segunda-feira, 5 de abril de 2021

A ética é uma peruca?..

«Viver “da” política ou viver “para” a política? Para quem se candidata nestas próximas autárquicas, ou até para quem já exerce funções públicas, eu gostaria de lançar o convite para uma visita ao interior de um discurso proferido há mais de cem anos. “A política como vocação” é uma célebre conferência feita por Max Weber, no inverno de 1919, na Universidade de Munique.

A ética não devia ser uma espécie de ângulo morto na conduta de alguns políticos, que nos enganam compulsivamente com sorrisos melosos. Um dos desafios daqueles que realmente vivem com vocação “para” a política é o de superar um inimigo bastante comum e demasiado humano: a vaidade vulgar.»

Bruno Paixão, via Diário as Beiras.

P.S.
- As pessoas que mais falam de ética são as que mais se preocupam, afinal, com as questões relativas à imagem: a sua.

O presidente da câmara, Carlos Monteiro, concorda, mas empurra o tema para depois das próximas Eleições Autárquicas...

Imagem via Diário as Beiras
“Temos de começar a pensar em construir um hospital novo”, defende na edição de hoje do Diário as Beiras, Manuel Teixeira Veríssimo, presidente do HDFF.» 
O mesmo jornal recorda, que «decorria a segunda metade da primeira década deste século quando o então presidente do conselho de administração do HDFF Vítor Leonardo lançou o assunto para a agenda mediática. O ex-administrador defendia que o novo hospital devia ser construído na zona de Vale de Murta, junto aos acessos das autoestradas A14 e A17, na margem norte, no lado da cidade e onde reside a maioria dos habitantes do concelho, evitando-se, assim, atravessar a ponte.
É claro que, do “pensar” ao fazer, podem passar vários anos. Ou, até, décadas. Como, aliás, ressalvou o administrador do HDFF.»

O vazio ganha terreno na Figueira?..

A MURALHA DO ZAGALO
«...uma boa governança permitirá sempre preservar paisagens, lugares, monumentos e outras representações do passado, que são expressões da memória colectiva e de um tempo que se prolonga pela matriz identitária da população e com o qual se conhecerá melhor o mundo em que vivemos.
Vem isto a propósito de uma obra licenciada para um bar, tapando parte significativa da muralha de continuidade do forte de Santa Catarina, imóvel classificado de interesse público. Não se percebendo, por não se conhecer, a fundamentação legal que deu respaldo ao parecer da Direcção Regional de Cultural do Centro e consequentemente à autorização da construção pela Câmara Municipal, estamos em crer que tal decisão se mostra ofensiva da paisagem cultural, em nada valorizando o espaço, em que o executivo camarário corrobora ao permitir o apagamento visual da memória colectiva na continuidade da leitura da muralha, agora escondida como algo a esconjurar, sem maior importância do que um estabelecimento de bebidas.
É pena que assim seja, tanto desconhecimento do valor património cultural para as sociedades, dos direitos e responsabilidades que lhe são relativos e que todos, individual ou colectivamente, temos direito de beneficiar e a responsabilidade de respeitar numa sociedade democrática, protegendo e preservando o interesse público.»


Como definir isto?
Indeferença? Uma sensação? Um sentimento?
Será possível que a ausência de sentimento seja um sentimento em si? 
Seja como for, é um estado de ânimo que atordoa. 
A sua equação pressupõe a falta de tudo. 
É um vazio?
Estranho pelo seu significado.  
Estranho pela sua natureza destrutiva.
Que sensação esta!..

domingo, 4 de abril de 2021

Bom domingo de Páscoa

Jornal Sol - 7 de Fevereiro de 2009

A arrogância dos que vão surgindo na política, para quem acompanha atentamente há décadas o meio em que está inserido, fica como alerta para a uma possível continuação da marca da desinteligência e da impunidade de um poder absoluto autárquico, que os figueirenses deveriam recordar, para não repetirem os mesmos erros.
Que a Páscoa nos traga vida nova, saúde reforçada e confiança e fé no futuro revigorada. Não esqueçam, porém: um político ambicioso e voraz de uma maioria absoluta, sacrifica tudo em nome do poder...
A Páscoa é a ressurreição das almas. Podemos sempre renascer e começar tudo de novo. Sobretudo, de nos libertamos do mal e descobrirmos de novo a pureza da alma que tivemos um dia.

sábado, 3 de abril de 2021

Confesso-me abanado...

