"Engraçado é perceber que o lápis azul funciona em pleno. Qual será a agenda escondida do Sr Agostinho?"
Esta é parte de um dos muitos comentários anónimos que recebo e que não publico na íntegra, pois faz insinuações anónimas que neste espaço nunca foram admitidas.
Na blogosfera figueirense existem locais apropriados para o efeito.
Desde a primeira hora, já lá vão quase 12 anos, que este blogue tem merecido a especial atenção de muita e variada boa gente.
Os comentários anónimos foram sempre mais que muitos.
Ao longo do tempo, muito me diverti eu com alguns...
Uns publiquei. Outros nem por isso.
É um direito que me assisti.
Todavia, uma coisa nunca fiz: nunca deixei de publicar um comentário com assinatura.
Aviso à navegação: é assim que este espaço vai continuar.
Não sou poeta, nem intelectual.
Muito menos tenho esse atrevimento, pois só gosto de escrever nos momentos de ócio.
E um poema (ou um livro) não é uma inspiração momentânea, mas um trabalho aturado e persistente.
Sou, isso sim, um incondicional amante de poesia e de toda a literatura que considere interessante e boa.
Este OUTRA MARGEM, que já está a caminho de perfazer 12 anos de publicação, é aquilo que há de mais simples: não tem agendas escondidas - simplesmente é um testemunho pessoal e um manifesto de vida.
Sem querer ser pretensioso, talvez quem sabe, um testamento para o futuro para alguém que queira, um dia, ter uma visão do que foi a Figueira nos primeiros anos do século XXI, para recordar alguém que forjou um combate militante e resistente ao estado a que a Figueira chegou e aprendeu, com a resistência consubstanciada em actos, em palavras e no silêncio, a nunca se vergar.
Continuar a sonhar, ao fim destes anos todos, é bom. Contudo, nada substitui sonhar para continuar a viver.
Num tempo, recorde-se, em que, na Figueira, a independência, a irreverência e a cultura subvertiam e incomodavam.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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1 comentário:
Continua que vais bem e não ligues áqueles comentários que parecem ter os cascos apertados.
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