foto sacada daquiNo PSD/ Figueira, a fazer fé no que vem nos jornais, são várias as vozes que defendem um debate profundo sobre os resultados das últimas eleições autárquicas.
Há quem entenda, que Lídio Lopes se devia ter demitido na noite do passado dia 11 do corrente.
Lídio contrapõe: “se alguns abutres não pedissem a minha demissão é que seria de estranhar...”, pode ler-se no Diário as Beiras, de ontem.
Recorde-se que, no rescaldo da vitória do PS, Lídio Lopes admitiu que iria propor eleições antecipadas e que seria recandidato.
Aliás, o presidente da concelhia do PSD/Figueira, considera que se as eleições para a liderança nacional do partido forem antecipadas, “tem todo o sentido que haja simultaneidade dos actos eleitorais”.
Se o calendário normal fosse respeitado, as eleições para a escolha do líder do PSD teriam lugar lá para Fevereiro de 2010.
Mas, para quê esperar tanto tempo? O PSD, tanto a nível nacional, como a nível local, para as coisas animarem um pouco, precisa de eleger novos líderes o mais depressa possível. Quanto mais depressa eleger novos líderes, mais depressa a oposição interna começa a miná-los.
Não há tempo a perder, portanto: a autodestruição do PSD, nacional e local, para além de um espectáculo absolutamente deprimente, é uma prioridade para o País e para o concelho.
Miguel Almeida, por sua vez, preconiza a “realização urgente de um plenário”, que, aliás, na sua opinião, “já devia ter sido convocado, para os militantes poderem debater, com calma e sem restrições, os motivos da derrota e o que esteve mal nos últimos oito anos”. O PSD, a seu ver, “precisa de perceber o que se passou”!..
Miguel Almeida, cauteloso, não considera, por enquanto, prioritária a demissão de Lídio Lopes. Entretanto, apesar de, aparentemente, ainda não ter percebido o que se passou, sublinha que “uma coisa é clara aos olhos de todos os figueirenses: isto correu muito mal”!..
Para quem senhor ex-deputado?..
Lídio Lopes concorda com a realização do plenário. Porém, ressalva: “não estou disponível para aceitar conselhos daqueles que não me querem bem”. Por outro lado, frisa que, “estatutariamente, o PSD comportou-se de forma correcta. É tempo de, também estatutariamente, resolveremos as questões internas”. Assim, acrescenta, “tal como para as eleições autárquicas, devem ser os militantes a pronunciar-se, e não os efectivos protagonistas dos tempos recentes do partido”.
Assegura ainda que não permitirá que, “alguns, que por actos ou omissões, prejudicaram enormemente o partido, quais arautos inocentes, venham agora gritar por justiça”. E realça: “os militantes sabem bem o que fiz e o que me fizeram nestes últimos dois anos”.
Desde que Santana Lopes foi eleito presidente da Câmara da Figueira, em 1997, passaram 12 anos de poder autárquico PSD na Praia da Claridade. O desgaste, no essencial provocado pela catástrofe Duarte Silva & Ca. Lda., foi enorme: de 22 mil votos, em 1997, sobraram 10 mil, nas últimas autárquicas.
Pelo que li das posições publicas de Lídio Lopes e Miguel de Almeida, penso que eles ainda não perceberam o essencial: o PSD, tanto a nível nacional, como a nível local, pelo menos aqui na Figueira, está fora do momento, pois tem um problema de identidade.
Quando Portugal, depois da ditadura e a seguir ao chamado PREC, precisou de construir as estradas, as auto-estradas, mudar o sistema fiscal, começar a mexer na administração pública, privatizar a economia, esse, foi o momento do PSD, partido pragmático, sem ideologia.
Foi o período do chamado cavaquismo. O problema é que, com o fim dos anos de Cavaco, o PSD, não só perdeu a sua razão de ser, como passou a ter de partilhar o mesmo espaço político com um PS cada vez mais pragmático.
O que se passou a nível nacional, tem leitura local, depois do chamado “aguiarismo”, com o que se seguiu – o chamado período santanista figueirense. Só que, enquanto a nível nacional, por força dos dez anos de poder absoluto, o PSD criou raízes na máquina que gere o País (administração central, autarquias e instituições mais ou menos dependentes daquelas), na Figueira, dado que Santana Lopes só cá permaneceu 4 anos, não sei se houve tempo para criar raízes tão profundas nas instituições que gerem o concelho. Essa, é uma dúvida que mantenho, que só o futuro clarificará…
Santanismo com Santana, é uma coisa. Herdeiros do santanismo, sem Santana, é outra coisa, como aliás ficou patente na agonia que foram estes últimos 4 anos de mandato do eng. Duarte Silva.
Mas, um dado, tanto a nível nacional, como local, é transparente para quem souber ler e estiver atento: o PSD - e os interesses que gravitam na sua esfera -, hoje, não passa de um conjunto de caciques locais, mais preocupados com a manutenção dos privilégios adquiridos, do que com o bem comum ou, mesmo, do partido.
Alguém já esqueceu o que foram estes 4 anos de estertor do legado santanista, prestes a findar, na autarquia figueirense?..
Tudo resumido e espremido, não passou de uma luta de pequenos aprendizes de caciques locais, com prejuízos incalculáveis para o futuro do concelho da Figueira da Foz.
Pior, teria sido muito difícil…