segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Imóvel Municipal demolido em Quiaios

 Via Diário as Beiras


Adelino Cunha, jornalista, investigador e profesor universitário, trabalhou no gabinete de José Relvas, no governo de Passos Coelho, escreve livros sobre comunistas

 Foto Reinaldo Rodrigues/Global Imagens
Adelino Cunha é autor de seis livros, quatro sobre a história do PCP. Recentemente publicou
Para Que Serve o PCP? Os Anos da Fundação.
Numa interessante entrevista ao Diário de Notícias, que vale a pena ler na íntegra, este jornalista e profesor universitário, que trabalhou no gabinete de José Relvas, no governo de Passos Coelho, (o XIX Governo Constitucional) durante 11 meses e escreve livros sobre comunistas, considera que  "as pessoas não fizeram nenhum esforço para entender a posição do PCP sobre a guerra da Ucrânia. 
As pessoas estão a dispensar os políticos, os jornalistas, os historiadores, para apurar o que se passa e o que se passou. Há muito tempo a esta parte há uma coisificação do espaço público. Assistimos a isso sobre a Ucrânia e também sobre a guerra de Israel em Gaza. As ideologias deixaram de ser suficientes para explicar o mundo. Como é que um partido político que tem uma visão e interpretação da história e é forjado nela pode explicar a sua narrativa nesse novo ambiente de perda de sentido coletivo. Esse fenómeno é uma das principais dificuldades do PCP, que tem uma ideologia e quer fazer o debate num mundo totalmente fragmentado e dividido em bolhas, numa sociedade de pessoas irritadas em que se perde esta dimensão coletiva.
Quando dizem que as redes sociais e a internet vieram democratizar, é absolutamente falso. Criaram bolhas que estabelecem uma interpretação da verdade e que criam um determinado contexto. Não há pluralismo, o que há é um fechamento do debate. O que eu quis foi contribuir para o aumento da pluralidade na discussão. Apenas quis introduzir contexto histórico. Dir-me-ão, isso acabou por dar uma perspetiva diferente das posições dominantes e dar alguma luz sobre as opiniões divergentes, como as do PCP? Admito que sim.
Não é minha a culpa de que as pessoas não leram, nem estudaram, nem fizeram nenhum esforço para entender a posição do PCP sobre a guerra da Ucrânia.
Mais adiante Adelino Cunha, sobre os fundamentos ideológicos do PCP, diz: "não cedeu ao eurocomunismo. Um partido com mais de 100 anos de história é um partido que existe num tempo longo, não pode ser interpretado sistematicamente neste tempo imediato das redes sociais. Nós temos que o analisar como algo que nasce em determinadas circunstâncias e mantém uma identidade. Mesmo quando o PCP tem de "divergir", digamos assim, fá-lo por razões da sua portugalidade. É o caso quando -- em tempos da teoria da coexistência pacífica na União Soviética -- o partido português defendia um levantamento popular armado em Portugal. Essa divergência existe para expressar as condições próprias da situação portuguesa e mostra a convicção de Álvaro Cunhal que é possível uma revolução em Portugal para derrubar o fascismo. Nessa altura, o PCP desafia Moscovo, ao negar a aplicação da coexistência pacífica a Portugal, não aceitando esvaziar a luta de classes. Álvaro Cunhal, embora esteja num partido pequeno e periférico, era altamente prestigiado e considerado no movimento comunista internacional. É por isso que consegue impor a sua visão sobre o derrube do fascismo em Portugal em tempos em que o Partido Comunista da União Soviética falava da necessidade de uma coexistência pacífica entre dois blocos. Isso rompe com a ideia de que o PCP esteve sempre alinhado com Moscovo. Esteve alinhado nas questões internacionais, mas, quando se tratou de derrubar o fascismo em Portugal, o PCP foi bastante claro e seguiu apenas as convicções dos comunistas portugueses".

domingo, 19 de novembro de 2023

Morreu Sara Tavares

"A cantora Sara Tavares, diagnosticada há mais de 10 anos com um tumor no cérebro, morreu este domingo, com 45 anos." 

Figueira, uma cidade de mar. E rio...

