Vasco Gonçalves, um Homem do Futuro |
Para Carlos Moeda há duas espécies de munícipes: "há munícipes como os outros e há munícipes que levam a coisa preparada..."
Carlos Moeda, numa entrevista dada em 10 do corrente:
Pergunta do jornalista: "Durante o seu primeiro mandato também está convencido que vai conseguir fazer a estátua ou o busto de Vasco Gonçalves?"
Resposta de Carlos Moeda: "Estávamos a falar de reuniões de câmara e todos nós somos humanos. Gosto e sempre gostei de ser agradável com as pessoas e ao fim de dez horas chega um senhor e confesso, com toda a humildade, que já estava cansado e disse-lhe um sim e que falasse com os meus assessores. Não faz nenhum sentido fazer em Lisboa, por todas as razões e por todos nós - ainda era muito novo, mas todos vivemos esse período -, qualquer estátua ou qualquer busto de Vasco Gonçalves. Isso é algo que acontece quando somos humanos e sobretudo quando estas coisas são também preparadas pela própria oposição. Ou seja, estava ali a ouvir os munícipes e aquele não era um munícipe como os outros, era um munícipe que trazia a coisa preparada."
Já agora, vou lembrar quem é, para mim, Vasco Gonçalves.
Um Homem Honesto e de Verdade. Um homem a quem tem de se reconhecer, além da honestidade, boa-fé.
Lutador incansável pelas causas justas da Humanidade, depois do 25 de Abril de 1974 integrou o Conselho da Revolução e assumiu o cargo de primeiro-ministro entre o segundo e quinto governos provisórios, tendo promulgado e defendido algumas das medidas mais marcantes do período revolucionário: um ordenado mínimo que beneficiou 60% dos trabalhadores, a nacionalização da banca e de empresas; a reforma agrária, o subsídio de desemprego, o subsídio de Natal para reformados e pensionistas, a lei sindical, o direito de manifestação e concentração entre outras.
Nos primeiro anos pós 25 de Abril de 1974, os direitos e conquistas sociais impulsionados pela acção colectiva dos trabalhadores foram legitimados pelos Governos de Vasco Gonçalves. Por exemplo, o subsídio de desemprego, para a vida de muitos milhares de portugueses em situações sociais desesperantes, continua a ser, face ao persistente desemprego, o único e magro provento com que contam, resultado dos seus descontos e não, como os propagandistas neoliberais querem fazer crer, benesses do estado ou destemperamento orçamental.
Nos primeiro anos pós 25 de Abril de 1974, os direitos e conquistas sociais impulsionados pela acção colectiva dos trabalhadores foram legitimados pelos Governos de Vasco Gonçalves. Por exemplo, o subsídio de desemprego, para a vida de muitos milhares de portugueses em situações sociais desesperantes, continua a ser, face ao persistente desemprego, o único e magro provento com que contam, resultado dos seus descontos e não, como os propagandistas neoliberais querem fazer crer, benesses do estado ou destemperamento orçamental.
Esta medida, em 2023, pode ser avaliada, simultaneamente, por duas maneiras: é encarado naturalmente, como o ar que se respira, como se não tivesse história, por grande parte da população; e é alvo dos maiores ataques (no limite: para o liquidar) por parte dos partidos da burguesia.
Vasco Gonçalves, sofreu injúrias, foi sujeito a intimidações e ultimatos, mas nunca abandonou os ideais do socialismo, nunca traiu os que nele confiaram, nunca desistiu de lutar pelas transformações políticas, económicas, sociais e culturais que tirassem Portugal dos atrasos acumulados em meio século de ditadura fascista e treze anos de guerras coloniais. O ódio dos capitalistas e latifundiários contra a revolução, visava particularmente Vasco Gonçalves. Não lhe perdoavam o ser coerente e corajoso.
Contudo, foi sempre um homem de coragem e de grande carácter.
A humanidade de Vasco Gonçalves, os valores éticos que abraçava, a disciplina revolucionária que orientou sempre a sua acção.
Em 25 de Abril de 1974, o então coronel de engenharia Vasco Gonçalves realizou um dos objectivos de vida: participou activamente no derrubamento da ditadura fascista.
O que tornou o General um Homem mais feliz e realizado: «Se não tivesse participado no 25 de Abril, se a queda do fascismo me passasse ao lado, ficaria com um desgosto para toda a vida».
O Futuro passa, a meu ver, por continuar a manter abertas as portas que Abril abriu. Por elas passa a libertação do Homem.
Tal como Vasco Gonçalves, «o futuro com que sonhei não é cada vez mais saudade, é, sim, cada vez mais, necessidade imperiosa. Assim o povo o compreenda».
Penso que Carlos Moedas, filho do velho Zé Moedas, um comunista respeitadíssimo na terra, cofundador do "Diário do Alentejo" e uma espécie de lenda viva na cidade, nunca nadou nas mesmas águas políticas do pai e jamais quererá ir por aí... Portanto, porque carga de água estaria disponível para colaborar na homenagem a Vasco Gonçalves?
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