O verdadeiro Euro 2016 é este, o campeonato em que há jogadores que são árbitros e que, por isso, podem distribuir porrada à vontade, porque são os donos do apito. Todos sabem que as metas do défice não são alcançáveis, mas usam-nas como instrumento de pressão, para ajudar multinacionais e bancos, à espera do prémio.
De acordo com o Institute for Economic Research, já houve 114 violações das metas estabelecidas e, neste momento, apenas Portugal e Espanha estão sujeitos a possíveis sanções. Essas 114 (por extenso: cento e catorze) violações não foram levadas a cabo apenas por Portugal e Espanha: o país que mais vezes falhou neste campeonato foi a França, mas Juncker já explicou por que razão a França não pode ser castigada.
Note-se, ainda, que as possíveis sanções são consequência do défice deixado por Passos Coelho e por Maria Luís Albuquerque. Relembre-se, também, que os vários falhanços das metas estabelecidas foram sempre considerados sucessos pelas mesmas instituições que hoje ameaçam um governo que ainda não falhou as previsões. Percebe-se: com Passos, o país continuaria a retirar direitos e dinheiro aos trabalhadores, que os PIIGS querem-se pobrezinhos e prontos a pegar nas bandejas com bebidas exóticas.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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1 comentário:
Hoje li uma expressão que desconhecia: Euroreich!
É este, entre outros, o combate do presente.
Contra a hegemonia tentada uma vez mais.
E os que não veem isso, vão rezar a 'São' Chamberlain a ver se ele os ouve...
A UE não tivesse sido um instrumento para acelerar a liberalização económica.
Como se união política significasse mais democracia e justiça social - e não a centralização de poderes em instituições intocáveis, acompanhada da degradação dos direitos sociais e laborais, como tem sido o caso na UE.
Seria bom não sermos ingénuos.
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