quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Caso de Quiaios: pode ir para tribunal...

Via Diário as Beiras

Senhora deputada, aquilo que considera ser uma "resposta positiva do senhor ministro", no concreto traduz-se em quê?

Via Raquel Ferreira
«Partilho a minha intervenção, hoje, na Audição do Sr. Ministro do Ambiente no âmbito do debate na especialidade do Orçamento de Estado para 2021.
Assuntos abordados:
- Gestão Florestal ( matas nacionais dos Concelhos da Figueira da Foz, de Mira e de Cantanhede).
- Erosão Costeira (S. Pedro e Leirosa).»


A quanto está o PSD?

«Não há debate sobre a legitimidade do PSD governar a Região Autónoma dos Açores se conseguir uma maioria que suporte essa solução. Assim como não havia debate sobre a legitimidade da solução da “geringonça”. O facto de a direita estar a tentar construir essa maioria, mesmo sabendo que o PS ficou em primeiro, é a confissão da má-fé da sua posição de há cinco anos. Se acreditassem no que diziam não fariam o que consideraram errado só pelo facto de a esquerda também o ter feito. Reconhecem que a legitimidade do governo nacional, como a do governo central, resulta das eleições parlamentares e que é o Parlamento, e apenas ele, que tem autoridade para decidir quem governa. 


Sendo legitima, esta negociação é perigosa. E, se chegar a nascer, a “geringonça” de direita é mais complicada do que a de esquerda. São precisos cinco partidos, dois deles estreantes e com provas a dar. E um deles é o Chega

É confortável a simetria entre Chega e BE/PCP. E é falsa, porque estes partidos ocupam à esquerda o espaço que o CDS sempre ocupou à direita. Ainda assim, vários comentadores, mortinhos por normalizar Ventura, vieram desdramatizar um possível acordo entre o PSD e o Chega, usando a “geringonça” como exemplo. Julgam que a História é um contínuo onde se confrontam moderados e extremistas. Só que os riscos para a democracia vêm de lugares diferentes em momentos diferentes. Nem sempre dos extremos, nem sempre dos dois em simultâneo. Qualquer pessoa que tenha a mínima noção do tempo histórico que vivemos percebe, mesmo que seja de direita, que é da extrema-direta que hoje vem o perigo para as democracias liberais. Que é ela que tem, neste momento, a capacidade e os instrumentos políticos para subverter o sistema democrático. 

Não vou perder tempo a discutir as posições políticas e ideológicas do BE e do PCP, os regimes que cada um apoia (não são os mesmos) e o amor que têm ou não têm pela democracia. O debate no espaço público, onde uma pessoa como eu é colada a Maduro ou à ditadura castrista, está tão degradado que nem acredito na possibilidade desta conversa ser produtiva. Fico-me por isto: os perigos que cada partido representa não resultam das suas posições explícitas ou imaginadas mas do que querem e podem fazer no exercício prático da sua atividade política real. Para isso, não precisamos de suposições. Bloco de Esquerda e PCP não põem, no exercício das suas atividades políticas, o Estado de Direito democrático em risco. Não o contestam em nenhuma proposta que tenham feito, nas últimas décadas, no Parlamento. São dois partidos do arco constitucional. Tanto como o CDS, pelo menos. 

Mas nem preciso de fazer este exercício de memória recente. Basta-me comparar o que se está a tentar comparar: a “geringonça" e o que se sabe das conversações para um acordo nos Açores. Na “geringonça”, BE e PCP apresentaram a sua agenda social, defenderam mudanças na lei laboral (no que saíram derrotados em quase tudo) e exigiram o recuo em medidas impostas pela troika. Nem uma única das suas propostas estava relacionada com a natureza do nosso regime constitucional. Na negociação para a formação de um governo regional, e não de uma maioria parlamentar nacional, o Chega exigiu imediatamente o envolvimento do PSD numa revisão constitucional. E isto basta para perceber todas as diferenças. 

