António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
sábado, 24 de abril de 2021
Grândola
Autárquicas 2021: ponto da situação em 24 de Abril de 2021
A suprema vaidade dos deputados e o caso António Gameiro
Joaquim Emídio
Director Geral de O MIRANTE
"António Gameiro é deputado do PS e foi candidato à Câmara de Ourém durante cinco dias: até estalar mais uma polémica que deriva da sua profissão de advogado. Mais uma vez os dirigentes políticos do Partido Socialista remeteram-se ao silêncio e fingiram que não conhecem o sentimento do povo mesmo depois do espectáculo recente no âmbito da Operação Marquês.
A suprema vaidade de alguns deputados é levarem empresários amigos a almoçar no restaurante da Assembleia da República. Só lá almocei duas vezes em mais de trinta anos de trabalho mas chegou para confirmar o que acabo de escrever; os testemunhos que vou recebendo de outros profissionais e de pessoas amigas confirmam o facto: aquele lugar onde se reúnem algumas figuras públicas é uma espécie de montra para os deputados das negociatas levarem os seus amigos “patos bravos” e facturarem o seu prestígio e as suas influências no meio político.
De tal forma a coisa é feia, e dá nas vistas, que alguns deputados dos partidos do arco do poder sentem-se incomodados: aqueles que não pertencem ao clã dos negócios, e são deputados em exclusividade, condenam este aproveitamento mas nada podem fazer já que os partidos dão rédea larga aos seus representantes no Parlamento e não impõem a ética que exigem noutros sectores da sociedade.
António Gameiro foi alvo de buscas da PJ em razão de ser advogado num escritório que terá mediado o negócio da venda de um terreno em Monte Gordo. António Gameiro tinha apresentado a sua candidatura à Câmara de Ourém dois dias antes das buscas. Alguém do partido deve ter avisado o deputado que tinha que retirar a candidatura e ele assim o fez. Aproveitou a embalagem e pediu a demissão de presidente da concelhia socialista de Ourém e do Conselho de Fiscalização do Sistema Integrado de Informação Criminal, que funciona junto da Assembleia da República. Ficou por pedir a demissão, ou a suspensão, do cargo de deputado; diz ele, tentando justificar o injustificável, que tem o direito à presunção da inocência. E tem. Então porque não manteve todos os outros cargos? É aqui que a porca torce o rabo: o cargo de deputado é que o mantém na crista da onda. O resto são migalhas.
Os dirigentes do PS e do PSD, perante mais este caso de mistura explosiva entre a actividade política e profissional, ficaram calados que nem ratos. Os bons costumes e os bons exemplos são só para os estadistas; a arraia-miúda, “os biscateiros da democracia”, “os serventes da República”, podem continuar a sua vidinha parlamentar com o mesmo à vontade que praticam as suas profissões de professores universitários, advogados, consultores e o mais que se sabe.
Daqui a umas semanas a pandemia, a campanha eleitoral para as autárquicas, os esquemas que vão aparecendo que nem cogumelos, e que corroem a democracia, fazem com que este assunto seja esquecido e se some a centenas de outros que nos últimos anos são a grande razão para o descrédito do regime. António Costa bem podia dar o exemplo e por ordem na classe política do seu partido. Rui Rio podia aproveitar as vantagens dos comportamentos dos seus colegas deputados e apelar à mudança de regras e de estatutos; podia e devia mobilizar as suas tropas e ajudar a fazer a revolução que o regime precisa. Ficou calado a exemplo do que aconteceu durante três dias depois do espectáculo da leitura das mais de seis mil páginas da decisão instrutória sobre a Operação Marquês: Rui Rio sabe que amanhã será a vez de um dos dele ser apanhado."
sexta-feira, 23 de abril de 2021
Só não acerto no euromilhões...
Longe dos olhares, no silêncio dos gabinetes, o Cabedelo está a ser alvo de um atentado. Se nada mais conseguirmos, não podemos esquecer o julgamento e fazer cair definitivamente a máscara dos mandantes...
Como penso que toda a gente que vem até este meu canto sabe, tenho um fraquinho muito grande e especial pelo Cabedelo.
Desde que me recordo, olho para o Cabedelo de uma forma cúmplice e agradeço a força e o sorriso que traz, todos os dias, à minha vida.
