terça-feira, 8 de outubro de 2019

Alfredo Pinheiro Marques sobre Diogo Freitas do Amaral - 05.10.2019 (e Diogo Freitas do Amaral sobre Alfredo Pinheiro Marques [14.03.2013])

 DIOGO FREITAS DO AMARAL - 05.10.2019

"Hoje tiveram lugar em Portugal as cerimónias fúnebras, com honras de Estado, de Diogo Freitas do Amaral, considerado um dos fundadores do horizonte político-partidário da democracia portuguesa iniciada em Abril de 1974: o criador, em parceria com Adelino Amaro da Costa, de um dos quatro partidos políticos então legalmente constituídos, o CDS, o partido mais conservador e situado mais à direita no espectro político português que então se iniciou sob o regime democrático (ao mesmo tempo do PS, de Mário Soares, do PPD, de Mário de Sá Carneiro, e do PCP, de Álvaro Cunhal).

Esta sua evocação, na ocasião do seu falecimento, é agora aqui feita pelo signatário destas linhas, Alfredo Pinheiro Marques, e pela associação científica por si dirigida, o Centro de Estudos do Mar (CEMAR), respectivamente como autor e como entidade associativa editora do livro A Maldição da Memória do Infante Dom Pedro e as Origens dos Descobrimentos Portugueses (Figueira da Foz: CEMAR, 1994 [1995]), nos termos, e pelas razões, que a seguir se explicitam.

Diogo Freitas do Amaral foi um político — condição na qual veio a ser considerado como o paradigma do "Centro-Direita" e da Democracia Cristã em Portugal (embora depois também tenha vindo a desenvolver intervenções públicas no âmbito de outros quadrantes ideológicos mais diversificados), veio a ser candidato à Presidência da República Portuguesa, etc. —, mas foi, também, e sobretudo, um conhecido especialista de Direito Administrativo e Constitucional, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (onde, de resto, havia sido discípulo de Marcelo Caetano, ele próprio, no passado, um jurista já particularmente apontado para os temas da História da Administração Pública).
Diogo Freitas do Amaral foi um professor de Direito que se mostrou especialmente interessado, informado, e até mesmo interveniente, à sua própria maneira, nas matérias da historiografia portuguesa e das respectivas problemáticas, controvérsias e debates.

Mostrando estar atento aos contributos verdadeiramente significativos e inovadores, e que vão ficar para sempre para o futuro dessa historiografia (mesmo quando tais contributos são insidiosamente censurados, feitos desaparecer, e silenciados pelas mediocridades mafiosas do presente, que pontificam nos compadrios, carreirismos e cobardias dos corporativismos académicos e universitários), Diogo Freitas do Amaral, professor catedrático de Direito da Universidade de Lisboa (e de outras universidades portuguesas e estrangeiras), quis escrever e quis tomar posição — e, por isso, escreveu e tomou posição — acerca da censura e silenciamento do livro A Maldição da Memória do Infante Dom Pedro e as Origens dos Descobrimentos Portugueses (1995) e acerca da insidiosa perseguição movida em Portugal contra o seu autor, Alfredo Pinheiro Marques. Um autor que ele nem sequer conhecia pessoalmente (e a quem, no entanto, apesar disso, tomou a iniciativa de escrever). E um livro, silenciado, que ele teve que descobrir e encontrar por si próprio.
Um livro e um autor que, ainda que ideológica e politicamente não lhe fossem próximos (nem cujas teses certamente pudessem ser por si acompanhadas, na totalidade das revolucionárias e polemicíssimas novas interpretações que afirmaram, para a História de Portugal, desde 1995), considerou em todo o caso como merecedores de terem tido outro tratamento: de terem sido ouvidos e discutidos (em vez de terem sido, à maneira portuguesa, insidiosa e cobardemente censurados, silenciados, perseguidos, e feitos desaparecer).

