sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

"Soares é fixe": em 2024, na Figueira, ninguém se vai esquecer de Mário Soares

Mário Soares, de seu nome completo Mário Alberto Nobre Lopes Soares, nasceu em Lisboa, em 7 de Dezembro de 1924, filho de João Lopes Soares, professor, pedagogo e político da Iª República, e de Elisa Nobre Soares. Casou com Maria de Jesus Simões Barroso Soares em 1949, falecida em 7 de julho de 2015. Tiveram dois filhos, Isabel Soares, psicóloga e directora do Colégio Moderno, e João Soares, advogado e deputado à Assembleia da República, e cinco netos - Inês, Mafalda, Mário, Jonas e Lilah. Faleceu no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, às 15:28 do dia 7 de Janeiro de 2017.
As comemorações do centenário do nascimento de Mário Soares, na Figueira, tiveram ontem início com a inauguração da exposição de fotografia “Mário Soares – 100 Anos, 100 Fotografias – Democracia”, de Alfredo Cunha, no Centro de Artes e Espetáculos, e uma declamação de poesia e dança. 
O programa vai prolongar-se até dezembro de 2024, com um conjunto de actividades e mostras documentais e fotográficas, atravessando as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974. 
Na sessão inaugural, o presidente da Câmara da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes, sublinhou que Mário Soares (fundador e primeiro líder do PS, opositor ao regime de Salazar/Caetano, após o 25 de Abril de 1974, ministro dos negócios estrangeiros, primeiro-ministro - entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, Presidente da República entre 1986 e 1996) foi um líder marcante, com a democracia “nas entranhas” e uma grande capacidade de lutar sem preconceitos nem vaidades. 
“No tempo em que vivemos precisamos de inalar exemplos destes para podermos ter força para lidar com este mundo complicado em que vivemos”, disse ainda Santana Lopes.
No evento de ontem, participaram também os socialistas Carlos Beja e António Campos. Para Carlos Beja, amigo do homenageado, Portugal “teve a sorte de a seguir ao 25 de Abril de 1974 ter um homem com a visão política e o conhecimento do mundo de Mário Soares”. Para António Campos, também fundador do PS, deve-se a Mário Soares “a liderança e capacidade para segurar e consolidar a democracia” no país. 

"O programa das comemorações dos 100 anos do nascimento de Mário Soares será retomado a 21 de março. É o Dia Mundial da Poesia, que o Município da Figueira da Foz assinala com os “poemas de vida de Mário Soares”, por António Durães, acompanhado ao piano por Luís Pipa, no CAE. 
Abril é o mês da conquista da liberdade em Portugal e o início do processo democrático do país. Mário Soares, opositor ao regime totalitário do Estado Novo, não podia ser esquecido. No dia 18, as 5ªas de Leitura, com David Castaño, realizam-se sob o signo “Mário Soares e a revolução”. No dia 20 do mesmo mês e no mesmo local, realiza-se um colóquio sobre Mário Soares, com a participação de Santana Lopes, António Campos, António Valdemar, Fernando Rosas, Carlos Ascenso André e Jaime Gama (este sujeito a confirmação). 
No dia 25 de abril, o município figueirense assinala os 50 anos da Revolução dos Cravos com o concerto Sin+fonia pela Paz, no CAE. 
Estão ainda agendados eventos para 11 de junho, 1 e 22 de outubro, 23 de novembro (colóquio com Santana Lopes, António Campos, António Valdemar, Carlos Gaspar, José Luís Cardoso, e Mota Amaral (este, a confirmar) e 3 de dezembro."

Em Dezembro de 2016, estava Mário Soares internado no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, a jornalista Maria Elisa que entrevistou muitas vezes o antigo Presidente da República, deu um testemunho emocionado sobre o papel de Soares na história da Democracia portuguesa. 
Disse aos jornalistas: “tenho medo que as gerações mais novas não percebam o quão importante foi Mário Soares”.
No Portugal de hoje, em que os cidadãos têm medo do futuro, talvez esse seja o ponto mais relevante desta iniciativa de Pedro Santana Lopes: relembrar o enorme contributo de Mário Soares para o Portugal em que vivemos em 2023.

Era eu muito novo, alguém me disse que "velhice é posto".
Agora que cheguei, confirmo: é um posto, mas muito ingrato.
Sem me vangloriar disso, sou do tempo: 
- do Salazar. - do Marcelo Caetano. - do Palma Carlos. - do Vasco Gonçalves. - do Pinheiro de Azevedo. - do Sá Carneiro. - do Pinto Balsemão. - do Ramalho Eanes. - do Sócrates. - do Passos Coelho. - do António Costa - do Toni de Matos. - do António Calvário. - do Artur Garcia. - da Madalena Iglésias. - da Simone de Oliveira. - da Shirley Bassey... 
- do escudo. - dos surtos de cólera. - dos chiqueiros e esgotos a céu aberto. - dos filmes e livros proibidos. - da guerra colonial. - das barracas nas dunas da Cova . - da miséria. - da fome. - do pé descalço.
- em que se morria por falta de cuidados médicos. - do trabalho escravo, no mar e em terra. - da obrigatoriedade da disciplina de Religião e Moral no ensino secundário...
- do 25 de Abril de 1974.
E, também, sou do tempo de Mário Soares. 
O 25 de Abril de 1974 permite que ande por aqui.
A  nossa Pátria, em oito séculos de história, portou-se quase sempre mal com as suas gentes.
Reconheçamo-lo...
Quem somos nós para o contestar?..
Nos dias que passam, a injustiça, o silêncio, o medo e a fome  aumentam neste velho País.
Sente-se e, por vezes, ouve-se,  aqui e ali, um soluço que risca o frio muro da tristeza – o que, mesmo para gente com muita lata, mas pouca vergonha, não deixa de causar incómodo.
Mas, o pano de fundo é desolador: Portugal, quase moribundo e arfante, parece estar a morrer devagar.

"Soares é fixe". Continue, pois, a comemorar-se Mário Soares, que desde o dia 24 de Junho de 2010, uma quinta-feira, pelas 12h00, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, tem a Chave de Honra da Cidade da Figueira da Foz.

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