Nunca, como ontem, os portugueses tiveram tantas razões para estarem de bem com a vida e gozarem com uma intensidade despreocupada o dia!
Até eu, que sou contido, venho aqui exibir uma certa felicidade que me contagiou.
Porém, tive a sorte de ter aprendido o que devia ver além da realidade, isto é, além daquilo que nos é permitido que vejamos...
E, graças a isso, tenho tido a felicidade de ter conseguido alguns momentos fantásticos!
Como ontem, por exemplo!
Num só dia, Portugal teve um Secretário Geral da ONU e um Bola de Ouro!
E a cereja em cima do bolo: um PR e um PM, imensamente felizes!
Portugal, ontem, vá lá saber-se porquê, lembrou-me uma velha virgem, que é aquela mulher que viveu já muitos Natais, mas nenhuma Noite Feliz!
Que saudades já começo a ter do Portugal pessimista!
Pelo menos, o pessimista vive sempre feliz: quando acerta e quando erra.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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