sexta-feira, 30 de abril de 2021

Fim da guerra do Vietname aconteceu há 46 anos

Via Entre as brumas da memória

"No dia 30 de Abril de 1975, a rendição de Saigão (actual Ho Chi Minh) pôs fim à Guerra do Vietname que durou quase duas décadas e se saldou, como se sabe, por uma estrondosa derrota dos norte-americanos.

Foi motivo para grandes contestações enquanto durou, despertou para a política toda uma geração, nos Estados Unidos e não só, esteve na origem de protestos um pouco por toda a parte. Até em Portugal, em tempos de fascismo e apesar de proibidas, tiveram lugar pelo menos duas manifestações em Lisboa, em 1968 e em 1970".

Santana já é candidato à Câmara?..

«O Figueira A Primeira manifesta, através de comunicado, “profunda preocupação e vontade de resolver o imbróglio em torno do Paço de Maiorca”. 
O imóvel foi adquirido, pelo município, a particulares quando o executivo camarário era liderado pelo candidato à câmara Santana Lopes.»
Lido na edição de hoje do Diário as Beiras...

Monteiro, é nome de político na Figueira...

A Figueira tem um presidente de Câmara que é Monteiro...
Buarcos e São Julião, Freguesia, tem um membro do executivo que é Monteiro...
No passado dia 24 de abril de 2021, teve lugar a eleição da nova a Concelhia do Bloco de Esquerda da Figueira da Foz à qual concorreu uma única lista.
Em 7, que é o numero de elementos que compõem a lista de efectivos, 3 são Monteiro!..
A saber:


Alegre sai em defesa de Cravinho. Declarações de Constança foram “um insulto”

“Tudo quanto aumenta a liberdade aumenta a responsabilidade”. 
Victor Hugo (1802-1885), escritor e político
Imagem via jornal Público

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Santana Lopes anda por aí "em estilo low profile"...

Santana anda por aí. A fazer concretamente o quê, não se sabe. Sabe-se que anda por aí com uma hipotética, mas ruidosa, entrada na corrida autárquica no horizonte político. 
Imagem via Campeão das Províncias
Imaginamos que quer ser novamente presidente da câmara da Figueira da Foz.
Não é difícil de pressentir, para não escrever mesmo prever, o que viria depois de uma segunda putativa aventura autárquica de Santana Lopes na Figueira. Não há nisto nada de novo. Os acontecimentos, nomeadamente, o descuido da exigência do rigor na análise da pré-campanha autárquica em curso, não augura nada de bom.

E isto não é nenhuma farpa. É apenas uma constatação, baseada na memória de quem acompanhou, com alguma atenção, o desempenho autárquico de Santana Lopes na cidade da Figueira, entre 1997 e 2001.
Recordo os devaneios, do seu comportamento político algo inconstante e da necessidade telúrica e febril de ser apaparicado e ovacionado. Penso que há algo de especial e nostálgico: o sentido do messiânico com que julga que os figueirenses continuam a julgá-lo imbuído.

Santana sempre teve uma relação especial - algo psicótica - com a política. A maneira como se posiciona é sui generis: coloca de lado a racionalidade e faz emergir o seu lado emotivo. 
Para  Santana, toda a abordagem do poder é sempre apaixonada, efémera e superficial. Esvai-se, qual chama intensa mas de escassa duração. Santana usa o poder como D. Juan usava a alcova: numa busca de si próprio, como alguém que deseja ver-se num espelho de múltiplos reflexos e nunca se vê. Esta paixão - narcísica e egocêntrica - exclui o outro, quando o outro se afirma enquanto tal.

Por isto, Santana não suporta a discórdia, o são exercício da liberdade de pensar e contraditar, o que o faz rodear-se de yes men, auxiliares ao serviço do seu insaciável ego. Estes, embora possam ter mérito ou competência para o exercício de funções políticas, cedo se tornam clones patéticos da sua vaidade.
Aqui, pode pode haver problema. Esta forma de liderar, porque ignora os limites - a forma como endividou a autarquia figueirense, entre 1997 e 2001, é disso prova - pode ser perigosa.
Depois a  propaganda e a manipulação, pode atingir uma carga avassaladora para atingir  o seu objectivo. Ai de quem se oponha: quem tiver de ser cilindrado, será cilindrado. 

«Liberé, égalité, fraternité». Foi longo o caminho...

29 de Abril de 1945, foi o dia em as francesas votaram pela primeira vez.


«Em França, foi só há 76 anos que as mulheres exerceram pela primeira vez o direito de voto. Em eleições municipais, 87 anos depois dos homens.

Em Outubro do mesmo ano, foram 33 as eleitas para a Assembleia Constituinte, num total de 586 deputados. Isto no país que, em 1789, gritou: «Liberé, égalité, fraternité». Foi longo o caminho.

