segunda-feira, 3 de abril de 2023

50 anos depois, o silenciamento na comunicação social do arranque das comemorações do 3º. Congresso da Oposição Democrática realizado em Aveiro em abril de 1973...

Entre os dias 4 e 8 os abril de 1973, realizou-se em Aveiro, o 3º Congresso da Oposição Democrática. 
Nele colaboraram oposicionistas de diferentes gerações e tendências, incluindo militares que um ano depois viriam a participar na Revolução dos Cravos. 
O 3º Congresso da Oposição Democrática, realizado em Aveiro entre 4 e 8 de Abril de 1973, com a participação de 4 000 antifascistas, contribuiu para a queda do regime fascista e colonialista que, durante 48 anos, governou Portugal e foi um factor de consciencialização para os oficiais das Forças Armadas.

Citando Manuel Loff, historiador e professor universitário, actual deputado pelo PCP, no passado dia 30 Março 2023, na Assembleia da República: "Nem a democracia cai do céu - e a portuguesa não caiu mesmo do céu -, nem as ditaduras caem por vontade própria em elegantes processos de desistência e omissão. Toda a história está feita de luta por direitos, de resistência à opressão e à exploração e a todas as formas de violência com as quais se pretende impor uma e outra. Foi essa resistência que retirou todo o espaço de sobrevivência à ditadura salazarista na sua versão marcelista, foi a resistência que, ao combater ativamente as injustiças sociais, a discriminação sem pudor das mulheres, ao combater a opressão política, ao denunciar a violência exercida sobre o povo português, mas especialmente sobre os povos africanos e asiáticos submetidos à dominação colonial, criou as condições para que um movimento militar democrático, o MFA, pudesse fazer cair praticamente sem resistência a ditadura.
Se há democracia em Portugal desde 1974, ela deve-se a quem resistiu e a quem resiste. Sempre. De forma permanente. Sem desistir. E aqui, srs e sras deputadas, não posso, não podemos, deixar de sublinhar o papel central que a História reconhece ao PCP e à sua persistência e resistência à repressão na luta contra a ditadura e pela democracia cujas portas o 25 de Abril abriu e que a Constituição de 1976 veio a consagrar e institucionalizar. Não foi só ele – longe disso – que resistiu e ajudou a resistir. Mas nenhum outro movimento político que lutou pela democracia se manteve ativo, e pagou com o corpo dos seus militantes o preço da repressão, como o PCP se manteve.
Mário Sacramento, o antifascista batalhador que os congressistas de Aveiro 1973 quiseram homenagear, deixara escrito em 1967, numa espécie de testamento político, o apelo a que “Aprendam[os] com os erros do passado. (…) Façam o mundo melhor, ouviram? Não me obriguem a voltar cá!”, escreveu. 
Não o obriguemos a voltar."

No passado sábado, dia 1 de Abril de 2023, meio século depois, foi comemorado em Aveiro o 3º Congresso da Oposição Democrática de 1973. 50 anos depois do 3º Congresso da Oposição Democratica, a cidade de Aveiro recebeu  muitos democratas para, numa comemoração de âmbito nacional, assinalarem o 50º aniversário da efeméride.
Esta foi a primeira iniciativa da URAP, das muitas que com outras associações, instituições e os portugueses em geral vai realizar, até 2024, para comemorar os 50 anos da Revolução de Abril. 
A sessão evocativa, teve lugar no Auditório do Centro de Cultura e Congressos de Aveiro.
Os oradores foram: Jaime Machado, do núcleo de Aveiro e do Conselho Nacional da URAP; Carla Sousa, jovem trabalhadora e sindicalista; José Pedro Soares, coordenador da URAP e ex-preso político; Vítor Dias, congressista em 1973 e do Conselho Nacional da URAP; Alberto Arons de Carvalho, congressista em 1973; Ana Sofia Ferreira, historiadora, professora na Faculdade de Letras do Porto; Comandante Simões Teles, militar de Abril. 
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Deram conta de alguma notícia destas comemorações nas televisões ou noutros órgãos de informação?

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