Estive ontem algumas horas a ouvir e a ver, via Canal Parlamento, a audição do antigo secretário de Estado Lacerda Sales, na comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas.
Sabemos que o PSD e o PS não queriam o assunto discutido na A.R. através de Comissão de Inquérito. Procuraram impedi-la, mas o Chega impôs a sua realização.
"O meu estatuto de arguido confere-me o direito de me manter em silêncio para não me autoincriminar", clarificou logo Lacerda Sales na comissão parlamentar de inquérito.
Há direitos não questionáveis e há silêncios ensurdecedores.
Foi o caso de ontem. Penso que não existirá um único português com dúvidas quanto à origem da cunha que permitiu a tramitação do processo de nacionalidade, marcação de consulta urgente e aprovação imediata da administração do medicamento, tudo em tempo recorde.
E também já percebemos todos (ou quase todos), à semelhança da alteração do voo TAP, que era prática política nos gabinetes dos Secretários de Estado, agradar a Sua Excelência, o que terá acontecido também neste caso.
O Tribunal Constitucional já limitara os danos políticos, o MP veio agora garantir que os arguidos podem ficar em silêncio, esvaziando a Comissão Parlamentar de Inquérito e conhecendo os prazos de actuação da Justiça portuguesa, este caso será atirado para as calendas.
A Comissão de Inquérito poderia ter terminado ontem, pois o que dali vai sair já está mais do que esclarecido na opinião pública.
Quem conhece um pouco de história italiana (nem precisa de ser intelectual), sabe que o padrinho nem precisava dar uma ordem: bastava uma manifestação da vontade para que alguém se prestasse a satisfazê-la...
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