Note-se que só em 1965 é que as francesas puderam abrir uma conta bancária, ou aceitar um emprego, sem autorização do marido. E não havia por lá um Salazar gaulês...»

Porque a memória é importante...

 O Paço de Tavarede... "Pois foi"...

(Para ver melhor, clicar nas imgens





Incêndio na Rua de Coimbra: Polícia Judiciária fez perícias para apurar as causas

Via Peddro Agostinho Cruz

«Depois de uma noite de sobressalto e de muito trabalho para várias corporações de bombeiros, devido ao incêndio que deflagrou na noite de terça-feira, por volta das 23h00, em armazéns onde funcionavam duas oficinas de automóveis e uma de motos (entre as ruas de Coimbra e a Arnaldo Sobral, à entrada da cidade), a manhã de ontem foi dedicada às perícias da PJ para perceber as causas, analisar os estragos e “deitar contas à vida”

CAMPANHA “AQUI ENTRE NÓS”. A ESSÊNCIA DO CENTRO DE PORTUGAL.

Foi apresentada a campanha promocional do Turismo Centro de Portugal para 2021! 
A campanha, intitulada “Aqui Entre Nós”, tem como grande objetivo dar a conhecer aos portugueses a essência do Centro de Portugal e solidificar a região como o primeiro destino de férias dos portugueses. 
A apresentação teve lugar no Museu da Cerveja, em Lisboa, e contou com a presença de Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal, Catarina Pestana, Chief Creative Officer da Bang Bang Agency, agência responsável pelo conceito da campanha, e Adriana Rodrigues, chefe do Núcleo de Comunicação, Imagem e Relações Públicas do Turismo Centro de Portugal.
A campanha “Aqui Entre Nós” tem como veículos principais um filme promocional, uma forte presença nos meios digitais, spots na televisão e rádios e visibilidade em outdoors espalhados pelo país.
Na ocasião, Pedro Machado destacou o facto de a campanha ser lançada no momento “em que o país está a sair do estado de emergência”
“O Turismo Centro de Portugal está, mais uma vez, a marcar a agenda”, disse. “Esta nova campanha reforça o posicionamento da região. Queremos que o Centro de Portugal seja o primeiro destino de férias dos portugueses, como já foi em julho e agosto do ano passado. Ao longo deste período difícil, mantivemos o destino vivo, com o objetivo de ajudar as empresas e empresários do setor a voltar a ter negócio. Por outro lado, pretendemos, com esta campanha, fidelizar os portugueses, para que voltem a escolher a região e que passem a palavra a outros turistas”, afirmou ainda Pedro Machado. 

Preparem o pacote

João Paulo Batalha

«Mudar alguma coisa para garantir que nada mude é uma velha regra das instituições políticas portuguesas no combate à corrupção. E é uma regra difícil de alterar, porque na verdade há pelo menos 15 anos que esta agenda fundamental vive distorcida pelos diretórios partidários. Ver a entrevista que João Cravinho deu esta semana à SIC é um bom exercício de memória, porque nos recorda onde tudo correu mal.»

«Bizarro, sobretudo, é que o PS se reclame orgulhoso das leis atuais de combate à corrupção. Uma árvore conhece-se pelos frutos que dá. Quando o Partido Socialista se diz feliz com o estado atual das coisas, significa que, entre João Cravinho e José Sócrates, o PS põe-se do lado de Sócrates. Em 2006 e em 2021. Usando as palavras de Cravinho, "desviar, diluir, enganar" continua a ser política oficial. Não dá para dormirmos descansados».

Como?

A crónica de Silvina Queiroz, via Diário as Beiras.

"Não! Quando em 1893 foi aberto concurso para apresentação de propostas com vista à construção de um edifício que albergasse os serviços camarários, tal decorreu do facto destes se encontrarem dispersos por vários locais da cidade e se considerar útil a sua concentração. Por outro lado, a jovem cidade elevada a esta categoria havia uma década, exigia um edifício condigno da nova situação administrativa, um local digno de ser chamado de Paços do Município.

A obra arrancou rapidamente e era concluída em finais de 97. Esplêndida, servindo magnificamente os desígnios apontados para a sua criação. Valorizada ao longo do tempo com obras de arte de relevo, chama particularmente a atenção a reprodução da pintura de Gilberto Renda representando Manuel Fernandes Tomás falando às Cortes Constituintes de 1821, patente na Sala de Sessões das Assembleia da República.
A dispersão de serviços por vários edifícios voltou a verificar-se devido ao natural acréscimo de responsabilidades. Solução prática e pacífica que, contudo não legitima a ideia de mudança para um edifício moderno dos que ainda se mantêm na magnífica Câmara. Para quê? Para se voltarem a concentrar os serviços? Não me parece que pudesse ser esse o propósito. Então qual? Perder identidade, mudando toda a estrutura para fora daquele emblemático espaço com história, estória e tradição?
Discordo em absoluto. A nossa cidade e o nosso concelho muito têm sofrido por via de “ideias novas” que, paulatinamente, têm provocado descaracterizações insanáveis e com “resultados” tantas vezes lamentáveis, para além da perda da história e das questões de respeito ambiental e estético.
A fixação em alterar por alterar, apenas para fazer diferente, tem custos e frequentemente bem negativos. A semana que passou, deu-nos mais uma vez a ideia de como podem sair “caras” as obstinações. Que o digam os comerciantes afectados por inundações nas suas lojas, após uns curtos minutos de chuva forte na última semana."

