sábado, 18 de novembro de 2017

O importante é que nos conheçamos, que tenhamos interiorizado aquilo que é verdadeiramente importante para nós

"O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa."
Eduardo Galeano


Foto sacada daqui
O corpo é um empréstimo que pagamos com a vida. 
Percebi isso muito melhor na passada segunda-feira.
Levantei-me cedo, como todos os dias. Mas, nesse dia havia um compromisso horário a cumprir, o que nesta altura da minha vida é coisa rara: pelas oito horas da manhã tinha de estar no Hospital da Figueira da Foz para um pequeno acto cirúrgico.
Pensava que era ir e voltar...
Contudo, por vezes temos surpresas: apanhei um susto e tive de permanecer no Hospital, onde fui magnificamente tratado, até ontem à tarde.
A Figueira, como é óbvio não tem tudo mal: entre aquilo de que os figueirenses devem ter orgulho, está o seu Hospital. Simplesmente magnífico.

O corpo é um empréstimo que pagamos com a vida. 
O que importa, neste momento,  é esquecer isso. 
O esquecimento reabre a oportunidade de poder continuar sem muitas preocupações. 
As preocupações inibem, complicam e atrasam a vida. 
Para mim, passou o tempo de antropologia. 
Também já não é tempo de ressaca ou porquês. 
A recuperação navega em bom ritmo.

O corpo é um empréstimo que pagamos com a vida. 
Portanto,  o despojamento com que sempre vivi, vai continuar a ser forma única de resistência. 
A Liberdade é uma coisa séria. 
Na Figueira, há muita incompreensão por quem é diferente e gosta de viver marginalmente.
Os que preferem permanecer no cárcere, mimoseiam  quem ousa desobedecer ao politicamente correcto com nomes carinhosos. Por exemplo, bimbos, miseravéis e loucos. 

Como dá para verificar, na Figueira, a Liberdade passou a ter outros nomes.
Continuarei como sempre: "Serei tudo o que disserem/ por inveja ou negação:/ cabeçudo dromedário/ fogueira de exibição/ teorema corolário/ poema de mão em mão/ lãzudo publicitário/ malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!"
No fundo, e isso é o que verdadeiramente me interessa, depois deste percalço, vou continuar a tratar bem o corpo, pois só desta maneira é possível que ele me dure uma vida inteira.

aF293

Via o sítio dos desenhos

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Errar, é dar uma prova de vida...

Cada vez dou mais importância às pequenas coisas!
Sabia que a Figueira tem quase tudo?
Até tem "uns comentadores de lupanar"!..

Nota de rodapé.
Citando Woody Allen.
"É curioso que se chame de sexo oral uma prática que o que menos se pode fazer é falar." 

No País do faz de conta, fazem-se jornais para quem não gosta de ler!..

Há muito tempo que não lia jornais em papel. 
Esta semana, porém, devido a uma hospitalização, para estar informado, li quase todos. 
A saber: Público, Diário de Notícias, Jornal de Notícias e, até, passei os olhos pelo Correio da Manhã.
Via Aventarfiquei a saber que "Marcelo falou na crise dos jornais como se não soubesse o que se passa."
E a explicação bem podem ser esta, que constatei esta semana.
"Mistério? Não. É que, dado o perfil das pessoas que ainda compram jornais, é natural que os compradores-leitores, sejam quais forem as suas opções políticas, tenham critérios de exigência de qualidade que nenhum – rigorosamente nenhum – jornal português minimamente satisfaz. Os poucos colaboradores de qualidade que ainda por eles andam são cada vez mais insuficientes para legitimar/compensar os desmandos. É que a maioria dos jornais, hoje, pretende dirigir-se a leitores que…não lêem. Nem jornais nem outras letras."

Mesmo um anjinho, como eu, percebe que quem governa o concelho é João Ataíde e que a oposição é uma miséria...

