Mesmo muitos dos críticos dos poderes e das suas políticas, não resistem à cegueira da "obra feita".
Quem se importa que, grandes obras, não são aquelas que se erguem de um dia para o outro. As grandes obras, são como as árvores: muitas vezes quem as planta não chega a colher os frutos.
Mas, o que é mesmo importante é a "obra feita". Este povo pela-se é por "obra feita". Pouco importa se a "obra" é útil, ou absolutamente desnecessária. Interessa, é se tem um efeito imediato.
Se no futuro se vier a verificar que foi um enorme desperdício, isso que importa. Apenas perdeu a Terra e o povo: o poder que a fez, não perdeu nada, ganhou aplausos e votos.
É por essa razão que há políticos, que uma vez no poder, fazem obras que mais não são do que estátuas a si próprios, para que no futuro se fale deles.
Construa-se mais uma rotunda, mesmo que não haja necessidade. A pressa é muita e os estudos demoram muito? Construa-se sem estudos.
Construam-se “sintéticos” para brincar... Construa-se o Portinho, mesmo que o canal não permita a navegação. Reconstrua-se a esmo as colectividades... Construa-se um estádio de futebol...
Relevante, é construir... Construa-se um fontanário... De preferência, para inaugurar, no momento mais conveniente: as eleições.
Não importa a sua utilidade. Que importa o impacto ambiental, o PDM, ou o PU? Ou o seu custo, se quem a mandou fazer e a inaugurou não a vai pagar?
É a fatal atracção deste povo pelo betão!
Não importa que o governante seja um déspota e um alarve, desde que faça obra.
É claro, que algumas obras são necessárias, desde que não sejam apenas para enganar o povo e enriquecer uns quantos oportunistas... E desde que bem pensadas e a sua adjudicação seja feita a quem apresenta as melhores condições e o melhor preço...
Conhecendo bem o povo que governam, há por aí uns "pardalões"!...
O povo, quando interessa, deve estar sempre mobilizado. Quando não houver motivo, inventa-se!..
Há gente tão pequena, que numa Terra tão pequena, ainda precisa de dividir para reinar, procurando colocar uns contra outros.
Muitos dos convencidos e muito seguros apoiantes fervorosos dos governantes de "obra feita" não passam, afinal, de "anjinhos".
Diz o Povo, que dizem ser sábio, que poder e construtores se "entendem" muito bem...
António Agostinho, o autor deste blogue, em Abril de 1974 tinha 20 anos. Em Portugal havia guerra nas colónias, fome, bairros de lata, analfabetismo, pessoas descalças nas ruas, censura prévia na imprensa, nos livros, no teatro, no cinema, na música, presos políticos, tribunais plenários, direito de voto limitado. Havia medo. O ambiente na Cova e a Gala era bisonho, cinzento, deprimido e triste. Quase todas as mulheres vestiam de preto. O preto era a cor das suas vidas. Ilustração: Pedro Cruz
1 comentário:
Eu acho o fontanário lindíssimo...Está escondido, eu sei!
E o portinho tb é deslumbrante e dá-me uma sensação de calma...
Tb sei ke existe mt trabalho a fazer!
Mas...Roma tb n se construiu num dia...Já passaram muitos dias!? Pois! tb sei!
Há tt coisa que pode ser feita! Mas calma!
Se todos ajudarmos...o mundo será por certo...uma rotunda!???Nãaa...
Calmex...ha-de se chegar a qualquer lado!
Com um vento destes, tbm...n sei, nao!
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