“Faço parte dos muitos que gostavam de Eusébio e não nutriam
simpatias especiais por Saramago, mas os sentimentos de simpatia não podem
iludir a realidade e não é pelo facto de as massas serem mais dadas a ver
chutos na bola do que a ler os livros do prémio Nobel que devemos valorizar o
primeiro em relação ao segundo.
Eusébio tinha um dom físico natural e a importância do
futebol à escala nacional e internacional deu-lhe uma importância e
protagonismo que outros dotados não têm. Acresce a isso a personalidade bondosa
de Eusébio e a sua dedicação em décadas a Portugal e ao seu clube.
Mas de um Presidente da Republica espera-se mais do que de
um vulgar fã do futebol e é impossível não comparar o comportamento de Cavaco
Silva aquando da morte de Saramago e a forma como se aproveitou da morte de
Eusébio para aliviar a sua pobre imagem política.
Enfim, tanto Eusébio como Saramago mereciam melhor, muito
melhor do que este provincianismo cheio de ódios e oportunismos, mereciam ser
tratados com classe e com a dignidade que a dimensão de ambos exigia.”
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