Na nossa Terra, cada um pinta a casa conforme lhe dá “na real gana”.
Noutras regiões do País, porém, como no Alentejo, o branco é a cor dominante.
A alvura das paredes mais parece uma obsessão, lá pelo sul do País.
Todavia, ao contrário do que, porventura, se julgue, a casa caiada de branco, como imagem de marca do Alentejo, não é uma tradição assim tão antiga.
Na realidade, esta agora, digamos assim, “tradição”, nasceu a partir de uma imposição do chamado Estado Novo, “como parte do programa ideológico de criação de uma iconografia e imaginário regional”, que era uma visão simplista de cada região cumprir o seu papel na definição da identidade nacional determinada pelo regime salazarista.
No Alentejo, para impor o branco, alegou-se a tradição islâmica, o que, em parte, até é verdade, ao mesmo tempo que se sustentava o princípio de que o branco era mais higiénico.
Esta norma, historicamente, data de 1937, com a implementação do Regulamento da Construção Urbana de Évora.
Ironia do destino, ou talvez não: nos dias de hoje, mais precisamente, depois do 25 de Abril de 1974, uma imposição salazarista, acabou por ser fortemente incrementada e apoiada, ao ponto de virar tradição, na região onde o poder local tem ainda algum pendor comunista.
São as próprias autarquias locais a suportar financeiramente o custo da matéria prima. A mão de obra para a caiação, fica, quase sempre, por conta das mulheres, que vêm nisso o prolongamento das suas tarefas caseiras.
2 comentários:
É cada invenção.
Depois os alunos gostam mais da playsation do que dos professores e da escola.
Gostei...
O Alentejo mais do que uma planice, é um sentimento, é um estado de alma, penso que apenas os Alentejanos são capazes de viver o ser Alentejano
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