“PARE, ESCUTE, OLHE” é uma viagem por um Portugal profundo e esquecido, conduzida pela voz soberana de um povo inconformado, maior vítima de promessas incumpridas dos que juraram defender a terra. Esses partiram com o comboio, impunes. O povo ficou, isolado, no único distrito do país sem um único quilómetro de auto-estrada."
O documentário «Pare, Escute, Olhe», de Jorge Pelicano, foi o grande vencedor da 7.ª edição do festival internacional de cinema DocLisboa, tendo arrecadado dois prémios na competição portuguesa: Melhor Longa-Metragem e Melhor Montagem, e ainda o Prémio Escolas.
O mesmo documentário de Jorge Pelicano ganhou também o principal troféu do Festival Internacional de Cinema Ambiente de Seia, o Grande Prémio do Ambiente, atribuído pelo Júri Internacional, o Grande Prémio da Lusofonia e o Prémio Especial da Juventude, arrecadando assim três Campânulas de Ouro, o troféu deste festival.
Concluído este ano, «Pare, Escute e Olhe» constitui uma reflexão sobre o despovoamento e a desertificação provocados pelo encerramento progressivo da linha ferroviária do Tua, que liga Bragança a Mirandela.
Na oportunidade, o realizador sublinhou que mais importante ainda do que os prémios foi «o facto de este filme ter mexido um pouco com as pessoas».
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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