Teotónio Cavaco, ontem no jornal AS BEIRAS.
"De facto, as palavras nem sempre significam o mesmo ao longo do tempo, nem sempre denominam a mesma coisa em geografias e contextos culturais diversos, e, por isso mesmo, temos de as saber usar. Certamente muitos dos que hoje se têm pronunciado contra o populismo corarão ao saber que os populistas russos das décadas de 1860 e 1870 foram inspiradores do Comunismo (o termo deriva aliás da expressão “ir para o povo”), ou que estes movimentos se opõem aos partidos políticos tradicionais, mostrando-se, na praxis ou na retórica, muito combativos perante as elites dominantes e opressoras.
De facto, ser populista é apelar à simpatia do povo (os sem acesso aos privilégios sociais, culturais, económicos ou políticos), para construir o seu poder, denunciando constantemente os males que encarnam as classes privilegiadas, na tentativa de dar voz e de redimir os humildes. E se por populismo entendermos então as propostas de construir o poder a partir da participação popular e da inclusão social?! Não quereremos ser todos populistas?!"
Nota de rodapé.
Colunista prevenido, vale por dois: ao escrever com palavras leves e doces, o novo colunista das segundas-feiras do jornal AS BEIRAS, mostra ser um Homem com capacidade de prevenir alguma surpresa desagradável no futuro.
Mais vale prevenir que remediar: na política nunca se sabe que "botas se pode ter de calçar", em breve.
Por isso, entretanto, as palavras querem-se leves e doces, pois nunca sabemos quando temos de as engolir, como aconteceu recentemente com outros que, depois da escrita nos jornais, passaram para a política executiva, pura e dura...
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