A pandemia tem o costado largo...

Via Diário as Beiras

Recorde-se, porém: 
Notícia publicada na edição de 25 de Novembro de 2019, no Diário as Beiras:
"O município vai acrescentar cinco mil euros aos 40 mil de apoio financeiro já transferidos para a Feira Industrial, Comercial e Agrícola de Maiorca (FINDAGRIM), 10 mil daqueles suplementares, para ajudar a minimizar os prejuízos. A proposta para a atribuição daquele montante “excepcional” é votada, hoje, na reunião de câmara. Contas feitas, os apoios adicionais somam 15 mil euros. A autarquia atribui uma verba de 30 mil euros à organização...
Entretanto, o executivo maiorquense estuda formas de manter o evento sem arruinar as finanças da junta e evitar sobrecarregar as despesas da câmara com a feira. Uma das soluções poderá passar por realizar a FINDAGRIM de dois em dois anos, em vez de ser anual."

Grande incêndio destruiu duas oficinas e um stand de motos na Figueira da Foz

Imagem do incêndio, via Jornal de Notícias

"Em declarações aos jornalistas, o comandante dos Bombeiros Sapadores da Figueira da Foz afirmou que, após o alerta, os meios das duas corporações da cidade foram mobilizados de forma "muito rápida" e "no prazo de duas horas" os bombeiros conseguiram extinguir as chamas. 
"Neste momento [cerca da 1.45 horas desta quarta-feira] estamos em fase de rescaldo, vai demorar algum tempo, fruto da arquitetura dos edifícios", adiantou Nuno Pinto. 
 Os bombeiros ainda não possuem uma avaliação dos danos provocados pelas chamas, que provocaram uma enorme coluna de fumo, visível na cidade a vários quilómetros.

A coerência...

Via Diário as Beiras:
«Os presidentes da Concelhia e da mesa do plenário da JSD, Gonçalo Faria e Bruno Menezes, respetivamente, apresentaram a demissão. Os dois ex-dirigentes apoiam a candidatura de Santana Lopes à Câmara da Figueira da Foz, pelo movimento independente Figueira A Primeira, em detrimento de Pedro Machado, candidato do PSD, partido a que aquela estrutura partidária juvenil está vinculada.»
Registe-se: «por enquanto, porém, mantêm-se como militantes, estatuto que podem conservar se não integrarem listas de candidatados adversários do PSD.»
As razões apresentadas: «Gonçalo Faria: "Demito-me por uma questão de coerência pessoal e por me rever nas ideias de Santana Lopes."
Por sua vez, Bruno Menezes afirma no Diário as Beiras que se demitiu por acreditar que “a candidatura de Santana Lopes é algo de que a Figueira necessita, neste momento”. E acrescentou: “não fazia sentido, nem seria coerente, apoiar uma candidatura só porque sim, só porque é uma candidatura do meu partido. O que sempre me moveu foram as minhas convicções e era incapaz de estar a apoiar um candidato só por ser do meu partido”
A coerência é a razão mais pertinente apontada por Gonçalo Faria e Bruno Menezes para justificarem a posição que tomaram, que eu não crítico, não contesto e nem pretendo colocar em causa. Aliás, entendo-a perfeitamente. Precisamente por ser coerente...
OUTRA MARGEM, 9 de Setembro de 2020.
Para ver melhor, clicar na imagem

 

Incêndio na Rua de Coimbra, Figueira da Foz


"Um incêndio em oficinas de automóveis, na Figueira da Foz, estava a mobilizar, cerca das 00h09 desta quarta-feira, 72 bombeiros apoiados por 23 viaturas, de acordo com a página da Proteção Civil Nacional.

O alerta foi dado às 23h09 e fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Coimbra apenas indicou que se trata de um incêndio numa oficina e que estão a ser deslocados mais meios para o local, na rua de Coimbra, uma zona à entrada da Figueira da Foz, onde existem diversos armazéns mas também edifícios residenciais.