Ao contrário do Bloco e, sobretudo, do PCP, o Chega não tem uma densidade ideológica que lhe permita propor a superação do sistema económico vigente. Pelo contrário, defende o aprofundamento agressivo do que já existe, reforçando desigualdades sociais e económicas. Mas, mesmo que o PCP tenha uma agenda revolucionária, não se encontra no seu programa eleitoral, nas suas propostas legislativas e na sua prática autárquica nada que seja incompatível com a nossa tradição democrática. Pelo contrário, mesmo não sendo revolucionário, o Chega tem propostas legislativas que subvertem a continuidade constitucional. Traduzida num slogan em defesa de uma “IV República” e na vontade de fazer uma profunda revisão constitucional, elas incluem medidas atentatórias da nossa tradição humanista. E estas propostas precisam de romper o cerco sanitário que as deslegitima aos olhos de muitos. Não interessa ao Chega se as suas propostas contarão com o apoio do PSD, desde que conte com o seu beneplácito para iniciar esse processo tendo apenas um deputado. Só quer meter o pé na porta. 

Como outros líderes populistas de extrema-direita, o que interessa ao Chega não é a aplicação do seu programa. É a normalização do seu discurso, abrindo caminho ao abandono de consensos civilizacionais. Pretende criar um corte político que lhe dê espaço para crescer. E esse corte é o caos, como se tem visto pela forma como os seus ativistas têm multiplicado movimentos para pôr em causa o combate à pandemia, imitando outros partidos congéneres. Felizmente, com pouco sucesso. Deste caos, não crescerá a proposta autoritária sonhada por saudosistas como Jaime Nogueira Pinto. Partidos como Chega são apenas oportunistas. Mas o Chega não deixará de aproveitar a atual fragilidade do PSD e do CDS e o momento trágico que vivemos para tentar criar o clima que permita fazer implodir o sistema partidário, crescendo sobre as suas cinzas, como outros fizeram. 

Se não perceberam de que massa é feita esta nova direita, vejam como Trump se prepara para reagir à possibilidade de uma derrota nas urnas, tentando impedir que votos sejam contados, semeando o caos institucional e recusando a vontade popular. Não se trata de saber que partidos acreditam ou não acreditam na democracia. É daqui que vem o perigo - e quem o tente normalizar é cúmplice. 

Se Rui Rio abrir a porta ao Chega, abrirá a porta à destruição do seu próprio partido, como Costa nunca abriu quando conversou com o BE e o PCP. Como o PP o fez quando deu ao VOX as armas para desfazer a direita espanhola. Pablo Casado percebeu-o agora, tarde de mais. Se forem verdadeiras as notícias que têm saído e ainda não foram desmentidas, é assustador ver como basta a simples liderança de um governo regional para o PSD abrir um processo negocial com o Chega que ultrapassa os limites regionais e, ainda por cima, passa por temas constitucionais. É caso para dizer que o PSD está em saldos.» 

É assim tão difícil de perceber?

"Para se decretar a requisição civil, é sinal de que os serviços mínimos falharam, que os serviços mínimos não estão a ser cumpridos e, por isso mesmo, acho que o país vai ter que fazer uma reflexão sobre a forma como os serviços mínimos são definidos, mas acima de tudo como garantimos o cumprimento dos serviços mínimos".
 O deputado centrista falou também de um "dano desproporcional a muitos portugueses" para a defesa de interesses particulares que, por muito legítimos que sejam, não podem "parar um país com as consequências que isso tem" e lembrou que, neste caso, "a liberdade de circulação é um direito fundamental".
Por isso, o CDS apoiou a decisão do Governo de decretar a requisição civil dos motoristas em greve e reiterou a sua disponibilidade para discutir uma alteração à lei da greve, que considera estar desadequada da realidade.

Ontem, Francisco Rodrigues dos Santos, líder do CDS-PP, afirmou que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lhe garantiu na audiência de segunda-feira que "não está equacionada uma requisição civil" na saúde no âmbito do estado de emergência. 

