António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
quarta-feira, 26 de agosto de 2020
Silvina Queiroz, via Diário as Beiras
«Socorri-me do Priberam, dicionário de L.P. na sua segunda opção para o adjectivo “moderno”: “Que tem ou contém progressos da ciência e da tecnologia”! A nossa cidade e o nosso concelho podem inscrever-se nesta explicitação? Acho mesmo que não, absolutamente não! Somos detentores de belezas incríveis, um património natural invejável. O construído tem peças lindas e muitas infelizmente já desaparecidas, na senda da descaracterização a que temos assistido e que já referi por aqui.
As populações são afáveis e acolhedoras, dando assim “uma mãozinha” valiosa à legítima ambição turística da nossa terra linda … mas moderna a Figueira da Foz não é! Como pode ser moderna, evoluída, “acompanhando os gostos, ideias ou gostos do tempo actual”, ( de novo o Priberam)? Certamente não. Como pode ser moderno um concelho e uma cidade que não têm uma eficiente rede de transportes, rodoviários e ferroviários? Como, se alguém que chegue antes da noite de comboio vindo de Coimbra, já não tem um autocarro que o leve a casa? Isto para não falar das necessidades ao longo do dia, dentro dos perímetros urbano e periurbano, sem uma resposta capaz, aliás sem resposta praticamente alguma.
Uma cidade que perdeu a sua ligação a Lisboa, por via da desvalorização macabra da Linha do Oeste e do desaparecimento do serviço Intercidades e que viu largamente dificultada a sua ligação a Aveiro e ao Porto.
E Coimbra, sem a tão almejada e necessária duplicação da via que tarda em acontecer, apesar das promessas do Governo da Nação em apostar forte na ferrovia? E Salamanca? Já foi, ficou muito, muito distante com o “assassinato” a frio da Linha da Pampilhosa!
E as populações que esta linha servia e que ficaram “orfãs”? Para a modernidade contribuiriam decerto uma oferta de emprego mais de acordo com a dimensão do parque industrial do concelho e os seus 63 000 habitantes. Contribuiria para esse desiderato uma revitalização do comércio local, especialmente na zona antiga da cidade. Preservava-se a proximidade e a tradição que nunca foram adversárias do progresso e da desejada modernidade. Esperemos!»
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