Uma testemunha no local contou à Lusa, pelas 23h58, que as chamas atingiram três pavilhões ocupados por oficinas de automóveis e motos e que os bombeiros estão localizados quer na rua de Coimbra, quer nas traseiras dos edifícios atingidos pelo fogo, na rua Arnaldo Sobral."


Texto via Corrreio da Manhã

Vídeo via Figuiera TV

terça-feira, 27 de abril de 2021

Não é estratégico

Crónica de Teotónio Cavaco, via Diário as Beiras 

"A Figueira é um concelho há demasiados anos com tudo por fazer (a Zona Industrial do Pincho só o é em sonhos, a areia continua a depositar-se a norte e a fazer cada vez mais falta a sul, a mobilidade interna permanece parada, a população vai decrescendo e envelhecendo, os jovens vão-nos deixando, …).
Por isso, nos últimos dias, temos vivido a constatação da inércia de uma década, por via do anúncio (só isso…), consubstanciado pela inexorável maquete, de intenções de resolução de uma ou outra maleita – sem que se justifique a razão das opções tomadas e sem que se peça desculpa pelos inqualificáveis atrasos.
É verdade que os eleitores do concelho da Figueira continuam a demonstrar não estarem mobilizados para exercer o seu direito e dever do voto (nas últimas eleições, a abstenção foi bem maior do que o total nacional), mas tal justifica e valida esta forma de governar o concelho?
A ideia de mudança da Câmara para um edifício moderno faz parte do “Pacote de coisas à espera de resolução” que ganha uma nova alma à medida que se aproximam as eleições autárquicas: relança-se a ideia, lê-se o que uns quantos defendem, nalguns casos até aparece uma maquete (ou um outdoor na marginal, consoante o número de votos em perspetiva) assim se elevando a auto-estima, depois há eleições e… “foi porreiro, pá!”…
Mudar a Câmara para um edifício moderno traria vantagens ao nível da poupança (energética, de recursos)? Seria uma oportunidade para reorganizar serviços, pessoas e procedimentos? Até se poderia compaginar uma eventual candidatura a fundos europeus, por via da sustentabilidade?
Talvez se possa responder “sim” às perguntas atrás colocadas, e a outras a ser consideradas para justificar aquela opção. Mas há uma pergunta a ser colocada antes de qualquer outra: é estratégico, ainda que numa perspetiva de 10/12 anos? E a resposta “não” remete-nos para o que deve ser o desígnio do concelho da Figueira, logo alocar a si os principais recursos, materiais e imateriais: o de ser empregador e sustentável."

Sem donos

José Manuel Pureza, via Diário as Beiras:
"O 25 de abril não tem donos. Não tem. Por isso o temem os donos disto tudo que, como disse o Zé Mário Branco, “decidem por ti, decidem tudo por ti, se hás de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia, se hás de plantar tomate para o Canadá ou eucaliptos para o Japão”
O 25 de abril não tem donos, tem autores. 
E tem processo. O que começou golpe militar transformou-se em revolução. Precisamente quando o povo percebeu que só ele era dono dos dias todos. 
É isso que queremos dizer quando dizemos “25 de abril sempre”
E muitos dos que agora clamam, com propósitos cínicos, que o 25 de abril não tem donos, fazem-no apenas para travar e destruir aquilo que o povo construiu como dono dos dias do passado e que lhe permite ser dono dos dias do futuro."

O comboio vai de carrinho

Afonso Camões, via Diário de Notícias:

"Portugal tem hoje os mesmos quilómetros de caminhos-de-ferro que em 1893. Crescemos em autoestradas o que perdemos na ferrovia. Temos 1,17 quilómetros de autoestradas por cada quilómetro de linha férrea, mas estamos a 2 mil quilómetros dos nossos principais mercados e não há uma tonelada de mercadorias exportadas via terrestre que vá de comboio para lá da fronteira. Vai e vem tudo de camião e não há conversa sobre competitividade que convença o pagode. 

É este quadro que o ministro Pedro Nuno Santos quer inverter, para "corrigir o erro histórico" que tem condenado ao desprezo o meio de transporte mais amigo do ambiente. No momento em que a União Europeia aponta metas que preveem triplicar o número de passageiros em comboio de alta velocidade e duplicar o tráfego ferroviário de mercadorias até 2050, o novo Plano Ferroviário Nacional, lançado há uma semana e em discussão pública por mais um ano, volta a anunciar a alta velocidade Lisboa-Porto e dá agora prioridade ao seu prolongamento até Vigo, em vez de Madrid.

A ambição de Pedro Nuno é pôr o caminho-de-ferro na base da mobilidade dos portugueses. Daí o objetivo de levar comboios a portos e aeroportos, ligar todas as capitais de distrito e ainda a um conjunto de cidades com mais de 20 mil habitantes, sem descurar as ligações a Espanha e ao centro e norte da Europa. Anotamos o compromisso."

Mudar de casa?