O Dia Nacional do Mar, foi comemorado na Figueira da Foz com o programa que publicamos.
Posso estar enganado, mas pareceu-me que o acontecimento passou ao lado das preocupações da maioria dos figueirenses.
O Mar português, para quem os portugueses tanto olham no verão, é uma enorme riqueza potencial, que quem tem mandado em Portugal nas últimas décadas tem desconhecido.
"O Mar, é o maior recurso do País e da cidade!
Foi o Mar que definiu parte da vocação económica da nossa cidade. Hoje já grande parte dos autarcas, felizmente, tem uma maior consciência da necessidade da dinamização económica das vilas e cidades e duma estruturação adequada do seu tecido económico. Adequada quero dizer adaptada às condições naturais e populacionais dos seus territórios, pois “ricos” não são apenas os que tem recursos naturais, mas sim os que os sabem explorar."

A economia do mar (essa descoberta mais ou menos recente dos políticos. Há 13 anos, houve um presidente da câmara da Figueira da Foz, que quando apareceu na política veio falar numa coisa – a famosa Aldeia do Mar, lembram-se, que nunca ninguém verdadeiramente soube o que era) deveria ser há muito uma prioridade nacional.
Todavia, infelizmente,  isso  não tem passado  de retórica política para entreter e caçar o voto à plebe em época de eleições.
E, no entanto,  o sector merecia outro olhar e outra atenção dos governantes.

Lembre-se:  o valor económico das actividades ligadas ao mar consideradas na economia portuguesa ronda os 2% do PIB e emprega directa e indirectamente cerca de 100 mil pessoas.
O que muitos agora chamam de hypercluster da Economia do Mar, tem de deixar de ser apenas  uma frase pomposa, para passar a ser uma força catalisadora, capaz de organizar e dinamizar um conjunto de sectores com elevado potencial de crescimento e inovação e capacidade para atraírem recursos e investimentos de qualidade, nomeadamente externos.

A Figueira tem potencial neste sector. Mas, neste momento, o sector da pesca está  asfixiado e vive dias difíceis na nossa cidade.
Basta passar pelo porto de pesca e ver o número irrisório de unidades de pesca que utilizam o nosso porto, comparativamente com anos atrás. E a causa é bem fácil de explicar, basta falar com os homens do mar: a barra está a afastar os pescadores, pois está cada vez mais insegura e perigosa. Se alguém duvida disto é fácil de o tirar a limpo – basta falar com os homens do mar.  “A barra nunca esteve tão má para nós” – é o que de certeza vão ouvir da boca dos pescadores, que são aqueles que a conhecem melhor do que ninguém.
Seria necessário e  justo,  que quem anda a pensar na estratégia portuária, aqui pela Figueira, tivesse sempre a pesca em grande conta, pois o potencial está cá -  e continua bem vivo e presente, no seio das comunidades piscatórias locais.

Café com história

A BRASILEIRA DO CHIADO: 118 ANOS DE HISTÓRIAS, MEMÓRIAS E UM PAÍS A FERVILHAR

"Completa hoje 118 anos. Foi a 19 de Novembro de 1905, que no Chiado, num espaço que antes tivera sido uma camisaria, que havia de nascer um dos palcos mais icónicos da capital portuguesa. Nela muito se conspirou, aqui se delinearam combates políticos (como os revolucionários na instauração da República, em 1910), e claro, Almada Negreiros ou Fernando Pessoa, que nunca a dispensaram, tornando-a num ícone do Chiado, que, mais de um século depois ainda continua a ter no café o seu maior legado e sucesso.



Quem é turista, vai lá direitinho. Mas quem é português ou lisboeta, sabe que não ir à Brasileira do Chiado é quase como que uma infâmia na cronologia da vida.


A Brasileira não é só um nome, carrega consigo muitas outras histórias, atravessou épocas, muitos Governos e momentos decisivos do País. Palco maior de políticos, escritores, artistas é um espaço ímpar que, em 2023, continua a avivar as memórias e os sabores dos que nela não prescindem de lá passar. 


