"Esta democracia é uma miséria. Esta democracia é uma desgraça," ouvimos dizer por todo o lado.
Convém, contudo, não esquecer: nós todos, por acção, ou por inacção, também temos culpa.
A campanha eleitoral, que hoje termina, foi o que foi.
Má. Péssima. Um nojo.
Não teve política, luta ideológica, esclarecimento.
Quem anda na rua, e fala com as pessoas, verifica que a esmagadora maioria dos portugueses critica tudo e todos.
Mas, este estado pré-comatoso em que nos encontramos, não é uma fatalidade.
Domingo, temos uma excelente oportunidade para colectivamente demonstrarmos o nosso descontentamento, indo votar.
A abstenção, apenas demonstrará que as pessoas, por comodismo, se estão “nas tintas” para tudo.
Tomar posição, é ir à urna e exercer o direito de voto. Se não se concordar com nenhum projecto dos partidos e coligações, então que se vote em branco.
Desse modo, sim, fica patente o descontentamento.
Por mim, ninguém vai decidir.
Domingo, lá estarei a votar.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
2 comentários:
Exactamente!
Devia ser OBRIGATÓRIO votar.
Quem não votasse devia pagar multa, ou apresentar o justificativo que impediu um dos mais importantes actos de cidadania!
O voto é um direito. Não uma obrigação.
Nas principais democracias representativas o voto é, sempre, facultativo.
O exercício da cidadania é um direito fundamental do cidadão numa democracia representativa, como é Portugal.
O exercício da cidadania é que leva à maturidade política.
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