"Às vezes fico a pensar em como seria o mundo sem países corruptos. Ou, pelo menos, o que seria dos corruptos de todos os países sem países como a Suiça, onde eles sentem o saque a salvo.
E não posso deixar de concluir que bela revolução seria uma que começasse por arrasar a selectiva, higiénica, ordeira, civilizada, pontualíssima e altaneira Suiça, com os seus quatro minaretes. E os seus milhares de cofres-fortes, repletos do dinheiro sujo de todos os países corrompidos do mundo.
Essa sim, seria uma revolução a sério. Mas certamente os jornais chamar-lhe-iam atentado."
Via o sítio dos desenhos
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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