Criada por Adriano Telles, um ex-emigrante português no Brasil, que naquele país casou com a filha de um dos maiores produtores de café da região de Minas Gerais, voltou a Portugal e iniciou então o caminho para o sucesso dando o mote a uma casa que ainda hoje resiste.



Espaço verdadeiramente icónico da cidade de Lisboa, com uma arquitetura extraordinária, é um dos locais mais emblemáticos do Chiado, e continua a ser a imagem de um Portugal secular e ao mesmo tempo moderno, que nos aquece a memória histórica e nos agita a consciência futura.

Curiosidade: os óculos de Pessoa

Para os que não sabem, os icónicos óculos de Fernando Pessoa, e que já usava no tempo em que escreveu a ‘Mensagem’ (uma das suas mais soberbas obras), foram adquiridos em leilão à família do poeta, e estão em exposição n’A Brasileira do Chiado, ao dispor de todos os que visitam o espaço."




Nota: A Brasileira faz parte actualmente do Grupo ‘O Valor do Tempo’.


Fotos: A Brasileira

PCP pede que se perca menos tempo "em tricas" e mais a responder aos problemas

«O secretário-geral do PCP pediu hoje que se perca menos tempo "em tricas" institucionais e mais na resposta aos problemas da população, considerando "uma falácia" a ideia de que um Governo em gestão não pode agir.

Numa conferência de imprensa de apresentação das conclusões da reunião deste sábado do Comité Central do PCP, em Lisboa, Paulo Raimundo foi questionado sobre as palavras do primeiro-ministro, António Costa, que considerou que o Presidente da República teve falta de "bom senso" ao decidir dissolver o parlamento, considerando que foi uma opção "totalmente despropositada e desnecessária"

Na resposta, o secretário-geral do PCP referiu que, apesar de o país estar numa crise política, a vida "das pessoas está em crise há muitos meses" e destacou que a decisão do Presidente da República está tomada e não suscita "nenhuma dúvida". "Talvez o melhor seja aproveitar este tempo que temos - ainda temos algum tempo - não para perder tempo em tricas, mas sim para perder tempo na resolução dos problemas das pessoas", defendeu. 

Paulo Raimundo deu o exemplo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), salientando que "cada minuto" que se perde "a falar sobre esses conflitos institucionais" é menos um minuto que se gasta a tentar resolver os problemas na saúde.

"Era preciso concentrarmos todas as forças que existem para resolver agora os problemas com que estamos confrontados, de respeito pelos profissionais, pelos utentes, falta de capacidade de dar resposta aos utentes do SNS", sublinhou. Questionado sobre o facto de o ministro da Saúde ter convocado uma nova ronda de negociações com os sindicatos dos médicos para esta semana, Paulo Raimundo considerou que Manuel Pizarro "fez bem". "Fez mal foi em ter desmarcado a anterior e andar há 19 meses a esta parte a enrolar as negociações e, ao mesmo tempo que anda a enrolar, vai paulatinamente desmantelando o SNS", criticou. 

Apesar de esperar que se chegue a acordo nessas negociações, Paulo Raimundo disse, "com uma certa mágoa", que não acredita que isso venha a acontecer.»

Teatro: mais uma noite memorável em Tavarede

A Sala do SIT, que estava encerrada desde a tempestade Leslie, que ocorreu em  2018, reabriu com lotação esgotada.
Foi levada à cena "1904", uma peça que é a história de quase 120 anos de Teatro na Sociedade Instrução Tavarense e, ao mesmo tempo, (mais) um tributo a José da Silva Ribeiro, um Homem do Povo, do Teatro e do Jornalismo, que quis fazer sempre mais e melhor pela Cultura da sua Terra.
A foto é uma amabilidade de João Miguel Amorim, a quem aproveito para agradecer.

Deputados socialistas eleitos por Coimbra apoiam Pedro Nuno Santos

 "A candidatura de Pedro Nuno Santos ao cargo de secretário-geral do PS afirma ter o apoio de 79 dos 120 deputados socialistas, entre os quais a maioria dos eleitos pelo círculo eleitoral de Coimbra. Dos seis deputados, apenas Marta Temido ainda não revelou quem é o candidato que apoia."

