Viajando de carro, logo de madrugada, fui tomando conhecimento, pela TSF, que o Presidente da República, doutor Cavaco Silva, não vai estar presente nas cerimónias fúnebres de José Saramago.
Acompanhado da mulher, filhos, nora e netos, está em férias, lá pelos Açores.
Quanto a mim faz bem em não vir ao funeral de Saramago. Não faz falta, e é coerente.
Tal como está a ser coerente ao fazer férias nos Açores, que como sabemos é em Portugal.
Nada a apontar, portanto, do meu ponto de vista, a Sua Excelência, o Presidente da República, doutor Aníbal Cavaco Silva.
Para ser ainda mais coerente, falhou o pormenor da hipócrita mensagem de condolências da passada sexta-feira.
Todos sabemos o que Cavaco pensa de Saramago e o que lhe fez enquanto Primeiro-Ministro.
Daqui a 100 anos, quando se fizer a História de Portugal deste período, Saramago continuará um grande Português, comparável a um Pessoa ou um Camões, enquanto que ele, Cavaco, não passará de um obscuro governante de finais do século XX e inícios do século XXI.
Citando Saramago (1994:
"O único valor que considero revolucionário é a bondade."
Continuemos bondosos, portanto, com um Presidente que não consegue sê-lo de todos os portugueses...
Continuação de boas férias, para si e para toda a família, Senhor Presidente.
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
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2 comentários:
«As atitudes ficam para quem as pratica» Diz o povo e tem razão.
Um abraço.
Como Presidente da Républica devia estar no funeral do unico Nobel da Literatura que temos.
Sería bonito daqui a alguns anos os netos do Presidente,dizerem até com orgulho,que o Avô tinha interrompido as férias,para poder estar presente no funeral dum grande português, escritor,e prémio Nobel.
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