Depois de dois mandatos a ignorar a importância que a autarquia poderia ter na promoção do desenvolvimento concelhio, quem gere a câmara figueirense tem agora um desafio para enfrentar.
Seria interessante que o senhor  presidente da autarquia, em vez de andar a cercear o debate político, com reuniões à porta fechada, por exemplo,  explicasse aos cidadãos figueirenses, como encara o futuro da cidade cujo desenvolvimento lhe cabe promover. 
Que ideias tem, com que recursos conta, o que pretende fazer?
Mas é também tempo para a oposição reflectir: como é possível que uma equipa tão incompetente consiga, oito anos depois de nada ter para apresentar de relevante e estrutural, além da bandeira da dívida, cuja história verdadeira, aliás, há-de um dia ser contada, ganhar as eleições  com uma maioria absolutíssima? 
Os abusos, os almoços, os jantares e a manipulação eleitoral da miséria económica e cultural não dá para explicar tudo.
A oposição perdeu,  porque também não foi suficientemente competente e os partidos devem reflectir sobre se escolheram bem os candidatos, se a forma como funcionam internamente é entendida pelos eleitores, se os seus modelos se adequam aos desejos da população. 
É bom e urgente que o façam, sob pena de dentro de quatro anos voltarem a perder...

Recordando Andreas Ding, um Pastor Evangélico que fez muito pela juventude da Cova e Gala

Para ler melhor clicar na imagem
O pastor Andreas Ding, nasceu em Pforzheim (Alemanha), estudou teologia no seu país natal e foi ordenado no ministério pastoral em 1995 pela Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal (IEPP), onde exerceu funções até 2008. 
O Pastor Andreas Ding dirigiu a comunidade da Igreja Evangélica Figueirense durante 12 anos. 
Fez parte da Direcção do Centro Social da Cova e Gala, no princípio do século XXI, onde o conheci e fui seu colega de duas Direcções que tinham o Pastor João Neto como Presidente. 
A partir de 2008, juntou-se à Fliedner Foundation como capelão da escola, mas em agosto de 2009, entrou numa comunidade monástica luterana chamada Christusbrudershaft (Irmandade de Cristo), onde serviu até ao dia da sua morte, que ocorreu em 16 de Agosto de 2014. 
Era um Homem de uma cultura enorme, mas também de acção, como o demonstra este "Projecto Esperança", de que foi o principal obreiro.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Pedro Cruz: “Detesto o politicamente correto, não tenho feitio para isso e falo dos assuntos sem pinças”.

Há pessoas que gostam de uma certa exposição... 
Outras, como é o caso do Pedro Agostinho Cruz, nem por isso. 
Quem o conhece bem sabe que  prefere observar. 
Não por simples curiosidade, mas para tentar perceber como as pessoas agem, sem as tentar julgar. 
Observar... Apenas! Com discrição e reserva.
Deu uma interessante entrevista ao Figueira na Hora (eu sei que sou suspeito...) que pode ser lida clicando aqui.

Com a devida vénia respigo a pergunta final de Jorge Lemos: "que diferença existe do Pedro de há 10 anos e o Pedro de hoje?"
A resposta foi esta.
"Bem, aos 19 anos já andava com uma máquina fotográfica na mão. Já conhecia e lidava com o stress diário dos jornais e redacções.
Eu sei que é parvo, mas passados 10 anos continuo a achar que posso mudar o mundo com as minhas fotografias.
Continuo a fazer o que gosto, como gosto e tenho a sorte de algumas pessoas gostarem.
Continuo a acreditar que posso fazer coisas boas a partir da minha cidade. Hoje, vejo que há gente que caminha também nessa estrada e isso deixa-me satisfeito.
Para concluir, continuo a dormir descansado e isso nos dias de hoje é um privilégio."