"Foi dada a garantia ao CDS, por parte do senhor Presidente da República, de que no quadro do próximo estado de emergência não está equacionada uma requisição civil dos serviços de saúde" do setor privado e social. De acordo com o líder do CDS, "pelo contrário, está em causa uma utilização destes meios de saúde através de contratualização, que é precisamente a estratégia que o CDS propôs hoje"

Francisco Rodrigues dos Santos falava, em conferência de imprensa, na sede nacional do partido, em Lisboa, durante a qual foi questionado sobre a hipótese de o decreto de declaração do estado de emergência contemplar a requisição civil de cuidados de saúde do setor privado e social. O CDS anunciou esta terça-feira que vai propor, no âmbito na discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2021, "uma via verde para a saúde". O CDS quer que "sempre que seja ultrapassado o tempo máximo previsto para uma consulta de especialidade, para um exame ou para uma cirurgia, o doente tenha o direito de optar por uma assistência médica no setor social e particular que seja paga pelo Estado", e também que seja criado "um corredor de emergência para recuperar as consultar nos centros e saúde, mas também todas as consultas de especialidade, exames e cirurgias que se atrasaram por causa da covid-19".  

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Dezoito comícios de Donald Trump, realizados entre 20 de junho e 12 de setembro, provocaram cerca de 30 mil casos de covid-19...

«Estudo de Stanford revela que comícios de Trump provocaram 30 mil infetados e 700 mortos.»

Pedro Jóia: Vejam Bem.

Isto não tem nada que saber: quem quer bons serviços, arranja-os...

Imagem sacada daqui

No passado dia 19 de Outubro, logo de manhã, porque entendo que devem ser evitados ajuntamentos de pessoas nos centros de saúde, tentei ligar ao posto da Cova e Gala. O objectivo era simples: tentar marcar uma data e hora para me ser injectada a vacina da gripe. Cheguei às 11 da manhã e, como o telefone estava sempre ocupado, desisti e dirigi-me ao posto médico. Deparei-me com uma fila de pessoas de idade avançada, algumas com dificuldades motoras, no exterior à mercê das condições atmosféricas que faziam nesse dia - chuva, frio e algum vento.

Perante o cenário, oermaneci dentro do carro largos minutos à espera que a fila diminuísse. Quando estavam apenas duas pessoas avancei em direcção do edifício  do centro de saúde. Devo ter estado mais de 25 minutos no exterior, à espera que fossem atendidas as duas senhoras que estavam à minha frente.

Quando chegou a minha vez, ao ser atendido pela funcionária administrativa, que veio até à entrada do edifício, disse ao que ia: pretendia, dado que não consegui via telefone, que me fosse marcada a data e a hora para tomar a vacina. Considerando que não são aconselháveis ajuntamentos de pessoas, era assim que pensava que as coisas funcionariam...

Que ingénuo que eu sou!..

Disse-me, com toda a amabilidade deste mundo e arredores a funcionária: "tem de vir amanhã, a partir das 8 e meia, pois hoje já terminou o números de doses da vacina que podiam ser aplicadas".

Ingénuo como sou, ainda tentei argumentar: "minha senhora, não é possível marcar um dia e uma hora. Assim evitavam-se ajuntamentos de pessoas como recomenda o Governo?..".

A resposta deixou-me sem argumentos: "isso não está previsto: tem de vir amanhã a partir das 8 e 30 a ver se consegue ser atendido".

Os médicos do posto médico estão fechados nos gabinetes há largos meses. Os funcionários estão protegidos dentro do gabinete. Os enfermeiros idem... 

Os utentes, têm de ficar  cá fora, ao sol, ao vento ou à chuva, ainda por cima sem terem a certeza se serão atendidos...

Chegado a casa, enviei um mail ao posto médico da Cova e Gala.


Até hoje estou à espera de resposta.

Passados 4 dias, no dia 23 de Outubro passado, fui de novo ao posto médico da Cova Gala, cerca do meio dia. Cheguei à fala com uma funcionária, que me disse que não era com ela, mas com a colega que estava lá dentro. Como não é possível entrar no Posto Médico, sem autrização, e como a senhora me virou as costas, fiquei se resposta. Como estavam umas 7 ou 8 pessoas de pé, sujeitas ao tempo, entendi vir embora.