Afixado, para mais tarde recordar...

"Nunca revelei, por mim ou por heterónimos nos jornais, as conversas com o PR"

sábado, 18 de novembro de 2023

Santana Lopes convidou eleitos locais a visitarem o Paço de Maiorca limpo

 Via Município da Figueira da Foz

"O presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes, conduziu na manhã deste sábado, 18 de novembro, uma comitiva composta por eleitos locais de vários quadrantes políticos, técnicos e chefias municipais numa visita de avaliação ao Paço de Maiorca. O objetivo foi revelar a atual situação do edifício e dar início ao debate sobre as possíveis soluções para revitalizar este importante património histórico-cultural do município.

O Paço enfrenta agora a expectativa de um futuro renovado, à medida se que têm início as reflexões sobre os caminhos a seguir para a sua preservação e reabilitação.
“O propósito de estarmos todos aqui é de juntos, participarmos e ajudarmos na decisão sobre o que fazer de agora em diante, porque é uma decisão dificílima a vários níveis. São várias as opções que se colocam, dentro das dificuldades que todas ela tem”, enfatizou Santana Lopes.
Previamente à visita ao imóvel, foram visualizados dois vídeos. Um, que deu a conhecer a situação do edifício ao ano de 2008 - quando foi celebrado o contrato de exploração turística com a empresa hoteleira que acabou por abandonar a obra. O outro, de 2021, que apresentou o resultado do longo processo de abandono e deterioração a que foi votado o edifício.
Já este ano, o presidente da Câmara Municipal determinou a realização da limpeza do imóvel e das áreas exteriores – jardins.
Santana Lopes salientou que a orientação que deu foi no sentido de não serem realizadas obras estruturais. Por orientação dos arquitetos prevê-se uma intervenção no telhado, contudo considerou que “agora temos de resolver” o destino a dar ao imóvel, decisão cuja unanimidade assumiu “ser difícil”, mas que no caso em apreço considera que “ que é desejável um entendimento tão amplo quanto possível”.
No final da visita foi distribuído à comitiva o resumo de uma auditoria técnica realizada em 2022, que estima que para a recuperação do imóvel seja necessário um investimento na ordem dos 3.708.000,00 €."

Os moderados — os bagageiros e os vendedores de banha de cobra dos neoliberais

Carlos Matos Gomes

"Nos próximos tempos vamos ouvir falar muitas vezes de moderados e de radicais extremistas. Convém falarmos acerca das propriedades e dos êxitos dos moderados. Do contributo que deram à humanidade e que pretendem continuar a dar.

Vários livros ao longo dos tempos têm referido a “hora dos lobos” — Um, de Harald Jahner: A Alemanha depois da guerra. Um país em dissolução. Pessoas dispersas, desalojados, ocupantes, culpados. Pilha-se, rouba-se, inventam-se novas identidades. Outro, Alcateia, de Carlos de Oliveira.

Moderado é um título valioso nesta hora de lobos. O moderado é um género de canivete suíço da política ou um daqueles bonés americanos de basebol: one size fits all. Serve a todas as cabeças. Qual é a razão do sucesso dos moderados? O êxito dos moderados é que eles contribuem para a redução do ser humano à condição de animal doméstico, afável, obediente, crente no que lhe é fornecido como alimento espiritual pelos grandes meios de manipulação ao serviço dos poderes de facto, as grandes corporações e os seus clubes. É um ser acrítico e banal. É neste produto devidamente embalado que os políticos moderados propõem transformar os seus eleitores, os seus clientes, em troca de umas promessas de prosperidade quanto baste. O moderado passa a mensagem de que não há alternativa à sujeição, ao destino para garantir a segurança dos eleitores. Prega a imobilidade como a melhor escolha para a salvação. Defende a especulação bancária como o motor da sociedade e do progresso. E exige ética aos outros.