Depois de ler a entrevista do Pedro Agostinho Cruz, um jovem de 29 anos de idade, interroguei-me...
Que tipo de vida levamos?
Quem nos leva a levar este tipo de vida? 
A quem aproveita?
Passamos a vida a trabalhar: trabalhamos, trabalhamos, trabalhamos para que possamos ultrapassar as necessidades que nos criam. 
Aqueles óculos fantásticos; aquele relógio magnífico que dá horas certas como outro qualquer; aquela T-Shirt capaz de nos fazer sentirmo-nos nós; o popó dos nossos sonhos que nos leva rapidamente ao engarrafamento; aquela casa que será nossa ao fim de 30 anos e que nessa altura não valerá um centavo, tendo pago por ela, em suaves prestações, mais do dobro do seu preço; aquele telemóvel, descartável dentro de 6 meses, que até fala para as estrelas; aquelas férias paradisíacas que acabam em tormento, mas que sempre se podem contar aos amigos; aqueles sapatos com um design atraente que não duram mais que uma estação; um PC com múltiplas funções, continuando a usar as que já dominávamos; e a net sem fios, em que se pode navegar até no café...

Tudo isto, nos dias de hoje, é o que nos distingue uns dos outros.
E, nós, não só os jovens, vaidosos, desfrutamos de todas estas vantagens, que não são mais que necessidades artificiais criadas, para que uma vez consumidas, não possamos abdicar delas. 
O sistema funciona na perfeição. 
O dinheiro não chega? Qual o problema? Recorre-se à banca, que são uns estabelecimentos muito simples, que vendem dinheiro, com garantias reais como é de bom tom, e nos ajudam a colmatar o deficit para que o status se mantenha. 
Corre tudo sobre rodas porque somos números que se podem introduzir num sistema informático, com os devidos alertas, quando a luz vermelha se acende.

E viver? Alguém pensa em viver? E sentimentos? Que valor têm eles na nossa sociedade avançada?
Foi essa a diferença de visão que mais me chamou a atenção nesta entrevista do Pedro Agostinho Cruz.
"Não tenho medo de estar exposto, ser criticado, ou seja lá o que for. A minha forma de estar é assim.
Detesto o politicamente correto, não tenho feitio para isso e falo dos assuntos sem pinças.
Eu sei que tenho uma relação muito especial com os fotógrafos da cidade, mas ainda não percebi porquê, confesso.
Faz-me confusão a passividade e a falta do olhar deles sobre temas que exigem de nós, que nos fazem crescer a todos os níveis. Temos de assumir posições, responsabilidades, etc.
Claro que é mais fácil e cómodo alimentar a nossa quintinha da comunidade virtual com fotografias bonitas que possam ser traduzidas em likes ou seguidores. Opções!.."

É isso mesmo: opções.
É preciso saber o que queremos para nós e para os outros. As opções são cada vez mais claras e necessárias! Não nos podemos refugiar na impotência...

A tradição, na Figueira, continua a ser o que sempre foi: há vivos que estão mortos...

"Foi empossada a nova administração da Figueira Domus."

Nota de rodapé
Resta desejar bom trabalho.
A necessidade e o engenho conseguem, por vezes,  autênticos milagres.

O outono continua bonito na minha terra. Logo que possa, vou voltar a apreciar este "sol"...

O vinho licoroso “Sol engarrafado”, que entre as décadas de 50 e 70 do século passado pôs o nome da Figueira da Foz nas bocas do mundo, está de volta, através do armazenista e distribuir de bebidas local Dapaval.
O regresso tem hora, dia e local: 17H00 do próximo sábado no Casino Figueira e insere-se na segunda edição do evento Figueira Doce Figueira, organizado pela Associação Figueira com Sabor a Mar.

Via AS BEIRAS

Deputada Ana Oliveira questiona Ministro da Saúde...


Intervenção no debate, na especialidade, das propostas de Orçamento do Estado e Grandes Opções do Plano para 2018 da deputada figueirense eleita por Coimbra na lista do PSD.
Para ver e ouvir, clicar aqui.