Como tenho conhecimento que em outros Centros de Saúde do concelho estão a fazer o que deve ser feito, isto é,  estão a vacinar por marcação, enviei um mail para a ARS Centro que o reeviou para Exmo. Senhor Dr. José Luis Biscaia, Director Executivo do ACES Baixo Mondego, "por se tratar de assunto da responsabilidade do ACES".

Até ao momento, contínuo sem resposta...

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Governo recua e permite feiras e mercados autorizados pelas autarquias...

«Fazia tanto sentido a proibição das feiras e dos "mercados de levante" ou mercados de rua enquanto os centros comerciais e os hipermercados continuavam a funcionar, como faz sentido o recolher obrigatório num país onde no Inverno a partir das 20 horas não se vê vivalma na rua. 

A voz dos vizinhos...

 Via Buarcos Blog

A não perder amanhã pelas 11 horas: «#somostodoseventos»...

«Amanhã, às 11h, temos mais um directo no nosso Facebook.


E os convidados que se juntam a Tiago Castelo Branco, da MOT, são os presidentes de Câmara Isilda Gomes, de Portimão, e Carlos Monteiro, da Figueira da Foz.
Vamos falar da captação de grandes eventos internacionais para Portugal, nomeadamente nos territórios do desporto e da música.
Não perca! #somostodoseventos»

Deixem-me ser utópico...


E se os partidos, na Figueira, trabalhassem no sentido da maior politização de todos os cidadãos, para conseguir envolvê-los, ao ponto de contribuírem para discutir e suportar as suas causas?

Recorde-se que isso era impossível em Portugal - e na Figueira - na ditadura de Salazar/Caetano. 

Mas, isso, aconteceu desde Abril de 1974 para cá?

Todos sabemos que não. 


Para mim a explicação é simples: os chamados partidos do sistema (CDS, PSD e PS), não gostam de sociedades com cidadãos politizados. 

Depois da revolução de 1974, a táctica foi tipicamente "fechar" o círculo:  o acesso ao poder ia começar! 

Foi para isso que serviu o 25 de Novembro.


A descolagem da sociedade começou aí.

Foi aí que tiveram início os problemas que estão  a minar e a corroer os alicerces desta democracia representativa: nada tem sido transparente.

A riqueza que não existe, pois somos um país pobre e periférico, fica logo captada pela corrupção instalada em todos os sectores do Estado.

A maioria do Povo vive no limiar da miséria, mas os corruptos e oportunistas vivem na ostentação, com o dinheiro que roubam aos portugueses.

Para termos uma sociedade mais humana e mais justa, bastava mais seriedade, humildade e pés na terra! 

Ai se os portugueses estivessem politizados e pensassem!..


Se bem consigo perceber alguma coisa desta democracia, a prova de sucesso e de utilidade social e política de um partido passa pela sua capacidade de cativar personalidades e empresas para que sejam a sua forma de sustentação financeira.

Um partido será o que financeiramente consiga cativar, admitindo-se que a contribuição financeira é a melhor medida de interesse, dedicação e motivação para o envolvimento político que este consegue promover. 


Os partidos, no fundo, são empresas: ou têm sustentação ou não têm. 

Por isso, a conquista do poder é o mais importante. 

Para isso, sacrifica-se tudo. Honra, princípios, transparência, carácter, honra, verdade. No fundo, a democracia.

Vejam o que está a acontecer neste momento no nosso concelho em Quiaios.


Daqui a alguns meses, temos eleições para escolher autarcas. Quem tem andado atento, sabe que a qualidade dos autarcas figueirenses tem diminuído nos últimos anos.

Certamente que devem existir grandes teses para a mediocridade da política no nosso concelho...

A meu ver, porém, a mediocridade na política, também na Figueira, passa pela  dependência das elites dos partidos dos organismos das estruturas do Estado. Uma grande parte da degradação da democracia passa por aí. 

De passo em passo, chegámos (também na Figueira) a uma  ditadura partidária que só admite para ocupar os lugares-chaves quem entende.