Como sabemos, a vida custa a todos... Mas, a alguns em especial!
Como acontece em tudo na vida, é preciso estar-se no sítio certo no momento certo. O trabalho e o esforço são determinantes, mas um pouco de sorte ajuda muito.
E ter a sorte de poder, sempre que o queira, encontrar-me com um local como o Cabedelo, mais do que sorte, na minha vida é uma benção.
No inverno, tem aquela luz ténue e límpida, própria desta estação do ano. Em dias frios, tenho a sensação que o frio purifica a luminosidade, o que é uma benção, em especial, para os fotógrafos.
A luz de inverno, no Cabedelo, é calma e fugaz. Os dias são curtos e transmite a necessiade de não desperdiçar um momento que seja, pois os dias de inverno no Cabedelo são lindos, mas têm algo que faz lembrar o efémero.
A partir da primavera tudo é diferente. A sensação de êxtase dura mais - quase parece permanente.
Tirando o mês de Agosto, o Cabedelo rodeia-nos de uma atmosfera muito especial. Somos nós e o sol - isto, é a natureza.
Fim de citação.
Passados 4 anos e mais de 5 milhões de euros o Cabedelo está assim...
· Praia do Cabedelo, freguesia de São Pedro. Autor: Celso Silva/Digitart. Via Figueira na Hora
Mas todos sabemos como vai acabar
Santana Maia Leonardo, via jornal O MIRANTE
"Esta verdadeira Irmandade da Ganância foi fundada, discretamente, durante o governo do Bloco Central que tomou conta da Administração Pública e pariu os grandes grupos económicos portugueses, que cresceram à sombra do Estado e se confundiram com ele. Quando as leis são feitas precisamente por aqueles que as leis deviam perseguir, a Estratégia contra a Corrupção resume-se sempre em fingir que se combate a corrupção, ao mesmo tempo que se abre a saca para arrecadar os novos fundos.Devemos ao 25 de Abril a entrada na União Europeia, o que nos garante a Democracia, a Liberdade e uma sociedade de bem-estar a que não teríamos qualquer hipótese de aceder de outra forma, tendo em conta o contexto iliberal, conformista e conservador (no mau sentido) em que os portugueses cresceram e foram educados, mais vocacionado para a pedinchice, a lamúria e a sabujice do que para liderar, agir e fazer. Todas as instituições do Estado Novo chegaram ao dia 25 de Abril totalmente envelhecidas e corrompidas, incapazes de esboçar uma reacção, ainda que ligeira, ao movimento dos capitães.
No entanto, o poder político saído do 25 de Abril, em vez de ter arrancado pela raiz as instituições herdadas do Estado Novo, limitou-se a fazer-lhes a poda, o que levou a que estas voltassem a ganhar raízes e a florescer ainda com maior pujança e carregadas dos seus piores vícios: o centralismo, o caciquismo, o servilismo, o maniqueísmo, a corrupção, a cunha, o compadrio, a subserviência, a inveja, o respeitinho, a censura e a cultura iliberal de rebanho e de funil.
Parafraseando Fernando Pessoa, também podemos dizer que, com o 25 de Abril, "cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez”, mas ainda falta cumprir-se Portugal.
Com efeito, as convulsões do período revolucionário, o saneamento em massa das pessoas mais competentes e qualificadas, o assalto das instituições por gente sem qualificações, nem escrúpulos, e a bancarrota que se lhe seguiu, criaram as condições objectivas para a tomada do poder por uma Associação de Malfeitores, a que eufemisticamente se baptizou de Bloco Central de Interesses, cujo único objectivo era o saque e a pilhagem dos fundos comunitários. Esta verdadeira Irmandade da Ganância foi fundada, discretamente, durante o Governo do Bloco Central que tomou conta da Administração Pública e pariu os grandes grupos económicos portugueses, que cresceram à sombra do Estado e se confundiram com ele.
E, quando as leis são feitas precisamente por aqueles que as leis deviam perseguir, a Estratégia contra a Corrupção resume-se sempre em fingir que se combate a corrupção, ao mesmo tempo que se abre a saca para arrecadar os novos fundos.
