A campanha eleitoral terminou ontem.
Sabemos o que foi. Sabemos como terminou.
Hoje, é dia de reflexão.
Como português, sinto-me impotente.
Por muito que deseje (e desejo...) que isto realmente mude, tenho medo que aconteça mais do mesmo: que só seja possível continuar a ser governado por "gente que não sabe estar" na governação do País.
Como sempre, porém, vou fazer o que posso: vou votar.
Hoje é dia de reflexão. Portanto, hoje, para além de ser sábado, é um dia diferente. Talvez por isso, apetece-me voltar à poesia de O'Neill.
O’Neill tinha um ar natural e irreverente.
Foi um homem e é um poeta transbordante de sonhos e sedento de realidades submersas.
Talvez por isso, foi em vida - e continua - incompreendido e votado ao esquecimento.
Foi esse o preço que pagou por se ter recusado diluir numa qualquer poesia do populismo fácil.
Ele passou ao lado desse tipo de poesia pobre, decadente e estéril. Rejeitou a fórmula cor-de-rosa de ver a realidade: o lado obscuro do real existe, mas não é poeticamente estético descrevê-lo.
Quem ousa levantar a poeira, paga um preço alto - e ele fazia-o.
Fica um poema, para mim de um poeta fora do comum, de que gosto especialmente: Alexandre O'Neill.
Bom sábado e bom dia de reflexão.
Entre a
cortina e a vidraça
Vem o tempo de varejeira
entre a cortina e a vidraça.
O tempo assim à minha beira!
Que é que se passa?
E eu, que estava tão enredado
nos baraços do eternamente,
nos lacetes do já passado,
sou esfregado contra o presente.
A varejeira é nacional.
Terei, assim, de preferi-la?
Ora! É a mosca-jornal
- e já agora vou ouvi-la...
Sabemos o que foi. Sabemos como terminou.
Hoje, é dia de reflexão.
Como português, sinto-me impotente.
Por muito que deseje (e desejo...) que isto realmente mude, tenho medo que aconteça mais do mesmo: que só seja possível continuar a ser governado por "gente que não sabe estar" na governação do País.
Como sempre, porém, vou fazer o que posso: vou votar.
Hoje é dia de reflexão. Portanto, hoje, para além de ser sábado, é um dia diferente. Talvez por isso, apetece-me voltar à poesia de O'Neill.
O’Neill tinha um ar natural e irreverente.
Foi um homem e é um poeta transbordante de sonhos e sedento de realidades submersas.
Talvez por isso, foi em vida - e continua - incompreendido e votado ao esquecimento.
Foi esse o preço que pagou por se ter recusado diluir numa qualquer poesia do populismo fácil.
Ele passou ao lado desse tipo de poesia pobre, decadente e estéril. Rejeitou a fórmula cor-de-rosa de ver a realidade: o lado obscuro do real existe, mas não é poeticamente estético descrevê-lo.
Quem ousa levantar a poeira, paga um preço alto - e ele fazia-o.
Fica um poema, para mim de um poeta fora do comum, de que gosto especialmente: Alexandre O'Neill.
Bom sábado e bom dia de reflexão.
Entre a
cortina e a vidraça
Vem o tempo de varejeira
entre a cortina e a vidraça.
O tempo assim à minha beira!
Que é que se passa?
E eu, que estava tão enredado
nos baraços do eternamente,
nos lacetes do já passado,
sou esfregado contra o presente.
A varejeira é nacional.
Terei, assim, de preferi-la?
Ora! É a mosca-jornal
- e já agora vou ouvi-la...
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