Perdoem o regresso

A penitência, nas nossas vidas,  é um extra...
Clarificando: a penitência é um sinal próprio de uma sociedade débil e amorfa como a figueirense.
Para quê, por conseguinte,  aborrecermos  com a profundidade dos problemas e grau de exigência, quem ocupa funções na gestão da causa pública?
Aproveitemos mas é o milagre outonal que nos continua a trazer esplendorosos raios de sol e vivamos com a certeza de que continuam a gozar connosco, mas sem que de tal constatação retiremos consequências.
Depois de alguns dias de retiro, por razões de força maior, vou continuar...
Com calma, pois ainda estou em regime hospitalar...
Não sei o que se tem passado pela Aldeia, mas presumo que tudo esteja a andar sobre rodas.
Aproveitemos, pois os milagres deste outono, sobretudo o bom tempo, e continuemos a assobiar para o lado...
Embora devagar estou de regresso...
Para já, fica um pedido de desculpas antecipado aos que já pensavam que se tinham visto livre de mim, pelo meu  regresso, que, espero, não demore muito: é só o corpo o permitir. O espírito, continua o mesmo de sempre.
Com esta minha estadia no hospital, comprovei aquilo que já sabia: se quer saber quantos amigos você tem, dê uma festa. Se quer saber a QUALIDADE deles, fique doente.
Comprovei que além de um rico homem, sou um homem rico: tenho muitos amigos e de QUALIDADE.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

"A generosidade democrática do PS na Assembleia Municipal"...

"O PS abdicou de um lugar na Comissão Permanente da Assembleia Municipal da Figueira da Foz a favor do BE, que, caso contrário, ficaria sem representação, tendo em conta a percentagem de votos obtida nas eleições autárquicas de 1 de outubro último. 
Assim, os socialistas têm seis elementos, o PSD três, a CDU um e os bloquistas um
A generosidade democrática socialista manifestada aos bloquistas poderá não ter sido um acto isolado e espontâneo surgido na reunião de líderes da assembleia municipal. O PS e o BE, recorde-se, formaram “geringonças” para os executivos das freguesias de Buarcos e São Julião e Marinha das Ondas, autarquias onde o partido da rosa renovou o mandato sem maioria absoluta
João Portugal foi eleito, por unanimidade, líder dos socialistas na Assembleia Municipal da Figueira da Foz. O PS tem 27 deputados (15 directos e 12 presidentes de junta, que têm assento naquele órgão por inerência de funções).
Teotónio Cavaco, do PSD, também se submeteu a votos junto dos seus pares, tendo sido eleito com oito votos a favor, um contra e uma abstenção.
A CDU reparte a liderança entre as duas eleitas para a assembleia, Silvina Queiroz e Adelaide Gonçalves. 
O BE, por sua vez, só pode contar com Cristopher Oliveira, uma vez que só elegeu um deputado. 
A assembleia municipal conta ainda com o independente Carlos Batata, presidente da Junta do Bom Sucesso." 

Via AS BEIRAS

O "alternativo diabólico"...

Toda a gente que conheço (eu incluído), necessita de ter algo a que se sinta ligado, duma maneira dupla. 
Precisa de depender desse algo e, ao mesmo tempo, precisa que isso não seja autónomo dele, ou seja, que  dependa de dele. 
É esta dualidade de sentimentos que intensifica os afectos de que necessitamos para ir sobrevivendo.

O alternativo, que regista e realça o mau que há nos outros, não tem de ser  necessariamente bom. 
Eu, se fosse destes, sabia que tinha, pela menos, um dom. 
De certeza que não convencia  (ou convencia pouco...), porque, nesta altura, não dá para se acreditar apenas no que um fulano diz. 
Contudo, conseguia certamente entrar em concorrência aos que  vão  proferindo disparates de envergadura monumental.  

domingo, 12 de novembro de 2017

Somos animais de hábitos: quando algo impede a sua habitual manifestação, tem de se fazer soar a campainha de alarme...

Ao cuidado da vereadora do desporto: "não há casas de banho para o público no campo de treinos" 
- Via Valdemar Salvaterra

Subserviência em política...

Subserviência mais comum: é a que aceita servilmente as directrizes do mais forte, na convicção de que quanto mais se identificar com ele maiores são as hipóteses de beneficiar de um tratamento de favor. 
É a lógica do “bom aluno”, no sentido mais pejorativo do conceito. 
É a covardia política levada ao seu expoente máximo.

