quarta-feira, 6 de março de 2024

Ventura teve mesmo "um amigalhaço" na Câmara da Figueira...

Em comentário deixado numa publicação da minha página do facebook, em que escrevi que "Ventura descaiu-se e deu o nome de alguns históricos do PSD que querem Governo com Chega se PS vencer eleições", Pedro Biscaia deixou este comentario: "Acho que tem outro amigalhaço ali para os lados da foz do Mondego..."

Como sabemos, nesta eleições de Março de 2024, o PSD está a ter o desafio à direita que o PS teve durante os primeiros 25 anos de democracia à sua esquerda...
Parte da explicação para a maioria absoluta que o PS teve em 2022, tem a ver com “o descontentamento com o eleitorado que «deu cabo da geringonça» e com a ameaça do Chega, que assustou o eleitorado de centro”. 
Em 2024, “o PS utilizou esse tema para estigmatizar PSD, exigindo demarcações sucessivas”
O eleitorado português é pouco ancorado politicamente e o PS conseguiu ganhar votos à esquerda e ao centro. Colocar o PSD mais à direita, foi, e é do interesse do PS, tal como já aconteceu ao contrário.
Em Março de 2024, o debate político à direita está sobretudo marcado pelo desafio de dois partidos à hegemonia do PSD. Agora a disputa está à direita, com o Chega e Iniciativa Liberal a morderam os calcacanhares à AD. 
Portanto, constatar que a situação interressava ao PS tem algum fundo de verdade.
Contudo, quem ganhou, pelos vistos, foi o Chega.

Imagem via Diário as Beiras
Mas, voltando à Figueita, recuemos a 15 de Maio de 2020 para lembrar o negócio de conveniência que foi a passagem de André Ventura pela câmara da Figueira, era presidente da autarquia Carlos Monteiro. O que terá levado André Ventura, a vir à Figueira encontrar-se com um obscuro e nada mediático autarca do Partido Socialista?
Como escrevemos na altura, "Carlos Monteiro e André Ventura têm uma coisa em comum: ambos, são populistas. 
O populismo ignorante da narrativa do Chega tem um desiderato: captar o voto de leigos, instrumentalizando questões de forte carga emocional – como o tema «ciganos», por exemplo –, enquanto o seu verdadeiro programa ia sendo semeado: ir preparando a privatização dos sectores que mais falta fazem, no dia a dia, ao cidadão português
Por sua vez, Carlos Monteiro queria manter-se como presidente de câmara, depois de lá ter chegado por sucessão."

Possivelmente, nenhum destes factos foi relevante para o eleitor inveterado e clubístico do André Ventura ou de Carlos Monteiro. Contudo, ficou o alerta para os outros: podemos não gostar do estado do país ou do concelho em que vivemos, mas acreditem, tanto o país como o concelho, podem ficar bem pior.
Em Maio de 2020, a audiência de Carlos Monteiro a André Ventura, a meu ver, do ponto de vista político, serviu a ambos. A André Ventura deu jeito e credibilidade ser recebido por um autarca do Partido Socialista. A direita do PS figueirense, deu um contributo para a divisão dos votos à direita da direita do PS... O que não era desfavorável à direita do PS local... E o que também não era muito difícil: a direita da direita do PS, na Figueira, não estava dividida, estava esfrangalhada e pulverizada...
O que, politcamente, pensava Monteiro, lhe daria um enorme jeito para as suas aspirações políticas...
Foi o que se viu em Setembro de 2021.

No tempo em que a nível oficial ninguém lhe passava cartuxo, Ventura teve mesmo "um amigalhaço" na Câmara da Figueira...
Quanto ao crescimento eleitoral de André Ventura: "muito fez pelo Chega o atraso no julgamento de José Sócrates"...

Sem comentários:

Enviar um comentário

Neste blogue todos podem comentar...
Se possível, argumente e pense. Não se limite a mandar bocas.
O OUTRA MARGEM existe para o servir caro leitor.
No entanto, como há quem aqui venha apenas para tentar criar confusão, os comentários estão sujeitos a moderação, o que não significa estarem sujeitos à concordância do autor deste OUTRA MARGEM.
Obrigado pela sua colaboração.