domingo, 3 de dezembro de 2023

Um foto da barra da Figueira da segunda década do século XX

 Foto via blogue COVA GALA...entre o rio e o mar

A foto mostra traineiras a vapor a sairem da barra da Figueira da Foz. Ao fundo, dá para ver o Cabo Mondego. Em plano intermédio o Forte de Santa Catarina, que era nesse tempo, ainda o primeiro obstáculo às investidas do mar...

A construção dos molhes norte e sul, que definiram a barra como a conhecemos hoje, ainda demoraram cerca de 40 anos: os molhes exteriores  do  porto comercial foram construídos entre 1960 e 1966Com os molhes veio o aumento da praia da Figueira. Nada que não se previsse, pois tinha sido estudadoJá em 1958, antes do início das obras dos molhes, o LNEC  antevia  o  que posteriormente se veio a comprovar: o enorme  aumento  da  praia  da Figueira da Foz devido à construção do molhe norte, uma vez que funciona como uma barreira ao forte transporte de areias que se faz sentir ao longo da costa de norte para sul.   
O excessivo crescimento da praia de banhos da Figueira, em todas as soluções ensaiadas, tornou-se altamente prejudicial à manutenção de boas profundidades no canal da barra, referindo-se que “no caso da Figueira da Foz, qualquer canal que venha a ser dragado, e de que resulte uma secção molhada muito superior à que actualmente existe, não se manterá logo que as areias comecem a contornar o molhe norte".
Este  fenómeno  de  assoreamento  do  estuário  é  facilmente  compreendido através  da análise  da  passagem  de  areias  que  ocorre  da  praia  a  norte para a  praia  a  sul  do  rio Mondego e pela explicação de como se forma o banco da barra  (banco de areia que se forma em frente à Foz do rio Mondego, altamente prejudicial para a navegabilidade do porto)
Passagem de areias de norte para sul do rio
Na enchente as areias entram dentro do estuário donde são em parte ou na totalidade  expelidas  na  vazante  para  fora  do  estuário  depositando-se  a uma distância  maior  ou  menor  consoante  o  coeficiente  da  maré  e  a amplitude  da vaga. Só após o banco da barra ter atingido uma certa cota é que se começa a dar a passagem para as praias a sul. Neste caso, as areias expelidas pela vazante para o banco da barra caminham sob a acção das correntes de maré e da vaga para a praia a sul.
Uma  vez  que  a  areia  tenha  contornado  a  testa  do  molhe  norte começará a caminhar  ao longo  da  face  interior  do  molhe. Forma-se, assim, um princípio de cabedelo  que  se  vai  pouco a  pouco  desenvolvendo  até  que as correntes de vazante começam a erodi-lo e a transportar o material arrancado para fora das testas do molhes depositando-o na zona do futuro banco da barra.

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