Não conhecendo qualquer endereço postal actualizado para contacto com o Alfredo Pinheiro Marques autor de A Maldição da Memória… (após a censura e infame perseguição final que foi o vergonhoso afastamento desse autor em Novembro de 2004 da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra onde havia sido docente ao longo dos últimos vinte e dois anos…), o professor catedrático de Direito Administrativo da Universidade de Lisboa endereçou a sua carta, com a sua tomada de posição, em Março de 2013, para o endereço postal da Câmara Municipal de Mira (!)… certamente por julgar que essa autarquia havia estado ligada à edição do livro A Maldição da Memória… Um equívoco, compreensível, uma vez que, de facto, desde sempre tinham existido muitas cooperações, e colaborações em edições de livros (sempre de maneira graciosa e desinteressada), de Alfredo Pinheiro Marques, e do CEMAR, com essa autarquia portuguesa da Beira Litoral. Tal autarquia havia mesmo sido a que havia dado o honrosíssimo exemplo nacional (pioneiro, em Portugal inteiro…) de, em Dezembro de 1996, erguer em bronze a primeira de todas as estátuas do Infante Dom Pedro de Coimbra, Regente de Portugal, assassinado em Alfarrobeira (a obra belíssima, e inultrapassável, do grande Escultor Alves André). Mas, em todo o caso, foi um equívoco, pois A Maldição da Memória do Infante Dom Pedro… ("… o livro que mudou para sempre a História dos Descobrimentos e a História de Portugal…"…) havia sido publicado em Julho de 1995 na Figueira da Foz somente pelo CEMAR (e os seus custos de impressão haviam sido então integralmente custeados pelo próprio autor Alfredo Pinheiro Marques, que fez questão de assim assumir ele próprio, sozinho, esse seu contributo principal para a historiografia portuguesa e para a História de Portugal).

Na sua missiva de 14.03.2013 — cujo original desde então se guarda no "Arquivo Alfredo Pinheiro Marques" no ABCD-Arquivo Biblioteca e Centro de Documentação do CEMAR na Figueira da Foz (Buarcos) juntamente com muitas outras tomadas de posição de muitas outras personalidades, dos mais diversos e contraditórios quadrantes, acerca desse livro maldito e silenciado de 1995 — o professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa quis fazer a justiça de escrever o seguinte (acerca de um autor, e dos seus livros, em relação aos quais, obviamente, nem sequer se encontrava próximo, e eventualmente poderia nem manifestar concordância em muitos aspectos concretos): "(…) Li há tempos, por empréstimo de um amigo meu, o seu extraordinário e corajoso livro "A maldição da memória do Infante D. Pedro e as origens dos Descobrimentos portugueses", Figueira da Foz, 1994. Reli-o agora, juntamente com os dois livros que se lhe seguiram, "Vida e obra do 'Príncipe Perfeito' D. João II", 1997, e "Para o silêncio da História", 1999.  Parecendo-me que o Dr. Alfredo Pinheiro Marques levanta um problema que tem toda a razão de ser; que é inacreditável o silêncio (e a calúnia) em torno das suas teses, e que estas merecem, no mínimo, ser discutidas, embora possam não ser todas fundadas, ou de alcance tão vasto como o que o seu autor lhes atribui — venho, por este meio, felicitá-lo pelo seu combate a favor da descoberta da verdade científica. (…)" [sic].

Diogo Freitas do Amaral, em 14.03.2013, quis escrever isso para nós. E, por isso, nós, agora, em 05.10.2019, quisemos escrever isto para ele, revelando publicamente essa sua atitude.

Uma atitude tanto mais surpreendente por vir do quadrante de onde veio. Ao mesmo tempo que tantos indivíduos — tantos, e tantos… —, na patética "comunidade científica" e na infeliz historiografia universitária portuguesa dos fins do século XX e dos inícios do século XXI (uma "comunidade" e uma historiografia sempre, miseravelmente, iguais a si próprias…), e tantos deles até ditos "colegas" e "amigos" (sic)… e tantos deles ainda e sempre impunes pelas censuras que praticaram em entidades oficiais do Estado Português como a Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (CNCDP), ou a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), ou a Câmara Municipal de Montemor-o-Velho (CMMV), etc.… e tantos deles ditos tão "progressistas" e tão "de esquerda" (sic)… sempre se calaram, prudentemente… E sempre se perfilaram, cobardemente, como cúmplices e coniventes (e até mesmo como activos agentes…) da mais abjecta censura científica e do mais vergonhoso silenciamento historiográfico.

