No passado dia 10, escrevi numa postagem no OUTRA MARGEM: "os especialistas em comunicação política sabem que uma campanha se faz sobretudo para a imagem. Fonte principal de informação dos cidadãos, é muitas vezes em função do que passa a televisão que se pode decidir um voto. É hoje perfeitamente aceite que a principal fonte de informação dos cidadãos é a televisão".
Decorreram poucas horas sobre o debate que colocou frente a frente António Costa e Rui Rio e a citação que fiz não podia estar mais actual. O frente a frente entre as primeiras figuras do PS e do PSD foi a constatação de algo que costumamos ouvir, mas que poucos sabem definir: o sistema.
Não o sistema da cassete do Ventura: "O Rendimento Mínimo". "Os ciganos". "Os polícias que são agredidos todos os dias". "Os ciganos". "O salário dos políticos". "Os ciganos". "Andamos todos a trabalhar para pagar a quem não quer fazer nada". "Os ciganos". "Os refugiados de telemóvel na mão". "Os ciganos". "A corrupção". "Os ciganos". "A castração química". "Os ciganos". "O número de deputados". "Os ciganos". "A pena de morte". "Os ciganos", mas o verdadeiro sistema.
Desde logo: se todos os debates duraram 25 minutos, porque é que este mereceu tratamento especial e se prolongou por 1 hora, 18 minutos e 31 segundos?
António Costa ou Rui Rio, herdeiros políticos de dois partidos que governam Portugal há mais de 40 anos, têm alguma coisa de diferente, inovadora, ou melhor, como propostas de governação para apresentar?
António Costa são mehores políticos e melhores governantes?
Na minha opinião, não.
Foi assim, porque as televisões podem. Foi assim, porque o sistema determina que não pode ser de outra maneira. Foi asssim, porque o sistema não permite que haja alternativa ao centrão. Foi assim, porque a manutenção deste sistema bi-partidário depende deste "status quo".
Isto é o sistema, que não é mais que a manutenção da "ditadura" dos poderosos, para que tudo se mantenha na mesma.
Fundamental para o sistema instalado, é preservar os interesses das clientelas comuns ao PS e ao PSD.
Numa democracia a sério, todos (até aqueles cujo objectivo é atentar contra a democracia) teriam, à partida, as mesmas armas, condições e oportunidades.
O privilégio, isto é, as vantagens concedidas a alguém, em detrimento, desfavor e com prejuízo de outros, é a negação da democracia.
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