Ainda recordo que julguei ver neles dor, mágoa, quiçá infelicidade. Estive quase para lhe falar. Para saber da sua tristeza, para lhe mostrar compreensão e solidariedade pelo que, presumo, ela estava a sentir.
Não consegui dizer-lhe nada. Em Santa Apolónia, Lisboa, perdi-lhe o rasto e nunca mais a vi.
Fiquei pendurado.
Nem todos os silêncios são de ouro. Nem todos os silêncios são dignos.
Também os há ignóbeis, mesquinhos, pequenos - cobardes.
Hoje, é assim que me sinto: pendurado, à espera de uma vacina, ou de um remédio, para poder viver a vida com a normalidade de há 3 meses.
Dias difíceis, mas calmos, estes que estamos a viver, pendurados por um fio e pela indefinição da vida e do tempo. Porém, não existe pressa: tudo vai acabar bem.
No ar, sinto a resignação. Mas, também alguma esperança.
Pouca, mas alguma.
Peço desculpa por esta divagação. A vida continua dentro de momentos.
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