Essa "comunidade" académica e historiográfica portuguesa dos fins do século XX e dos inícios do século XXI, e todos aqueles que nela ganham e gastam o abundante dinheiro público da "Cultura" e da "História" de um pobre país sempre à beira da falência (infelizmente, na situação trágica que é a de Portugal nestas décadas), encontram-se, de facto, desde 1995, numa situação gravíssima, insustentável, e vergonhosa: uma situação que vai cobrir de infâmia e de ridículo todos aqueles que, neste tempo, não tiveram a isenção, a independência, e a coragem, de dela se demarcarem, e deixarem a sua posição expressa.
Desde Julho de 1995… a data da publicação de A Maldição da Memória…
E mais ainda desde Novembro de 2004… — a data da perseguição e censura final (despedimento, da carreira universitária e da função pública, ao fim de vinte e dois anos de serviço…!) praticadas contra o autor desse livro maldito.  A perseguição e censura final que foram levadas a cabo impunemente na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) ao mesmo tempo das criminosas perseguições que, paralelamente, de uma forma indissociável, também se iniciaram nesse mesmo mês de Novembro de 2004 (e com os apoios logo então prestados do interior dessa mesmíssima FLUC para a sua célebre plagiadora serial… a plagiadora, formada e protegida nessa Faculdade, que se atreveu a perseguir judicialmente quem havia denunciado os seus crimes seriais de plágio…). As criminosas perseguições contra o Alfredo Pinheiro Marques autor de A Maldição da Memória que começaram a ser perpetradas também nos arredores rústicos de Coimbra (Câmara Municipal de Montemor-o-Velho…), onde chega a sombra do arrogante e provinciano feudalismo, dito "académico", conimbricense (da Universidade que, anedoticamente, andou durante anos a afirmar publicamente em Portugal, nos inícios do século XXI, que queria possuir, e iria possuir, seu [!], um tribunal judicial...!).
As perseguições, em Montemor-o-Velho, nos arredores de Coimbra, pelas quais Portugal já começou, desde 2015, a ser condenado em Estrasburgo no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, por violação do Direito à Liberdade de Expressão (22.01.2015, CEDH nº 26671/09).

A verdadeira diferença está em todos aqueles que, neste mundo — sejam de que quadrante forem — são capazes de ter a isenção, a independência, e a coragem, de se demarcarem, e tomarem posição.
Esses serão os que um dia deverão ser também lembrados, juntamente com as grandes obras que a mediocridade mafiosa do presente, no seu tempo, infrutiferamente, tentou censurar e silenciar, e impedir de chegar ao Futuro."

Alfredo Pinheiro Marques
Centro de Estudos do Mar (CEMAR)

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Resultados eleitorais no concelho da Figueira: 2019 comparado com 2015...

"O que defende o Chega?"

Da série postagens inofensivas que não ofendem ninguém...

Imagem via Diário as Beiras
Nota 1:
O PARQUE DE CAMPISMO
"Era (é) um equipamento essencial para o turismo figueirense, cujos utentes oscilavam à época entre os 15 e os 18 mil - mais concretamente 18 113, com 130 064 dormidas, em 1982 - número reduzido presentemente a pouco mais de metade, com 9 492 utentes em 2017.
Toda a actuação relativamente ao Parque foi no sentido de preservar ao máximo a privacidade e tranquilidade dos seus utentes, evitando visitantes estranhos - um parque de campismo não é nenhum "jardim zoológico"... - com excepção dos convidados dos próprios campistas, que os vinham buscar à recepção.
Muito recentemente, um responsável autárquico demonstrou a sua ignorância ao anunciar a intenção de o transformar num equipamento misto aberto à população da cidade." 

Do livro FIGUEIRA DA FOZ Memória de um mandato e os anos perdidos, de Joaquim de Sousa, página 91.

Nota 2:
Se bem me recordo, a primeira edição do Sunset, presumo que um bom contribuinte no nível da ocupação do Parque Municipal de Campismo nos últimos 7 anos, realizou-se em 2012.