Crónica de João Vaz no Diário as Beiras

"A minha atividade profissional levou-me a visitar e conhecer dezenas de edifícios onde funcionam Câmaras Municipais. Invariavelmente, os mais modernos são os menos interessantes. Não têm história nem a carga institucional que esperamos do órgão máximo do poder local. Por isso, inclino-me para que a Câmara Municipal da Figueira da Foz se mantenha onde está e muito bem, na parte mais antiga da cidade num edifício que se identifica com o percurso e história da cidade.
Mudar será um erro. Passar o coração das decisões municipais para um edifício moderno sem alma é retirar peso deliberativo e consensual às políticas municipais. A ideia da passagem do edifício da Câmara para um local mais moderno, e supostamente funcional, mostra alguma incapacidade em compreender que os edifícios valem muito mais do que a sua “modernidade”.
Naturalmente que reabilitar energeticamente o edifício da Câmara Municipal tem custos. Mas para uma Câmara que parece nadar em dinheiro, com adjudicações umas atrás das outras, algumas centenas de milhares de Euros não serão certamente problema. Aliás o dinheiro investido em conforto térmico, melhoria da ventilação e iluminação, tem um retorno positivo, reduzindo-se o consumo de energia, reduzindo-se emissões e poupando-se dinheiro. Para quando a reabilitação energética dos edifícios camarários, onde predominam salas muito frias no inverno e quentes no verão?
Vejo com bons olhos a ação da Câmara Municipal na reabilitação ativa de edifícios históricos, muitos há que estão devolutos e em pré-ruína, ocupando-os com vários serviços da sua tutela. Mas, nos últimos anos essa política parece estagnada sem que haja um impulso decisivo na dinamização da baixa da cidade."

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Reflexão quase no final do primeiro dia do décimo sexto ano de publicação do OUTRA MARGEM


OUTRA MARGEM
, hoje, entrou no décimo sexto ano de publicação.
Na Figueira, mais do que uma mediocridade instalada, existe uma passividade assustadora. Sente-se um pasmo quase geral. 
As centenas de pessoas que visitam o meu blog, aquelas que por aqui passam mesmo para me ler, a meu ver, constitui uma parte da parte válida da população que existe, e que eu tenho imenso prazer em encontrar por aí. 
Há gente de todas as idades. Ainda hoje de tarde me encontrei, por mero acaso, com um prestigiado e interventivo cidadão do nosso concelho, com mais de 80 anos, que me disse: "vou acompanhando o que escreve no OUTRA MARGEM"... 

Fiquei satisfeito...
Mas, há também malta nova a ler, que espero seja capaz de tirar partido disso...
Espero que utilize inteligentemente a informação que recebe.
Espero, sobretudo, que tenha uma atitude, que não tem de ser sonhadora e utópica, como aconteceu nos anos 60 e 70 do século passado, mas uma atitude que lhe permita olhar de forma realista e positiva para as coisas que dizem respeito à sua vida e ao concelho onde vive.
E, já agora, que aja em conformidade.

Sei também que existe quem não goste do OUTRA MARGEM.
Principalmente, aqueles que não gostam da opinião livre e transparente.
O Povo, todos nós, tem o pleno direito de saber como é que as coisas se passam. É um direito, legítimo e reconhecido legalmente. 
Essa transparência, porém, incomoda.  
Mas, é  um valor democrático.
Demasiado oneroso para quem prefere o segredo no exercício da actividade política.
É essa a essência do problema. Por vezes, também, o problema do OUTRO MARGEM.

47 anos depois do 25 de Abril uma carta da filha ao pai...