Uma reforma política, que teria de ser profunda, poderia dar uma certa saúde à democracia  figueirense. Porém, isso é um utopia: os partido não permitem, pois liquidaria os actuais valores  porque se regem os partidos do arco do poder local e, até, do CDS. 

Os políticos querem é o bem do seu partido, que o mesmo é dizer, o seu próprio bem.


Também na Figueira, não  importa o que interessava ao concelho e o que é que poderia ser feito ou corrigido ao que foi feito. 

Na prática, o que interessa é ocupar os lugares deixados vagos e continuar a mesma política chã.

Não deveria ser assim, mas é o que acontece: como disse um dia Vasco Pulido Valente, "a política é uma actividade má que atrai as pessoas más. Malformadas, desonestas, corruptas."

Talvez o escrutínio público (se o houvesse...) pudesse pressionar os líderes a deixar vingar os mais competentes nos partidos. 

Mas será que os líderes estão interessados em promover a vinda de novos valores para a vida política?

Alguém consegue ver, também na Figueira, o PS e o PSD, permitir a mudança do ambiente político, expurgando-o dos que por lá andam por interesses próprios? 

Enquanto a desejada e prometida máquina para remover os "jacintos", importada dos Países Baixos, não chega, vai-se empurrando com a barriga...

 Imagem via Diário as Beiras

Comissão Concelhia da Figueira da Foz do Partido Comunista: carta aberta à população de Quiaios


A Comissão Concelhia da Figueira da Foz do Partido Comunista Português reage à situação política na freguesia de Quiaios numa «carta 
 aberta» que, via Campeão das Províncias, se transcreve:

«1. O impasse criado na Junta de Freguesia de Quiaios deve-se unicamente aos elementos locais do Partido Socialista.
Não satisfeitos com o exercício de um mandato autárquico eivado de prepotência e ilegalidades a que o tribunal, felizmente para todos, pôs cobro, continuam a não aceitar que já não merecem a confiança da maioria dos eleitos na Autarquia de Quiaios e que, como tal, não têm condições para continuar à frente dos seus destinos.

2. Como já é da “praxe”, culpabilizam tudo e todos pela situação por eles criada e não têm a humildade democrática para reconhecer que defraudaram a população que neles votou, por força de uma gestão própria de uma “república das bananas”, onde prevaleceu o desempenho ditatorial da ex-presidente da Junta de Freguesia.

3. Considera o PCP que, neste momento, o que está a acontecer em Quiaios não são mais do que manobras dilatórias com vista a arrastar este processo tanto quanto possível, de forma a evitar dar de novo a voz à população de Quiaios, quem sabe devido ao receio de um resultado que poria fim às ambições pessoais do Sr Ricardo Santos que, contra ventos e marés, quer ser o novo presidente da JF.

4. Compete ao PS assumir as suas responsabilidades e demitirem-se em bloco, pois todos são culpados pela forma desrespeitosa da legalidade com que deram cobertura a um mandato execrável, deixando assim que o processo siga o curso normal e previsto nas leis que regem o Poder Local.»