A minha única desilusão das Legislativas de 2019...

Imagem sacada ao blogue O Sítio dos Desenhos
A malta do distrito de Coimbra deixou o violino no saco, ao violinista em que também votei e não estou arrependido.
Foi pena. Que ricos concertos não perdeu o Povo Português e a Assembleia da República!..

E interesse municipal?..

Imagem via Diário as Beiras

Da série postagens inofensivas que não ofendem ninguém...

Carlos Monteiro: duas vitórias, sem ter ido a votos.

Imagem via Diário as Beiras

Lembram-se?.. Foi há um ano...

Frases da noite eleitoral

Extrema-direita chega ao Parlamento...

Um almoço já cá canta...

domingo, 6 de outubro de 2019

Parabéns Grupo Desportivo Cova-Gala!..

Ontem, o Grupo Desportivo Cova-Gala completou 42 anos de vida. Tempo para recordar um texto de 5 de Outubro de 2011, que no essencial continua actual.

foto via ULTRAS MARGEM SUL


Texto de PEDRO José Agostinho da CRUZ
"Os sonhos e os rostos são os mesmos. As vitórias, as promessas e as dificuldades teimam em permanecer. O campo é o mesmo -  lamentável!
Hoje, 5 de Outubro de 2011 o Grupo Desportivo Cova-Gala celebra 34 anos de existência.
Naquele pedaço de saibro, miúdos com idades compreendidas entre os 6 e 12 anos de idade praticam no clube que por opção escolheram a modalidade que gostam – futebol.
Segundo consta,  ao lado do campo do Grupo Desportivo Cova-Gala vai nascer mais uma invenção do poder local - um campo sintético (4 x 4). Uma espécie de campo de futebol (idêntico ao campo do parque de merendas – “o ex-líbris da vila”). Não quero acreditar que seja verdade. Alias, não pode ser verdade!
O Grupo Grupo Desportivo Cova-Gala sonha com o campo prometido. O Grupo Grupo Desportivo Cova-Gala merece o campo prometido.
A “Vila de S.Pedro” dos boys não merece este Cova-Gala que luta todos os anos para sobrevir.
A “Vila de S.Pedro” dos boys devia ser mais do que uma terra de rotundas idealizada por cabeças quadradas.

O Grupo Grupo Desportivo Cova-Gala dificilmente formará "craques". No entanto, uma coisa é certa, o Grupo Grupo Desportivo Cova-Gala continua diariamente a formar Homens!.."

“São quatro anos decisivos na vida de Portugal”...

MEMÓRIAS

Via Daniel Santos

"Estas grades, em boa hora mantidas nas proximidades do seu local de origem, têm uma história de guerrilha política entre os regeneradores e progressistas que se alternaram nos executivos da Câmara da Figueira. Foram colocadas para protecção entre o nível das praças Nova e Velha e a doca.
Esta, como outras memórias existentes na cidade, são referências históricas cujo conhecimento permitirá perceber o presente e ajudará a fundamentar o futuro. O modo de respeitar a sua autenticidade está muito para além da vontade de um qualquer que, acabado de chegar ou sendo autóctone, se encontra a prazo no exercício de um poder efémero.
Já aqui foi escrito, e por outros corroborado, que adjacentemente à doca se situava a então designada PRAIA DA SARDINHA, junto a cujo local foi colocada uma “memória” que lhe alterou a designação e ali se mantém, apesar das chamadas de atenção de alguns figueirenses.
Agora que o município é presidido por um figueirense nado e criado, talvez seja a ocasião para corrigir o erro, sob pena de se manter mal informados os vindouros. É só uma questão de respeitar a letra do Regulamento de Toponímia. E não tem custos significativos."

Nota: 
Via OUTRA MARGEM de 3 de Novembro de 2016: reponham a memória e a verdade histórica: praia da sardinha, se faz favor...