Catarina Salgueiro Maia
Da filha que te ama,
Catarina, Mau Feitio

Meu Pai,

Cá estamos nós novamente a celebrar aquele dia mágico! Cá estou eu, a chata do costume, a escrever-te!
Esta semana falei com um grupo maravilhoso de crianças e jovens sobre o 25 de Abril e fiquei encantada com o interesse deles. Fiquei tão feliz por saber que há, mesmo a 2000km de Portugal, professores que fazem questão que as gerações futuras dêem valor ao que vocês conquistaram naquele dia. No final, pedi-lhes para lembrarem Abril todos os dias e não deixarem que a memória se apague.
Porque esta é a minha mágoa! Ver os cravos ao alto nesta altura e os ideais esquecidos o resto do ano. Ver pessoas a celebrarem democracia quando, ao longo da vida, impõem ditaduras.
Vivemos tempo complicados! A pandemia continua, as restrições continuam e os desrespeitar de regras também! Os teus netos começaram os auto-testes na escola para que não tenhamos que fechar novamente. Mas continuam as festas clandestinas onde põem em risco não só a própria saúde como a de todos com que se vão cruzar nos dias seguintes. Estivemos muito tempo com os centros de cultura fechados, negócios fechados e limitados porque alguns se acham acima da lei!
Esta noite recebi uma mensagem de alguém a ofender-te e atacar-te! Surpreendentemente (vais ficar orgulhoso de mim 🤣) não respondi e só pensei "foi também para isto que os capitães saíram à rua"! Mas sabes o que me magoou? O facto de, sem a Revolução, aquela alma não teria a ousadia de a enviar. Ou teria, porque seria um dos outros.
Sabes o que me deixa tranquila? Tu estás bem! Tu sabes o quanto foi importante para nós aquela viagem a Lisboa. Vocês sabiam que algo tinha de mudar. Que os pais não mereciam perder os filhos tão novos! Que Portugal não poderia continuar isolado e que a liberdade não poderia continuar aprisionada! Vocês sabiam que era "agora ou nunca" mesmo pondo as vossas vidas em risco! Vocês deixaram mulheres, pais, filhos em casa apreensivos e foram para a "frente de batalha" enquanto outros ficaram no quentinho e se auto-intitularam heróis atrás de mentiras.
A todos os que não cruzaram os braços, a todos os que desobedeceram e lutaram por nós, a todos os que vivem sobre os ideais de Abril... MUITO OBRIGADA!
A ti, meu Rei, obrigada por nunca teres desistido, obrigada por nunca teres mudado após o 25 de Abril e MUITO OBRIGADA por me dares a honra de te chamar PAI!

Na hora da saída, fica a herança do culto da modernidade perpetuada em Buarcos em jeito de placa....

José Tavares (Zé Esteves), assume claramente o paradoxo da modernidade: vai ficar conhecido pelas placas que inaugurar a partir de ontem.

Um dia depois do 25 de Abril

Vídeo sacado daqui
Penso nos 47 anos que decorreram, desde 1974.
Muita coisa, entretanto, aconteceu.
Os grandes obectivos do MFA foram cumpridos: a LIberdade, a Democracia, o fim da Guerra em África.
Falta cumprir muita coisa? 
Falta - e muito. 
Naturalmente. Ainda mais para quem teve o privilégio de participar na utopia que tudo parecia poder tornar possível. Tudo prometia. E nada podia garantir.
Para muitos, nos quais eu me incluo, permanece o indispensável direito ao sonho.
Para isso, é fundamental preservar e cuidar a Democracia. A explicação, mais do que óbvia, é simples: é a base de tudo o resto.

Continuamos a ter liberdade para escolher...

Tem cerca de um metro e meio e olhos brilhantes, deu o nome a uma revolução – a Revolução dos Cravos – e não se julga merecedora de qualquer medalha ou homenagem; talvez por essa razão não lhe seja atribuído um reconhecimento geral e oficial.
Na imagem Celeste Caeiro, uma mulher que nunca deixou de ser pobre.

"Juntem o cravo branco do CDS ao cravo preto do Chega e temos o Portugal que que eles gostariam de comemorar: o Portugal a preto e branco de 24 de Abril."

domingo, 25 de abril de 2021

47 anos depois chegámos aqui. Há motivos para os democratas se preocuparem...

Em 2021, Rio, Ventura, Cotrim e Rodrigues dos Santos participam na grande reunião das direitas. O líder do PSD, Rui Rio, participa pela primeira vez nos estados-gerais da direita que o Movimento Europa e Liberdade (MEL) organiza desde 2019. Este ano, o evento está agendado para os dias 25 e 26 de Maio, no Centro de Congressos de Lisboa.
Isto, num momento em que a democracia está “congelada” e a culpa é do “cartel” PS-PSD. Vários analistas concordam no diagnóstico: Portugal vive hoje uma crise de representação política, uma crise profunda na justiça e nas principais instituições do Estado. Crises estas resultantes sobretudo da cultura política do país e da ausência de grandes reformas por parte de PS e PSD.
Amar Abril é amar a democracia em todas as suas vertentes e ser contra qualquer tipo de ditadura. 
À democracia representativa deve aliar-se a democracia participativa.  A democracia tem de ser mais que um estado de alma: tem de ter expressão concreta no nosso dia a dia.O que mudou em Portugal 47 anos depois do 25 de Abril de 1974? 
Tanta coisa. Somos mais, sabemos mais, vivemos melhor, gastamos mais e vamos menos às urnas.
O perigo existe... E está aí. 
Para obter melhor leitura, via jornal Públicoclicar na imagem.