A natureza apresenta vários resultados da moderação, um dos mais conhecidos é o das trilobites, que se extinguiram porque não se movimentaram, não reagiram à mudança da temperatura das águas e fossilizaram. Na Europa, no Ocidente, os políticos moderados condenaram Galileu e Nicolau Copérnico pela heresia de terem afirmado que era a Terra que circulava à volta do Sol. Os moderados defendiam o geocentrismo, uma doutrina com milénios de aceitação. E os moderados também condenaram a teoria da evolução das espécies de Darwin. Na política, ao longo dos séculos e no Ocidente, os moderados defenderam o poder divino dos monarcas, as monarquias absolutas e a hierarquização dos seres humanos em classes e ordens, e os privilégios resultantes do nascimento como naturais. Sempre houve senhores e servos, patrões e empregados, ricos e pobres. A moderação política é um misto de resignação e de imobilismo. Violar esta moderação é colocar em causa a ordem que defendem, de seres superiores e inferiores, de desprezo instintivo por tudo o que lhe parece inferior. Os moderados pretendem a imposição da verdade das massas. A política do moderado é a “política venal.”

A política venal é a que resulta da “venda” de propostas que legitimam o exercício do poder com uma sucessão infinita de regras — o que conduz ao domínio da política pelo aparelho judicial que, na melhor hipótese, aplica as regras/leis de modo mecânico e, no pior, castra a capacidade da política se antecipar a crises e agir no terreno ainda não normalizado. Os moderados retiraram a visão do futuro da área da ação política, reduziram a política à administração de regras, os políticos ao funcionalismo, os povos a utentes e clientes de serviços. Para os moderados o progresso é a alienação através de vários meios, mais importante dos quais é o infoentretenimento, a informação apresentada enquanto espetáculo com um guião e intermezzos com cómicos adaptados das stand up comedies, a cargo de comentadores convidados. Comediantes.

A moderação é sempre apresentada como uma virtude, já na Bíblia a temperança é uma atitude recomendável, mesmo quando parece ser de contestação. Os movimentos populistas e neofascistas que surgem com a bandeira de regeneração e de transformação são na realidade proponentes da restauração de uma velha ordem e não uma nova ordem O nazismo é o caso mais conhecido. Os moderados europeus, em particular as duas grandes potências vencedoras da Grande Guerra, a Inglaterra e a França relacionaram-se com a Alemanha de Hitler através de políticos e políticas moderadas. E foram também os moderados que impuseram a moderação nas relações com os franquistas antes de durante a Guerra Civil. A relação natural dos moderados é como acompanhamento de radicais reacionários!

Os moderados das sociedades ocidentais consideram-se modernos porque entendem que já foi atingido um ponto de equilíbrio nas relações de poder e de direitos do homem. O Fim da História, de Fukuyama, é um manifesto dos moderados. Pelo seu lado, os movimentos restauracionistas agora em expansão no Ocidente, dos Estados Unidos à Austria e à Alemanha, defendem que se ultrapassou a ordem natural, a ordem da superioridade de umas raças sobre outras — por isso são racistas; — defendem a ordem da superioridade natural de uns grupos sociais sobre outros — por isso são elitistas e promovem os governos de ditadura — e entendem que o papel do Estado é impor a Ordem e não a de prestar serviços aos cidadãos — por isso são a favor do reforço de verbas para a “segurança” e a retirada de recursos aos apoios sociais públicos, desde as pensões de reforma ao serviço público de saúde. A conjugação destas duas ideologias, a dos moderados, que entendem já ter sido atingido o máximo de contratualização política e social desejável e a dos restauracionistas, tem como consequência a facilidade com que estabelecem alianças para o exercício do poder: no caso português a questão do PSD é a da aliança com o Chega, que está a ser normalizado e em experiências nos Açores; o mesmo acontece em Espanha entre o PP e o VOX e pela Europa.

Entre os moderados, vindos na sua maioria das sociais-democracias e das democracias cristãs, a ideia base é que com estas duas ideologias se esgotou a “modernidade” iniciada com a Revolução Francesa e com as guerras entre absolutistas e liberais. O pós modernismo dos movimentos radicais a propósito da revisionismo histórico, do acientifismo radical sobre o ambiente, as lutas sobre o género, entre outras, são, na realidade fugas reacionárias contra a mudança indispensável à adaptação das sociedades ocidentais às novas realidades do aparecimento de novos poderes no planeta (os Brics), da necessidade de gestão e partilha de recursos limitados, de novas bases de relacionamento entre civilizações.