 ... acabei de receber uma chamada de alguém que muito prezo, só para me dizer que o OUTRA MARGEM não é um blog fútil!

Divirtam-se: afinal isto é só um blog, nunca se esqueçam disso....

Frédéric Chopin: entre as 264 peças que nos deixou o versátil polaco, contam-se sonatas, noturnos, mazurcas, valsas, estudos, improvisos, polonesas. Lamentavelmente, porém, nenhum concerto para violino...“Escrever é uma forma de terapia; às vezes pergunto-me como é que todos aqueles que não escrevem, compõem ou pintam conseguem escapar à loucura, melancolia, pânico e medo inerentes à situação humana”.

Escritor inglês, falecido a 3 de abril de 1991.

TRISTE ...

... saber que o meu neto só vai ter noção que a sul do Quinto Molhe existiu duna pelo blogue do avô...
Foto Pedro Agostinho Cruz

sexta-feira, 2 de abril de 2021

"Que propõe para o desenvolvimento da Morraceira?"

"Singularidades", uma crónica de Ana Oliveira publicada no Diário as Beiras.

"Quinta do sal", uma crónica de Ana Carvalho no Diário as Beiras.

"Um espaço singular", uma crónica de David Monteiro no Diário as Beiras.

Vai acabar tudo bem: a Figueira continua uma paródia pegada e "se Deus quiser" ainda vai voltar a estar na moda...

Autárquicas 2021: da série, em ano de eleições qualquer milagre tem a possibilidade de ser prometido...

 

José Esteves não se recandidata "porque não quis"...

Foto via Diário as Beiras
José Esteves, em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS, afirma: «o presidente da Junta de Buarcos e São Julião decidiu não se recandidatar ao terceiro e último mandato, porque “não quis” e “era altura de dar lugar a outro” candidato do PS.  Neste caso, para abrir espaço à candidatura de Milu Palaio, a número dois do executivo daquela freguesia.
José Esteves parte sem ver concretizado um desiderato no qual se tem empenhado: uma piscina de marés em Buarcos. Esta proposta não foi considerada prioritária pela Câmara da Figueira da Foz, mas não a colocou de lado. De resto, enviou o dossiê para a Agência Portuguesa do Ambiente, que ainda não decidiu.
Um dirigente socialista afiançou ao DIÁRIO AS BEIRAS que o partido não deixará de fora das Eleições Autárquicas que se avizinham o histórico autarca. 
Estará ele disponível para aceitar? 
“Dependerá de que lugar for”, respondeu o ainda presidente da Junta de Buarcos e São Julião.»

Autárquicas 2021: ponto da situação em 2 de Abril de 2021

Candidatos assumidos na Figueira:

Autárquicas 2021: CDS dá a conhecer as primeiras medidas da proposta de governação que tem para a Figueira

"Começamos hoje a dar a conhecer aos Figueirenses uma parte do nosso Programa de Governo para o Concelho da Figueira da Foz, nomeadamente cinco dos Eixos de Acção nele contidos.
De notar que já em 2017 apresentámos estes eixos programáticos. No entanto, e ao contrário do que seria de esperar, nada do que então propusemos foi implementado nestes últimos quatro anos, o que, a nosso ver, se traduziu em prejuízo dos Figueirenses.
Não deixa de ser curioso que agora, em pré-campanha eleitoral, tenha vindo o Presidente da Câmara propor o mesmo que nós, no que se refere ao 2º eixo.
E a pergunta, que imediatamente veio ao espírito de boa parte dos cidadãos mais atentos, é do porquê só agora virem concordar com o que expusemos em 2017. Na verdade, o PS e o PSD, tiveram quatro longos anos para o fazer e não o fizeram. Seria agora se fossem reeleitos que o iriam fazer? Não acreditamos.
Mas vamos áquilo que mais interessa aos cidadãos e assim damos hoje início à publicação das nossas propostas.
Fazemo-lo para que as pessoas do Concelho fiquem informados e possam eventualmente escolher-nos nas próximas eleições para governar o Concelho da Figueira. Concelho que bem precisa de uma mudança na sua governação para poder progredir e proporcionar melhor vida aos que cá vivem.