Vejamos o caso do processo Marquês. Segundo o juiz de instrução, os crimes de corrupção estão todos prescritos, com base no acórdão n.º90/2019 do Tribunal Constitucional que decidiu fixar o início da contagem do prazo de prescrição na promessa de corrupção e não no final do pagamento do suborno, como seria lógico. E quando saiu este Acórdão? Por coincidência (há cada coincidência!), uma semana após a abertura da instrução?!... Até parece que foi de propósito… E, segundo já li em qualquer lado, isto “Só agora começou”… Basta, aliás, olhar para a cara e para as pernas dos camaradas do animal feroz para constatar isso: as perninhas tremem que nem varas verdes e os rostos revelam uma angústia extrema como se as suas sólidas carreiras políticas estivessem depositadas e a vencer juros na caixa forte do Dono-Disto-Tudo. Cuidado, camaradas! Que isto “Só agora começou…”
Mas a irmandade pode dormir descansada, porque todos sabemos como isto vai acabar… ainda que eu já não esteja cá para ver."
A propósito de uma chuvada forte, mas breve: a eficácia e a prontidão no apuramento das conclusões do levantamento sobre as causas das inundações em Buarcos é impressionante: nem um dia demorou!
O PSD/Figueira, os militantes e os figueirenses em geral (como eu)...
O líder da concelhia local confirma que o dirigente do partido demissionário, de facto, o exortou a falar com Santana Lopes, a fim de aferir se este estaria disponível para ser candidato na Figueira da Foz.
“Confirmo que me fizeram essa proposta, inclusive negociar o lugar de vereador e outros cargos, os quais considerei inqualificáveis. Presumo que tinham o beneplácito dos promotores de uma candidatura independente que o agora demissionário apoia e participa em actividades desse grupo”, afirmou Ricardo Silva. Que acrescenta: “assim sendo, obviamente nem respondi”. E a seguir, igualmente via Diário as Beiras, Ricardo Silva justifica porque não respondeu à proposta: “porque só poderiam vir de quem está no partido à busca de tachos”, afirmando que não é o seu caso “e nunca foi”. "Estar no partido, é lutar pelos ideais do mesmo, nunca por recompensas pessoais”.
A terminar e continuando a citar o Diário as Beiras, o presidente da concelhia afirmou: “O PSD da Figueira da Foz não está à venda, nunca esteve e nunca estará. Repudiamos esse tipo de posicionamentos”.
Para certas pessoas, nomeadamente o actual vereador Carlos Tenreiro, esta questão concreta deveria interessar sobretudo a militantes do PSD. Coisa que que eu não sou.
Para desgosto e desconforto de quem pensa assim, a meu ver, os problemas que o caso revela dizem respeito aos cidadãos figueirenses em geral, como eu.
O que está em causa é a qualidade da democracia na Figueira, que passa pelo interior dos partidos. O declínio ou a elevação da vida política e da autenticidade cívica no quadro do sistema partidário, é por aí que passa. Como é também por aí que passa o desenvolvimento do nosso concelho e a melhoria da nossa qualidade de vida.
Numa democracia formal, os partidos são essenciais, enquanto instrumentos de preparação e concretização das grandes escolhas pela vontade popular. Por isso, é fundamental estarem à altura da responsabilidade democrática. Isso implica, não degradar a democracia pelas práticas que adoptam.
Uma das lacunas dos democratas figueirenses, quando instalados no poder, é passarem a ter apenas capacidade e receptividade para o que gostam de ouvir. Quem ousar questionar e ter opinião fora do "rebanho" à boa maneira socialista, mas não só, "leva"...
A distância entre políticos e cidadãos existe...
Sinto-me um priviligeado: viver 47 anos em democracia é um marco histórico na vida de um português.
quinta-feira, 22 de abril de 2021
Criticam os críticos em vez de estudarem os assuntos e depois não passam no teste...
OUTRA MARGEM É UM ESPAÇO INCÓMODO PARA AS ELITES... TEMOS PENA.
A ser verdade o que Manuel Domingues diz na edição de hoje do Diário as Beiras a concelhia do PSD/Figueira é fortíssima!..
NEM TODAS AS CRISES TERMINAM BEM
Viriao Soromenho-Marques