O moderado não se quer interveniente nos riscos desta disputa, tal como não esteve interessado na ascensão dos movimentos nazis e fascistas da primeira metade do século XX, nem nos desafios colocados pelo final da Segunda Guerra Mundial, com a divisão do mundo em áreas de influência das superpotências, o desenvolvimento do movimento descolonizador e do sionismo, da implosão da URSS e da necessidade de intervir na substituição do comunismo por uma alternativa viável em termos de justiça social e de partilha de poderes. Os moderados ausentaram-se deste tempo de mudança e estiveram sempre ao lado dos poderes que talharam o mundo, como fiadores sensatos de decisões que contrariavam o senso e o futuro, mas proporcionavam lucros imediatos. Os moderados europeus aceitaram a nova ordem que os colocou de fora das transformações no seu espaço de influência histórico: o Médio Oriente, a Ásia Central e a margem sul do Mediterrâneo.

Os moderados de hoje são os que seguem a tradição de sacristãos dos oficiantes quando apoiam os Estados Unidos na guerra contra a Rússia e a China, e também quando apoiaram os Estados Unidos nas várias guerras no Médio Oriente e na Ásia, Iraque Afeganistão, Siria, Irão, Libano, Egito, Israel. Blair, Aznar, Barroso, Zapatero, Passos Coelho, Mario Draghi, Hollande, Lagarde, Cameron, são exemplos de grandes moderados. Foram os moderados que destruíram a única real mudança na Europa do pós-guerra, a criação da União Europeia com autonomia política e financeira. Os radicais neoliberais ingleses Tatcher e Blair fizeram o trabalho encomendado pelos EUA, os europeus moderados aliaram-se a eles. O resultado da moderação europeia é o que temos: uma União Europeia como estado vassalo dos EUA.

O moderado é um errante politico, um pedaço de cortiça que vai ao ritmo do tempo e é amoral. Para o moderado a liberdade e a justiça dependem da circunstância e da análise que fazem de como o bem e o mal são tidos em conta pela sociedade num dado tempo e deitam contas às vantagens que podem obter situando-se num lado ou noutro.

Resta uma tentativa de justificação para o êxito do político moderado: o seu êxito radica nas suas limitações, de a sua existência se processar entre águas, de ter a vantagem das metamorfoses dos anfíbios, dos sapos e das rãs, de uma vez larva, de outras vezes girino, de outras um produto que respira através de pulmões e coaxa. O êxito do moderado advém da sua adaptabilidade e elasticidade de princípios, de ser programaticamente impotente, mas útil como caucionador de radicais políticas reacionárias. A sua força reside em não se bater por única ideia, mas as credibilizar, porque é um moderado! Vamos vê-los a abençoar vários radicais restauracionistas, vigaristas e vendedores de promessas de pechisbeque.

Vamos ver e ouvir nos ecrãs de televisão muitos comentadores radicais a abençoar e promover moderados nos partidos adversários e a acusar de radicais aqueles que propõem medidas de simples bom senso, mas que não geram acumulação de riqueza e privilégios nos velhos senhores. O moderado é o neoliberal que serve de bagageiro ao radical fascista e lhe vende a banha de cobra sem assustar a clientela."

Da série "Grandes Títulos da Imprensa"

Apesar da solidão não ser só um problema dos velhos. 

Adoecer é cada vez mais um risco....

"Sobe para 36 o número de hospitais com urgências limitadas na próxima semana.

Entre os dias 19 e 25 deste mês, dos 80 pontos de urgência que existem no país, quase metade vai ter constrangimentos. Segundo a deliberação da Direcção Executiva do SNS (DE-SNS), divulgada nesta sexta-feira, são 37 os serviços de urgência – um deles num centro de saúde – que apresentarão limitações em diversas especialidades, entre as quais ginecologia/obstetrícia, pediatria, cirurgia geral, mas também na resposta de algumas Vias Verdes."
A Figueira não é excepção, como a notícia plasmada no Diário as Beiras dá conta.

