Há músicas que parecem eternas, como se o tempo não passasse por elas.
Assim acontece com esta Lágrima, escrita por Amália Rodrigues.
Lágrima é, também, um disco de Amália Rodrigues, gravado em 1983. É um dos últimos discos da sua carreira, e como tal, um documento essencial do fado. Lágrima consagrou Amália como uma lenda do fado em todo o mundo, recebendo diversas certificações de vendas, ao vender mais de 1,2 milhão de cópias a nível mundial em poucos meses.
Interpreada pela voz sedutora de Dulce Pontes, mantém a frescura e a originalidade, como se tivesse sido escrita hoje.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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