domingo, 1 de novembro de 2020

Morreu um símbolo do Grupo Desportivo Cova-Gala: o sócio número um

Via Grupo Desportivo Cova-Gala

Carlos Pereira Mano, foi um Homem do Povo, humilde, mas que muito deu ao desporto da Cova Gala.
Como reza a história do Grupo Desportivo Cova-Gala, foi um dos fundadores que, desde o início da fundação do Clube, se entregou de corpo e alma ao estímulo pela prática do bom futebol, como desporto para crianças. Quando com ele falávamos, o sentimento desses dias de alegrias e tristezas enchiam-lhe a boca com memórias de boas recordações. 
“Os meus ricos meninos” – dizia ele com saudade, enquanto tentava visualizar em pensamento um a um
“Sempre me obedeciam! Eram meigos e faziam tudo que lhes pedia. Gostava muito deles. Até mesmo os mais velhinhos, os seniores, gostavam muito de mim. Mas não admira pois eu também lhes fazia todas as vontades. Tratava-lhes da roupa, das botas, dos equipamentos, enfim, de tudo! Depois havia o resto do pessoal. Tínhamos um bom grupo na Direcção pronto para trabalhar, apesar das dificuldades nesse tempo serem muitas. Hoje em dia têm tudo, nada lhes falta, mas mesmo assim parecem insaciáveis. Querem mais e mais e do bom! Nesse tempo, até com bolas todas estafadas e com a câmara de ar à vista a sair pelos gomos ainda se treinava. Mas deixa lá, os nossos meninos merecem tudo…” 
Como escreveu um dia o Pedro Agostinho Cruz, “sintam, amem o jogo como o nosso “Lhitas” ama o Cova-Gala.” 
Lamentavelmente, como tanto desejava, Carlos Lhitas morreu e não chegou  ver o Campo do Cabedelo modernizado com o relvado sintético. 
Sentidos pêsames à família enlutada e ao Grupo Desportivo Cova-Gala.

Erosão costeira na outra margem figueirense: eu sei que a esperança deveria ser a última coisa a morrer...

Recorro à memória e ao meu saudoso Amigo Manuel Luís Pata.

Fartava-se de dizer o seguinte: "há muita gente que fala e escreve sobre o mar, sem nunca ter pisado o convés de um navio".

Em 2003, lembro-me bem da sua indignação por um deputado figueirense - no caso o Dr. Pereira da Costa - haver defendido o que não tinha conhecimentos para defender: "uma obra aberrante, o prolongamento do molhe norte".
Na altura, Manuel Luís Pata escreveu e publicou em jornais, que o Dr. Pereira da Costa prestaria um bom serviço à Figueira se na Assembleia da República tivesse dito apenas: "é urgente que seja feito um estudo de fundo sobre o Porto da Figueira da Foz".
Como se optou por defender o acrescento do molhe norte, passados quase 18 anos, estamos precisamente como o meu velho Amigo Manuel Luís Pata previu: "as areias depositam-se na enseada de Buarcos, o que reduz a profundidade naquela zona, o que origina que o mar se enrole a partir do Cabo Mondego, tornando mais difícil a navegação na abordagem à nossa barra". 
Por outro lado, o aumento do molhe levou, como Manuel Luís Pata também previu, "ao aumento do areal da praia, o que está a levar ao afastamento do mar da vida da Figueira". Porém, e espero que isso seja tido em conta no disparate que é a projectada obra a levar a cabo pela Câmara Municipal da nossa cidade, "essa área de areia será  sempre propriedade do mar, que este quando assim o entender, virá buscar o que lhe pertence".

Como previmos, por isso o escrevemos para alertar quem de direito, já em 11 de dezembro de 2006, o processo de erosão costeira da orla costeira da nossa freguesia, a sul do quinto molhe,  era já então uma prioridade
Continua a ser... Até porque, entretanto, pouco se fez...
Nessa altura - 2006 -, tinha este blogue cerca de 6 meses de existência e a erosão da orla costeira da nossa freguesia assumia já – como continua a assumir cada vez mais ... - aspectos preocupantes - pelo menos para Manuel Luís Pata e para o responsável deste espaço. Especialmente, numa zona a que, na altura, ninguém ligava: a duna logo a seguir ao chamado “Quinto Molhe”, a sul da Praia da Cova...
Tal como agora, entendíamos que, por vezes, ao centrar-se a atenção sobre o acessório, perde-se a oportunidade de resolver o essencial...
Durante todos estes anos – o histórico de postagens publicadas prova-o -, a erosão costeira tem sido a maior preocupação do autor deste blogue.

Sofremos - na altura houve perseguições pessoais e continuamos a ser apelidados de tudo e mais alguma coisa... - ataques vindos de personagens que vão passando pelo poder local aldeão e  figueirense... 
Infelizmente, porém, o que muito lamento, pois adorava ter sido eu a estar completamente enganado e fora da razão, a realidade é a que todos conhecemos: neste momento, apesar de uma duna ter sido reconstruída e desfeita pelo mar e dos "chouriços" que estão a ser desfeitos também pelo mar, a duna a  Sul do 5º. Molhe da praia da Cova está devastada  e o mar continua a entrar pelo pinhal dentro...