PS Figueira: as coisas, apesar de uma aparência de normalidade, parecem não serem fáceis de gerir... (2)

Entre outras considerações, Glória Pinto (vereadora PS) disse que vê em Diana Rodrigues "mais um pivô entre a comunicação da câmara e os vereadores do PS do que líder” da vereação socialista. 
Reagindo às declarações da vereadora Glória Pinto, publicadas ontem no DIÁRIO AS BEIRAS, a Concelhia da Figueira da Foz do PS, em nota de imprensa, manifesta “apoio e total confiança política na direção da vereação do PS”, liderada por Diana Rodrigues. 
Na nota de imprensa que publicamos na íntegra, "a Concelhia do PS da Figueira da Foz, manifesta o completo e inequívoco repúdio pelo teor das declarações da vereadora Glória Pinto, que só se compreendem num quadro de tentativa de denegrir a imagem do PS, contrárias à ética partidária e às necessidades de coesão que a governabilidade do projeto municipal exigem".

"O Partido Socialista da Figueira da Foz vem publicamente manifestar apoio e total confiança política na direção da Vereação do PS, na Câmara Municipal da Figueira da Foz, na vereadora Diana Rodrigues.
Diana Rodrigues é a Vereadora politicamente mais bem preparada para esta função. Sabe diferenciar os poderes do Executivo e da Assembleia Municipal, estuda todos os "dossiers" e é a artífice de todo o dialogo institucional e a discussão interna entre os eleitos locais das Freguesias, Assembleia Municipal e Vereação.
Todas as decisões e posições da vereação do Partido Socialista são discutidas e articuladas entre todos os vereadores e a direção política. O PS é um partido plural, onde todas as diferenças de opinião são livres, e as suas posições são sempre tomadas por deliberação da maioria.
Lamentamos e vimos manifestar o completo e inequívoco repúdio pelo teor das declarações da Vereadora Glória Pinto na entrevista ao diário "As Beiras", de hoje, que só se compreendem num quadro de tentativa de denegrir a imagem do Partido Socialista, contrárias à ética partidária e às necessidades de coesão que a governabilidade do projeto municipal exigem.
O Partido Socialista não vai colaborar nesse desiderato e os figueirenses, contam com o PS para um trabalho de oposição transparente, rigoroso, participado e aberto a todos, tendo como base o seu programa e os princípios do nosso partido.
A Política não pode ser um exercício leviano, mas sim uma nobre, consistente e ponderada intervenção pautada por elevação cívica e reitera a sua total confiança no trabalho, coragem e empenho demonstrado - e amplamente reconhecido pelos Figueirenses - pela Vereadora Diana Rodrigues."

Abençoadas eleições....

No fundo vai ser isto.
Convém, talvez, é esperar sentados... 
Ou se preferirem em inglês: "don’t hold your breath"...
"O PSD vai resolver o problema dos professores e da escola pública quando se alçar ao poder;
O PSD vai resolver o problema dos médicos e do Serviço Nacional de Saúde quando se alçar ao poder, e o militante Jorge Roque da Cunha,  e dirigente sindical vitalício, vai deixar de convocar greves na tradição de que quando o partido em que milita é Governo a coisa é para deixar andar;
O PSD vai resolver o problema de toda t-o-d-a a administração pública quando se alçar ao poder; o PSD vai aumentar as pensões abaixo do salário mínimo quando se alçar ao poder; o PSD vai resolver o problema das forças de segurança quando se alçar ao poder;
O PSD vai fazer isto tudo e ainda baixar os impostos e fazer tudo aquilo que sempre disse que não fazia quando foi Governo e de caminho diminuir a dívida pública e manter as contas certas.
O problema é que ninguém, dos professores ao médicos passando pelos polícias e enfermeiros e forças armadas e administração pública em geral quer esperar sentada pela chegada do PSD ao poder para lhes resolver os problemas e quer a coisa já para ontem, ainda com os socialistas mesmo com o Governo demissionário. Se calhar por haver uma diferença entre fé e fezada."

