E sucessivos estudos internacionais demonstram que a baixa produtividade das empresas portuguesas resulta sobretudo da má qualidade da gestão e do deficiente planeamento e organização do trabalho. Aqui, porém, os nossos empresários assobiam patrioticamente para o lado."
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
1 comentário:
Estes empresários ainda não lhes tocou no coração a magia do Zeca Afonso,são os tais vampiros.
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