Eixo 1.- IMPOSTOS – Queremos aligeirar a Brutal Carga de Impostos, de responsabilidade da CMFF, bem como libertar as pessoas das inúmeras Taxas Camarárias que incidem sobre os cidadãos e sobre as empresas; já em 2017 desafiámos a CMFF a fazê-lo! Nada fizeram!
Eixo 2. – INVESTIMENTO/EMPREGO – O Concelho precisa de atrair mais Investimento, mais Empresas, para o Concelho de forma a fixar a população. Por outro lado, isto é essencial para trazer de volta outros figueirenses que saíram do Concelho, por neste não encontrarem emprego condigno ou, no caso dos jovens, por não terem Pólos Universitários em que se possam preparar para a vida profissional.
Mais uma vez, em 2017 desafiámos a CMFF a fazê-lo! Nada fizeram!
Eixo 3. - TURISMO e DESENVOLVIMENTO – para desenvolver o Concelho e diminuir a sazonalidade dos visitantes, dos turistas, para que o Comércio se desenvolva e enriqueça e para que as estruturas do Concelho sejam mais vividas durante todo o ano, e não apenas no mês de Agosto, ou em esporádicos fins-de-semana, é preciso acção. Palavras leva-as o vento. E durante estes últimos quatro anos foi o que ouvimos e lemos: - apenas palavras e nada mais!
Já se viu que não se pode contar com a Região de Turismo do Centro para nos ajudar. Não o fez durante os últimos anos em que se esqueceu que a Figueira da Foz também faz parte do Centro do País. Face a esta realidade, temos que ser nós, Câmara Municipal, em conjunto com os hoteleiros do Concelho, em conjunto com os proprietários dos restaurantes, dos bares e similares a desenvolver acções devidamente planeadas, organizadas e consistentes, com o objectivo de captarmos turistas, durante todo o ano. Turistas com dinheiro para gastarem no nosso Comércio, da nossa cidade. Fá-lo-emos no caso de sermos eleitos.
Mas mais uma vez, em 2017 desafiámos a CMFF a fazê-lo! Nada fizeram!
Eixo 4. - ESTACIONAMENTO e TRANSPORTES – Temos que mudar radicalmente a filosofia da Mobilidade e dos Transportes, para que estes factores sirvam verdadeiramente as pessoas residentes no Concelho (na sede e nas Freguesias rurais) com vantagens e comodidades para todos. Tem que se implementar uma rede de transportes públicos na Cidade e nas Freguesias, e sua ligação entre elas, para que os cidadãos se possam movimentar de forma cómoda e económica.
Também neste capítulo, em 2017 desafiámos a CMFF a fazê-lo! Nada fizeram!
Por outro lado, temos que, de uma vez por todas, acabar com os Parcómetros na Cidade. Estes não são mais do que mais um Imposto sobre as Pessoas, sem nenhuma vantegem para a cidade, antes pelo contrário.
Eixo 5. – SAÚDE – temos que reabrir a Maternidade na Figueira, em dimensão adequada aos nascimentos no Concelho; nos últimos anos as Mães tiveram que ir para Coimbra ou para outras Cidades para poderem dar à luz os seus filhos. É esta a forma de tratar quem paga Impostos na Figueira da Foz?
Temos igualmente que, urgentemente, abrir um Centro de Cuidados Paliativos, de forma a cuidar dos que mais sofrem.
Ou por iniciativa da CMFF, ou em conjugação e em colaboração com prestadores de cuidados de saúde privados, iremos fazê-lo se formos eleitos.
Igualmente nesta matéria, em 2017 desafiei a CMFF a fazê-lo! Nada fizeram!

Se a equipa do CDS-Partido Popular, a que presido, for Eleita pelos Figueirenses, sem qualquer sombra de dúvida que o faremos. Não é uma promessa! É uma certeza.
Por nada, destas matérias, ter sido feito, durante os últimos quatro anos, é uma das Razões pelas quais me Recandidato a Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz.
Iremos divulgando, de agora em diante, mais Eixos e Medidas do nosso Programa.
Fá-lo-emos de forma a que os Figueirenses possam decidir em consciência mudar, votando em nós.
PS e PSD já mostraram que não são capazes.
Somos a verdadeira Alternativa para este Concelho e cá estamos novamente a “dar a cara”.
Uma Câmara Municipal existe para Servir as Pessoas do Concelho e não o contrário, é a nossa postura."

A nossa brincadeira do dia das mentiras...

Mais uma vez, este blogue aderiu à tradição do dia 1 de Abril.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Figueira da Foz, Penela e Soure com transmissão que pode por em causa desconfinamento


"
Figueira da Foz, Penela e Soure são os três concelhos da Região de Coimbra, num total de 19 em todo o país, que se encontram com risco de transmissão da covid-19 entre 120 e 240 casos por 100 mil habitantes e onde as medidas de desconfinamento vão ser reavaliadas daqui a duas semanas, anunciou hoje o primeiro-ministro."