A liberdade tem um gosto de maçã

Via Público
E
sta foi a história que contei aos meus filhos ontem à noite: 
“Era uma vez, num reino distante, um rei que tinha medo do seu povo. A verdade é que este rei era tão medroso que a única forma de se sentir seguro no trono era controlando tudo o que as pessoas faziam e diziam. Como não o podia fazer sozinho (afinal ele era só um), um dia decidiu chamar os seus soldados mais fiéis e, com a sua ajuda, criou uma polícia que servia para vigiar os seus súbditos. Essa polícia espalhou-se por todo o lado e passou a registar tudo o que via para depois contar ao rei. Às vezes, essa polícia descobria coisas importantes, mas, na maior parte do tempo, tudo o que fazia era denunciar, prender e torturar quem criticasse o seu soberano. 
Mas conseguem adivinhar o que é que assustava mais o rei dessa nação longínqua? Não eram armas ou pessoas zangadas. O que ele temia, com todas as suas forças, era o conhecimento. Porque ele sabia que o conhecimento era o único alicate que poderia cortar as amarras invisíveis do medo com que ele mantinha preso o seu povo. E foi por isso que o rei proibiu muitos livros e muitas canções. No reino da nossa história, o povo só podia ler e ouvir as músicas que o rei escolhia. Era um reino muito triste e cinzento, sabem? 
Além disso, o rei era também muito injusto. Imaginem que houve um dia em que mandou prender um menino muito pobre que, cheio de fome, subiu a uma árvore para apanhar maçãs. Como a macieira estava dentro do quintal de uma casa muito rica, mesmo que perto do muro, a polícia levou o menino e deixou-o uma noite sem comer numa cela fria. E este menino não era o único com fome, nada disso. O reino estava cheio de pessoas tão pobres que, muitas vezes, nem tinham dinheiro para comer. Na casa do menino das maçãs, sempre que havia peixe, uma sardinha tinha de ser dividida entre duas pessoas, imaginem. E na maioria das noites tudo o que comiam era um caldo de couve com pão que os fazia deitar com a barriga ainda a roncar de fome. 
Os meninos também iam muito pouco à escola porque tinham de começar a trabalhar cedo para ajudar os pais. Muitos deles nunca sequer aprendiam a ler e a escrever. Mas enquanto o povo vivia com fome, os cofres do reino estavam repletos de ouro e algumas das poucas pessoas ricas do país achavam que esse ouro, trancado no palácio real e do qual o rei muito se orgulhava, era mais importante do que dar ao povo condições de vida dignas. 
As pessoas viviam infelizes e descontentes. O rei, algumas vezes, tentava distraí-las do seu descontentamento e entretinha-as com o futebol, com a missa e com alguns programas de televisão e rádio que ele próprio escolhia. Mas as pessoas queriam mais e estavam demasiado cansadas. Para além da fome, da pobreza, das más condições de habitação e dos fracos cuidados de saúde, toda a gente estava cansada de não ser livre. E, apesar de ninguém poder gritar, o burburinho foi aumentando. 
Até que um dia, cansado da vida difícil de todos, um grupo de soldados decidiu criar um plano para mandar embora o rei e para devolver ao povo a liberdade. E sem o rei imaginar, fazendo tudo no maior segredo, num dia como o de amanhã, 25 de Abril, usando canções como sinal (sendo que uma delas tinha até sido proibida pelo rei), estes soldados conseguiram o que antes parecia impossível. O rei, quando viu tantos soldados, percebeu que não podia fazer nada e fugiu para outro país. Já o povo ficou tão feliz por ser finalmente livre que encheu as ruas com centenas de cravos vermelhos. 
O reino longínquo mudou muito depois desse dia. Não se tornou um reino perfeito, é claro. Mas, apesar de alguma turbulência inicial, aos poucos tudo melhorou e a pobreza tornou-se menos marcada, havia menos barriguinhas a roncar com fome à noite, mais meninos nas escolas e casas melhores e mais dignas. Também se construíram hospitais, mais gente chegou às universidades e cada um passou a ouvir a música que mais gostava e a ler os livros que mais lhe interessavam sem ter ninguém a proibir. 
Às vezes, muito de vez em quando, alguém falava no velho rei. E quando alguns mostravam saudades desses tempos cinzentos para a maioria, o menino das maçãs que, entretanto, se tinha tornado um homem, acertava-lhes com um livro na tola e mandava-os ter juízo. No que dependesse dele, não voltaria à sua terra um rei de tão má índole. Ele sabia bem quão doloroso era viver em ditadura e jurou que falaria sempre aos seus sobre a importância da liberdade.” 
E depois, quando eles adormeceram e os vi tão perfeitos, tranquilos e amados, parei uns minutos para pensar no menino das maçãs desta história. Hoje, com dois e quatro anos, o João e o Pedro são demasiado pequenos para compreenderem que nunca existiu um rei, que o reino distante é o país onde nasceram e vivem e que o menino das maçãs é tão real que eu ainda carrego o apelido dele. Mas daqui por alguns anos, num 25 de Abril como o de hoje, vou contar-lhes que esse menino, na verdade, se chamava Manuel e era o bisavô deles. O bisavô de olhos muito azuis e pele tão clara que parecia transparente. O bisavô que ficava ofendido quando, inocentemente, algum neto dizia “tenho fome” porque isso era quase uma blasfémia. Sabíamos lá nós o que era fome, dizia. Mas ele sabia, soube durante demasiados anos. Ele que comia os caldos de couve, que bebia água para encher a barriga e que se acostumou tanto às dores no estômago que a fome provocava que já as tratava quase como amigas. O bisavô Manuel que não sabia ler nem escrever e que olhava para os bifes de vaca no prato com o mesmo ar de encantamento com que eu olhei pela primeira vez o tecto da Capela Sistina. O bisavô que todos os anos, enquanto as pernas o deixaram, descia a rua até à Boavista para ver desfilar os carros da câmara enfeitados de cravos e que no 1.º de Maio nem a horta regava por ver nele um dia sagrado. 
Um dia, no alto da minha inocência dos 11 anos e depois de uma aula em que falámos no assunto, perguntei-lhe se era comunista. E ele olhou para mim muito sério, deu-me um calduço com aquelas mãos enormes que tinha e respondeu-me que essas coisas não interessavam para nada. Porque o partido dele, dizia-me, era a liberdade.
E essa foi a minha herança política. O menino que foi castigado por subir a uma árvore e apanhar maçãs foi o avô que me ensinou que, custe o que custar, o mais importante é sermos livres. Como a gaivota, a papoila ou o menino que não queria combater. E essa é a lição que quero transmitir e a herança que pretendo deixar a estes dois pequeninos que se entregaram sem medo nos braços de Morpheu. 
As cores partidárias na nossa família pouco importam e o nosso voto não tem nem nunca teve militância. Agora que penso nisso, acho até que nunca votei duas vezes seguidas no mesmo partido. Mas votei sempre em liberdade. Porque é aí, e só aí, que militam os descendentes do menino das maçãs. Na liberdade. Sempre na liberdade. Pela liberdade sempre.