HOJE HÁ ELEIÇÕES LEGISLATIVAS


"Muito se tem especulado sobre como será o “day after” se o PS ganhar as eleições sem maioria absoluta. Dizem uns que se o PS fizer maioria com os deputados do Bloco dificilmente haverá acordo por o PS não querer ficar nas mãos do Bloco, quer esse apoio seja parlamentar, quer de coligação governamental. Dizem outros que mais fácil seria o acordo com o PCP se o número de deputados de ambos os partidos fossem suficientes para fazer maioria. Outros, finalmente, colocam a hipótese de o PS governar sozinho, como já fizeram Soares, Guterres e Sócrates.

A minha análise da situação é um pouco diferente. O que me parece é que, sejam quais forem os resultados eleitorais do BE e da CDU, a menos que se trate de uma verdadeira catástrofe para um deles, a Costa só restam duas saídas: ou tentar um acordo semelhante ao desta legislatura ou governar com a abstenção e o apoio de Rio, consoante os casos.

De facto, o PS nas sete vezes em que governou sem maioria absoluta nunca governou sozinho. Em dois acasos governou em coligação com a direita, uma vez com o CDS, outra com o PSD. Em quatro, governou sem coligação com o apoio da direita, salvo num ou noutro caso, de relativa pouca importância, em que beneficiou do apoio pontual da esquerda. Em cinco destas seis situações os governos não concluíram a legislatura, ou por a direita ter rompido a coligação ou por a direita ter derrubado o governo no Parlamento. Em todos os casos em que a direita derrubou o Governo, quer por rompimento da aliança, quer por votação no Parlamento, o PS perdeu as eleições subsequentes. Sem maioria absoluta, o PS somente por duas vezes concluiu a legislatura, uma vez por Guterres, outra por António Costa. De ambas as vezes, a confirmarem-se as sondagens, o PS ganhou as eleições legislativas subsequentes. 

Este é o quadro histórico. Das duas hipóteses acima referidas, a ter em conta depois de conhecidos os resultados das eleições de amanhã, a que me parece menos provável é a de um acordo à esquerda. Esse acordo, a existir, nunca seria com apenas um partido. Não só por essa não ser a hipótese que mais interessa ao PS, nomeadamente no caso de esse partido ser o Bloco, mas também por nenhuma das duas forças políticas da esquerda – BE e CDU – estar verdadeiramente interessada num acordo que deixe a outra força de fora a concentrar nela a capitalização do descontentamento governativo.

Independentemente destas considerações, os últimos tempos têm demonstrado que as exigências à esquerda iriam subir de tom e teriam de ser satisfeitas para poder haver acordo. O que desagrada francamente ao Partido Socialista porque sabendo que o próximo contexto económico-financeiro será diferente para pior do desta legislatura de forma alguma lhe convém ficar “atado” a partidos que lhe dificultarão ou até inviabilizarão o cumprimento da ortodoxia financeira comunitária. Convém-lhe, portanto, arranjar um parceiro mais compreensivo e que comungue das mesmas preocupações. E a saída para esta situação, que nunca seria una saída sem antes se assistir a uma imputação de responsabilidades à esquerda por ter inviabilizado uma solução semelhante à actual, seria a de um acordo com Rui Rio, governando o PS com a abstenção ou o apoio do PSD, consoante os casos.

Não só é essa a solução que mais interessa ao "PS que conta", como é também a saída mais condizente com o contexto económico-financeiro esperado, além de coincidir com o interesse de Rio e para a satisfação do qual expressamente se candidatou. Rio sempre disse, quando concorreu à presidência do PSD contra Santana Lopes, que não se candidatava para ganhar as “próximas” eleições (as de amanhã), mas para tirar o PS dos braços do Bloco e do PCP. O que levou, como se sabe, ao “divórcio” de Santana Lopes e à criação da Aliança. Só que esta "saída", que é muito provavelmente aquela pela qual o PS vai “entrar”, é a que deixa nas mãos de Rio a marcação das próximas eleições, aquelas para cuja vitória Rio verdadeiramente se candidatou.

Como pode o PS "cair" nisto? Exactamente pelas mesmas razões que o levaram nas seis das sete vezes anteriores em que foi governo sem maioria absoluta a pretender o apoio da direita e a por ela ser derrubado por cinco vezes."
JM Correia Pinto via Politeia