Planeamento do concelho: Porto Comercial e Zona Industrial e os erros estratégicos de localização

O primeiro acto público de Pedro Machado, na qualidade de candidato do PSD à câmara da Figueira da Foz, aconteceu ontem.
Sob o signo Figueira do Futuro, Pedro Machado apresentou as primeiras 12 propostas do programa eleitoral, tendo no horizonte um “ciclo de 12 anos”, o que corresponde ao limite de três mandatos autárquicos consecutivos. 
As “alavancas” anunciadas abrangem áreas como o desenvolvimento económico, mobilidade, turismo, ambiente, demografia, políticas sociais ou coesão territorial. Uma das propostas chamou-me particularmente a atenção, pois é um tema que me diz muito e há muitos anos: a mudança do porto comercial para a margem sul e o aproveitamento da actual infraestrutura para fins turísticos.
Pedro Machado afirmou que a sua proposta visa enquadrar o porto comercial com a concentração de empresas existente na margem sul do concelho, a maioria na Zona Industrial.
O desenvolvimento planeado e estratégico do concelho da Figueira da Foz é um assunto que nos deveria preocupar a todos. Por outro lado, "a devolução da margem norte à cidade", também.
O Rio Mondego ja fez parte da cidade. A foto de Manuel Santos bem o demonstra.
Há cerca de 20 anos, precisamente na edição de 18 de Junho de 2001, na coluna que escrevia todas as semanas, o responsável pelo OUTRA MARGEM, publicou no jornal Linha do Oeste a seguinte crónica: 


O assoreamento do Rio Mondego é um problema antigo e complicado. Mas, para a Figueira, nem tudo sempre foram desvantagens.
Antes do século XI, o Mondego navegável era a estrada natural para o comércio existente nos princípios da nacionalidade. Coimbra, Soure, Verride, Montemor-O-Velho eram então importantes praças comerciais e influentes portos fluviais no centro do país. Por sua vez, a Figueira limitava-se a ser um pequeno ponto localizado na foz do Mondego.
A partir do século XII, porém, o assoreamento do Mondego, com a natural perda da navegabilidade que daí resultou, fez com que um pequeno povoado pertencente ao concelho de Tavarede viesse a ganhar actividade e importância e se desenvolvesse até à cidade na moda, cosmopolita, mas ainda provinciana, dos dias de hoje.
E tudo começou, em boa parte, por há cerca de oitocentos anos o rio ter começado a ficar impraticável para a navegação. Como em tantos outros casos, o mal de uns foi a sorte de outros.
O rio e o porto estão associados ao crescimento da Figueira e são factores de desenvolvimento concelhio, pelo que deveria ter havido (e continuar a haver) o máximo de cuidado e planeamento na execução e expansão das obras portuárias.
As razões são óbvias: basta verificar qual será a função principal do porto comercial.
Fácil de responder: proporcionar o escoamento a mercadorias da zona centro do país, em especial das empresas sediadas na zona industrial da Figueira da Foz e das celuloses.
Sendo a Figueira, como sabemos, um porto problemático a vários níveis, nomeadamente por sofrer a influência das marés, enferma de um erro estratégico de fundo: a localização. A teimosia, ou a falta de visão, em manter o porto comercial na margem norte é um factor condicionante para as condições de funcionalidade da estrutura portuária.

Duas razões simples:
1º. Se estivesse na margem sul estaria mais perto das fábricas, o que pouparia as vias de comunicação que dão acesso ao porto comercial e evitaria a sobrecarga no tabuleiro da ponte da Figueira.
2º.  Principalmente no inverno, os navios acostados no cais comercial têm frequentes problemas de segurança, ao ponto de, por vezes, ser necessária a sua deslocação para a zona abrigada do porto de pesca com as demoras e despesas daí resultantes, o que torna mais onerosa e menos operacional a vinda dos navios à barra da Figueira.

