quarta-feira, 6 de março de 2024

Escassez de lampreia é uma realidade que tem de ser estudada pois está em causa a preservação da espécie

No rio Mondego, onde a pesca de lampreia é uma tradição ancestral, este poderá ser o pior ano de sempre. Penacova cancelou o seu famoso e importante festival para a região por falta de lampreia
Especialista defende proibição da pesca da lampreia devido à escassez. “Deveríamos fechar a pesca. A qualquer animal deve ser dada a oportunidade para se reproduzir.” "A situação piorou. Tem sido uma sucessão de anos maus. 2017, 2019, 2022 e 2023 foram anos maus, motivados pela seca e por outras situações que ainda não se conseguem explicar, visto que há um desconhecimento do que acontece com a espécie no mar, em que pode haver mais mortalidade", disse Pedro Raposo, director do Mare e especialista em peixes anádromos (espécies que, como a lampreia, se reproduzem em água doce, mas que se desenvolvem até à forma adulta no mar).
Por todo o País os festivais de lampreia têm vindo a ser cancelados por falta de matéria prima. Entretanto, segundo uma notícia hoje publicada pelo jornal Diário as Beiras, «a associação Figpesca convocou para esta manhã, com início às 10H00, uma concentração de embarcações no canal principal da zona portuária, junto ao topo Sul da Marina da Figueira da Foz, e de familiares dos pescadores na praça da Europa Aguiar de Carvalho (em frente aos paços do concelho). Esta iniciativa tem por finalidade protestar contra o “regulamento com 34 anos que define regras totalmente desatualizadas”, vinca a associação em nota de imprensa.
O alegado anacronismo do regulamento, frisa a Figpesca, tem originado “uma fiscalização abusiva por parte da Unidade de Controlo Costeiro da GNR”, que “leva ao desagrado e à revolta dos pescadores”. “A direcção da associação Figpesca e os seus associados que desenvolvem a faina no Rio Mondego há muito que vêm alertando a administração e os vários intervenientes que tutelam a pesca no Rio Mondego para as dificuldades socioeconómicas, que aumentam de ano para ano”, sublinha ainda a nota. Este alerta, afiança, repete-se nos últimos 15 meses, em sucessivas reuniões com entidades públicas. Esta estrutura associativa representa armadores e pescadores de pesca artesanal. O tipo de redes utilizado ao abrigo do regulamento para a captura de sável e de lampreia, segundo a Figpesca, está desatualizado, tendo em conta as alterações que entretanto aconteceram no caudal do estuário do Rio Mondego. Em declarações recentes ao Diário as Beiras, o presidente da direcção da Figpesca, Igor Branco, sustenta que a cada vez menor quantidade de lampreias capturadas no estuário do Rio Mondego também se deve ao tamanho das redes que os pescadores são obrigados a utilizar ao abrigo do respectivo regulamento. Por isso, a associação reclama a actualização das normas em vigor há 34 anos, porque, entretanto, o caudal alterou-se.»

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