Muita gente, que deveria ser responsável, por omissão, contribuiu para o estado a que chegámos.
Nós, aqui no Outra Margem, continuaremos a fazer aquilo que é possível: contribuir para sensibilizar a opinião pública da nossa freguesia, do nosso concelho, do nosso País e dos inúmeros covagalenses espalhados pela diáspora, para um problema gravíssimo que, em última análise, pode colocar em causa a sobrevivência dos covagalenses e dos seus bens.

Tudo foi dito, tudo se cumpriu: depois da construção do acrescento dos malfadados 400 metros do molhe norte, tal como mais que em devido tempo Manuel Luís Pata, a erosão costeira a sul  da foz do mondego tem avançado, a barra da Figueira, por causa do assoreamento e da mudança do trajecto para os barcos nas entradas e saídas, tornou-se na mais perigosa do nosso País para os pescadores, a Praia da Claridade transformou-se na Praia da Calamidade, a Figueira, mais rapidamente do que esperava, perdeu.
A pesca está a definhar, o turismo já faliu - tudo nos está a ser levado...
Cheguei a ter a esperança que, ao menos, perante a realidade os responsáveis autárquicos figueirenses pudessem compreender o porquê das coisas...
Já nem isso, porém: basta ler a crónica de ontem no Diário as Beiras da vice-presidente da autarquia figueirense para constatar que já nem essa esperança me resta.
Não passamos disto: não é fácil quebrar a monotonia na Figueira... 

Nada de novo: a tendência continua a ser para valorizar a fidelidade e não o mérito...

Erosão costeira na outra margem da Figueira...

Tudo, por aqui, foi dito ao longo dos anos e pode ser consultado... 
Desgraçadamente, até o "chouriço" vai nu...

"O mar é um gigante bruto que não tem noção da sua força. Não fomos nós que decidimos brincar com ele. Alguém o fez, mas não fomos nós. Por que raio temos de ser nós a pagar pelos erros alheios? Pior que ter um burro no leme, é ter um chico-esperto a mandar no barco. Aqui, deste lado, é o mar que corre para o rio - e eu ainda não encomendei a minha gôndola."
Agora, segundo o Notícias de Coimbra, «a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) anuncia que vai assegurar a curto/médio prazo intervenções em troços com valores críticos de erosão da orla costeira, para atenuar o processo que, em determinadas zonas, acontece de forma severa. 
Entre a Cova-Gala – Lavos, “com uma extensão de 4 km, 82% do troço encontra-se em erosão, sendo que destes 66% são categorizados como em situação de ‘Erosão Severa’ ou ‘Erosão Extrema’».

Solidão

- Aí não sou a melhor intérprete. Para mim há duas pessoas que simbolizam a solidão, a Amália e o José Carlos Ary dos Santos. A minha nada têm nada a ver com a solidão de um ou de outro. Conhecia muito bem o Ary, nos bons e nos maus momentos, e nunca tivemos qualquer tipo de desentendimento, e estou a incluir os assuntos políticos, nada de nada. Ele costumava dizer que eu era muito mais comunista do que ele, era genial e adoravelmente ordinário. A solidão dele tinha tanto de poesia e de talento que quase era parecida com a solidão da Amália.

Associa a solidão ao talento.
- O mais possível. A solidão da solidão, por isso é que a Amália só se deitava às seis da manhã, achava que a noite era morrer, por acaso também acho um bocadinho. E por isso vivo à noite, gosto da noite para estar de olhos abertos, de manhã sou insuportável. É mesmo isto, agora que o penso. A noite é tudo, posso ter as dores todas, mas chego às duas da manhã e estou ótima, tenho dores na mesma, mas nem as sinto. As pessoas da noite têm um encanto que as que gostam do dia não têm, são umas chatas.
• Excerto da conversa de Luís Osório com Simone de Oliveira que poderá ler na íntegra no livro "30 Portugueses, 1 País"