Tempo é dinheiro no competitivo mercado dos transportes marítimos. O mal, contudo, está feito, mas não pode ser escamoteado. Até porque a vinda para a margem sul do porto de pesca não foi inocente. Era poluente ...
Também podemos aprender com os erros. E erro estratégico foi, igualmente, a implantação da zona industrial logo a seguir à zona habitacional da Gala, quando teria sido perfeitamente possível e fácil a sua deslocação mais para sul, possibilitando assim a criação de uma zona tampão entre as fábricas e as residências.
É uma questão pertinente, apesar do optimismo que aí vai com a notícia da implantação de uma fábrica que, segundo a responsável pela gestão do Parque Industrial, “é o maior projecto”, desde que a câmara tomou posse dos terrenos da zona industrial.
Com erros, ou sem erros, porto comercial e zona industrial são estruturas complementares no progresso e desenvolvimento do nosso concelho. Contudo, convém que o planeamento seja devidamente sustentado, pois erros já foram cometidos bastantes. Apesar dos alertas feitos em devido tempo.
Historicamente é conhecido que a ocupação espanhola dos Filipes foi penosa para Portugal. Na Figueira, conforme pode ler-se no Manifesto do Reino de Portugal, “nos séculos XV e XVI até as pescarias não eram seguras, porque nos nossos portos tomavam mouros e turcos as mal defendidas barcas de pesca; cativavam e faziam mercadoria humana dos miseráveis pescadores; e ainda se atreviam licenciosa e insolentemente ao mesmo nos lugares marítimos, como senão tiveram rei que os pudesse defender; e proibida a pescaria faltava ao reino uma considerável parte do seu sustento”.
Isto aconteceu na dinastia dos ocupantes Filipes. Nesse tempo, mouros, turcos e habitantes do norte da europa, todos piratas, saquearam e flagelaram Buarcos e a Figueira. Essa realidade só veio a mudar com a independência, a partir de 1640.
Todavia, só em meados do século XVIII o porto da Figueira conheceu o esplendor, beneficiando, é certo, de um factor exógeno: a quase inutilização da barra de Aveiro. Mais uma vez, o mal de uns foi a sorte de outros.
A região interior centro passou a processar o movimento de importação e exportação das mercadorias pelo porto da Figueira, a tal ponto que embora com demoras, dificuldades e riscos, a nossa cidade “ foi considerada a terceira praça comercial e marítima do país do século XIX”.
De então para cá aconteceram períodos mortos, avanços, recuos, estudo e mais estudos técnicos, ilusões, desencantos, mentiras, mas, nas últimas dezenas de anos, apesar de tudo, avançou-se desde o cais de madeira obsoleto e podre, apenas equipado com uma grua a vapor, tempos esses aliás ainda presentes na nossa memória.
Pena foi o cais comercial ter morto e enterrado as memoráveis regatas de outros tempos. Também por isso, porque é que não o implantaram na margem sul?

Primeira página do Expresso de hoje...

Todos sabemos que estamos no dia 1 de Abril. 
Mas, há notícias que nem no dia das mentiras têm piada...

O Centro vai ter dois aeroportos: um em Monte Real e o outro a sul de Coimbra


Como é sabido, apesar da relativa proximidade dos aeroportos de Lisboa e Porto, a capacidade aeroportuária de Portugal está próxima do esgotamento.
A Região Centro (especialmente o grande pólo turístico balnear que é a Figueira da Foz, Coimbra, com uma grande universidade, património classificado pela UNESCO e empresas tecnológicas muito competitivas – e Fátima, com o turismo religioso) tem um potencial enorme para atrair tráfego que mais nenhuma região do país oferece.
Portanto, um aeroporto além de ser uma prioridade é, sobretudo, uma questão de justiça e premência para o desenvolvimento do centro de Portugal
O Governo tem estado atento à situação. Além da abertura da base aérea de Monte Real à aviação civil estar para "breve", vai ser também construído o aeroporto internacional defendido, em 2017, por Manuel Machado, enquanto recandidato à Câmara de Coimbra pelo PS.
Este segundo aeroporto deverá ser implantado a sul de Coimbra, já nos concelhos de Condeixa e Soure. Isto vem ao encontro de notícias publicadas já em 15 de Janeiro de 2020, que apontavam para o estudo, por parte do Governo, de "uma solução viável para a implementação de um aeroporto na região Centro".
Afirmou-se, em 2017, na campanha eleitoral autárquica, que os aviões comerciais de médio porte só podem aterrar em pistas com mais de 2500 metros. Não é verdade: no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, por exemplo, a pista maior tem 1323 metros e isso não impede o aeroporto de movimentar 9 milhões de passageiros por ano. A partir dos 1500 metros, os aviões a jacto típicos dos voos “charter” e das companhias “low cost” – os Boeing 737 e os Airbus 319 – aterram e descolam sem problemas. E com 1800 metros trabalham em condições ótimas.  
Qualquer piloto de linha aérea pode explicar isso.