Uma comunicação social livre, exigente, isenta e plural é uma das condições fundamentais para existir democracia.
À relevância do papel social de produção e publicação de notícias deve corresponder a mesma dose de responsabilidade e exigência no tratamento noticioso da realidade que é, necessariamente, construída pela própria noticia.
Na Figueira, num período em que nos aproximamos de eleições autárquicas, a responsabilidade sobre os temas tratados não deve existir apenas no plano da justa distribuição de tempo pelas várias candidaturas, ideias e opções politicas que se apresentam perante o sufrágio dos cidadãos: a semântica reveste-se igualmente de uma importância crucial no tratamento noticioso.
Neste sentido, torna-se manifestamente inaceitável os órgãos de comunicação social continuem a reproduzir, displicentemente, a ideia de que a qualidade de vida não passa de um slogan de propaganda política, optando assim, implicitamente, pela aceitação acrítica deste conceito.
Sabemos, não ainda pelos programas dos partidos que concorrem a eleições, que existem diferentes abordagens, interpretações e propostas de solução para a qualidade de vida dos figueirenses.
São estas perspetivas que estarão sob escrutínio dos eleitores no dia 26 de Setembro.
Ao assumir acriticamente o slogan “qualidade de vida”, a comunicação social interfere no processo plural de debate de ideias, contribuindo para que, neste processo eleitoral autárquico, um slogan partidário se sobreponha à discussão das ideias.
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