Nota de rodapé.
Eu sei que o Eça está velho (morreu há cento e dezassete anos. Uma pessoa devia voltar-se para trás, para a estante, retirar um Eça e ler. Se não tiver um à mão — é uma vergonha...) e eu também não me ando a sentir lá muito bem. 
Mas, não resisto a citá-lo, mais uma vez...
 “O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Já não se crê na honestidade dos homens públicos. O povo está na miséria. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. O tédio invadiu as almas. A ruína económica cresce. O comércio definha. A indústria enfraquece. O salário diminui. O Estado tem que ser considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo”.

Coluna Social...


"Os difíceis mas muito bem tratados greens da Curia, receberam mais uma prova a contar para a OM do clube figueirense, com a presença de três dezenas de jogadores. Curioso o facto dos dois primeiros lugares das duas tabelas, terem sido ocupados pelos mesmos jogadores, o figueirense David Cavaco e o conimbricense Marco Rosmaninho. Em gross, o David obteve 28 pontos contra os 26 do Marco e em net ambos obtiveram 35 pontos, sorrindo a vitória ao David em virtude da melhor 2ª volta. Na tabela real, foram seguidos pelo Arsénio Almeida, Fernando Pimentel e Filipe Rigueira todos com 25, enquanto que na abonada, os lugares seguintes foram ocupados pelo Amílcar Almeida e Mário Abrantes também com 35." 

Nota de rodapé.
Não tenho nada a favor do futebol. Não tenho nada contra o ténis e o golfe.
Que isto fique bem clarificado.
Apenas constato que há pequenas curiosidades que nos dão um prazer imenso. 
São gostos que ninguém nos pode tirar. 
Os Trabalhadores gostam de jogat futebol.
Os Directores gostam de jogar ténis.
Os Administradores (incluindo presidentes de câmara) gostam de jogar golfe.
Resumindo: 
Quanto mais se sobe na hierarquia social, mais  pequenas são as bolas utilizadas na prática desportiva...

os anjinhos caídos

A verdade é que Rui Duarte pode não ser nenhum anjo e pode nem sequer ter caído, excepto em tentação. Isto é, ele pode ser simplesmente um típico português, um homem comum, um figueirense de lineu: alguém que, muito prosaicamente, sem ingenuidade nem inocência, prefere um penacho na mão do que outro a voar. Fiz-lhe o retrato, quase-robot porque é um caso-tipo, para o meu Album Figueirense, embora os anjinhos caídos desta estória sejam outros.

Mas a estória foi assim: cansado de se ver sempre relegado para segundo plano por um ex-pescador reformado e semi-analfabeto, o arquitecto Rui Duarte terá decidido avançar - tornando pública a vontade de se candidatar à Junta - contra o preferido pelo aparelho do seu partido. Este, receando perder uma eleição onde os votos se dispersariam por duas candidaturas irmãs, resolveu a coisa de uma penachada: oferecendo-lhe uma sinecura numa empresa camarária em troca da desistência da candidatura (uma saída de sendeiro, mas para cima). Perante isto, Duarte fechou a boca e agarrou o penacho com as mãos ambas - o homem comum, como dizia Sir Herbert Read, "não assalta a bastilha onde a beleza está em clausura. Tem senso prático, como se costuma dizer"

É aqui que entram as altas expectactivas. A ascenção de Duarte (nada ilusória, muito real, meu caro Agostinho) foi, certamente, a sua queda – apenas em tentação - mas foi sobretudo a queda dos “muitos” que queriam ver nele mais do que um figueirinhas comum a fazer pla vidinha. Cairam abrupta, brutal, aparatosamente, desamparados na real - os anjinhos. A moral desta estória é que existem mesmo anjinhos caídos. E são socialistas; e figueirinhas, claro. Mas nenhum deles é o nóvel administrador da Figueira-Domus.

Daqui