Palavras leva-as o vento...


Em tempos cheguei a considerar "o poder local a maior conquista do 25 de Abril"...
Porém, aquilo que foi acontecendo na Figueira da Foz, ao longo destes últimos 40 e tal anos, retirou-me essa convicção.
Para mim, autarcas como Carlos Monteiro, entre outros, na sua acção quotidiana, contribuiram para isso... 
Infelizmente, a meu ver, a Revolução não trouxe aos figueirenses um Poder Autárquico mais próximo da população.
Recomendo, vivamente, o visionamento deste filme. Não se esqueçam de também ouvir atentamente...

Amanhã entramos no ano dezasseis!..




OUTRA MARGEM, é um blogue que começou a ser publicado no dia 
25 de Abril de 2006
O responsável acredita que as coisas ganham vida própria quando lhes acrescentamos palavras. Nunca prometeu nada. Não ignora que existem ideologias. Porém, sabe que resultam mal quando são aplicadas em estado puro. Importante, é cada um de nós: a pessoa.

Andamos a postar todos os dias. Mesmo em anos em que não há eleições. Quinze anos! Sinceramente, nunca pensei que isto durasse tanto. 
Há mais de 260 anos, David Hume, ao abordar a problemática da obediência civil, chegou à conclusão que o governo de uma nação se baseia no controlo da opinião pública, princípio que abarca todos os governos, as ditaduras civis, as ditaduras militares, os nepotismos e, até, as democracias. 
Na prática, de acordo com a gestão das democracias ocidentais, a população pode ser “espectadora”, mas não “participante”, salvo quando de longe em longe coloca o voto na urna no acto eleitoral. Ou seja, na ocasional escolha de líderes partidários. Porém, onde se definem os verdadeiros rumos da política, é no campo económico, área de onde a população em geral deve de ser excluída. 

Desta forma, existem doutrinas concebidas para impor o novo “espírito” da “democracia” segundo os moldes neoliberais. Para os teóricos do controlo das massas, a manipulação consciente e inteligente dos hábitos e opiniões organizadas das massas constituem importantes componentes das sociedades ditas democráticas. 
As minorias elitistas e informadas para atingirem os seus objectivos, fazem uso contínuo e sistemático da propaganda. 

Aproveito para agradecer a cada um dos meus leitores. A todos - aos  amigos e aos outros. Amanhã este blogue entra no ano dezasseis. O futuro há-de ser o que for possível...
Blog que se preze tem os seus detratores... O valor dos blogues, tal como o valor dos Homens, não se vê pelo número de amigos... Há mesmo quem considere, que é pelo número dos inimigos... 

Que fique claro, porém, que a amizade é um dos maiores valores da vida e uma coisa linda, quando é pura e desinteressada. Nós sabemos que temos Amigos verdadeiros e desinteressados... 
E PORQUÊ.