Aquisição do Cabo Mondego pela Câmara da Figueira da Foz novamente adiada

Via Notícias de Coimbra

«A falta de respostas a questões contratuais levou hoje o município da Figueira da Foz a adiar, mais uma vez, a aquisição do cabo Mondego, cujo negócio está acertado por 2,1 milhões de euros.

“Enviámos uma alteração para a advogada dos vendedores relacionada com as cláusulas do contrato, que ainda não respondeu”, justificou aos jornalistas o presidente da autarquia, Pedro Santana Lopes, no final da sessão de Câmara de hoje.

Salientando que se mantém o interesse do município na aquisição, o autarca eleito pelo movimento “Figueira a Primeira” disse que falta acertar com a promitente vendedora o prazo “findo o qual as questões que estão por regularizar têm de estar prontas”.

“Propusemos seis meses, que pode ser prorrogado por mais seis, se houver acordo das duas partes. A partir daí pode haver a obrigação de efetuar escritura ou de indemnização de quem estiver em falta”, explicou.

Depois de vários meses “adormecido”, o assunto voltou no início do mês à ordem de trabalhos da autarquia, que tinha adiado [novamente] a decisão para hoje, depois do presidente da Câmara ter aceitado que o contrato de compra e venda inclua um prazo para o negócio se efetivar, já que a promitente vendedora ainda tem de regularizar o registo dos bens imóveis, depois dos reparos do PS.

O município da Figueira da Foz tem desde 2022 um acordo para a aquisição de 76 hectares no Cabo Mondego, por 2,1 milhões de euros, que inclui antigas instalações fabris, uma pedreira e terrenos.

O negócio já esteve várias vezes agendado, mas como o executivo de Santana Lopes era minoritário nunca chegou a ser votado devido a várias dúvidas levantadas pela oposição, que estava em maioria.

No início de junho, o antigo primeiro-ministro garantiu maioria no executivo com um acordo com PSD nacional e Ricardo Silva, único vereador social-democrata na Câmara da Figueira da Foz.

Na última sessão, no dia 3 de novembro, os vereadores da oposição (PS) manifestaram-se a favor da compra e afastaram qualquer responsabilidade no atraso do processo de aquisição, salientando que pretendem votar “em consciência e com certezas”.»

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

A nossa crise política explicada às crianças

É nossa obrigação ajudar as crianças e os adolescentes que temos lá em casa a entender as crises políticas. Até porque a convicção de que os políticos são todos uns vigaristas é o slogan dos populistas que mais contribui para desacreditar o bem mais preciosa que temos - a democracia. Vamos lá explicar-lhes o que é a presunção da inocência, a importância da prova, e porque é que a justiça dos tribunais é mais lenta do que aquela que é feita à mesa do café e nalguma comunicação social."

Desventuras do jornalismo

Os directos uma arma agressiva do jornalismo televisivo

António Guerreiro no Público

«João Galamba, a mulher e os filhos tiveram de avançar a custo por entre milícias de repórteres. O que sentiram naquele momento aquelas crianças?» (...)

«Mas sob esta forma de violência, há outra que é invisível. Refiro-me à violência exercida sobre os jornalistas, os repórteres que ficam com um microfone na mão, durante horas, à espera de um acontecimento que, mesmo que aconteça, não é acontecimento nenhum, à espera de que um gesto ou uma palavra insignificantes se transformem em notícia igualmente insignificante.

Estes “proletários” do jornalismo têm com certeza consciência da sua condição profissional e do trabalho sujo ou pelo menos inócuo a que estão obrigados. Por isso, devemos pensar que abominam esse trabalho e que o sentem como uma corveia ou mesmo como uma coisa indigna. Os que assim não pensam nem sentem, os que se atropelam sem reserva à porta da casa do ministro, quando este tenta entrar com a mulher e as crianças, são desprovidos da faculdade mais indispensável à sua profissão: o espírito crítico. Em contraste com esta forçada proletarização (que é uma característica fundamental de todo o campo do jornalismo, não apenas o da televisão), está a condição privilegiada da classe do editorialismo, que tem uma função de entretenimento e goza da prerrogativa da autonomia. Esta classe que administra lições contra o populismo é a maior aliada do tecnopopulismo que prospera mais do que nunca nos momentos de crise política».